sábado, 21 de setembro de 2013

Pessoas doces




Você já percebeu como é fato comum, corriqueiro mesmo, taxarmos algumas pessoas como doces?
É do linguajar coloquial dizermos que fulano é um doce de pessoa ou, ainda, que beltrano é uma doçura.
Se analisarmos literalmente a expressão, nos parece um tanto estranho que alguém possa nos causar a impressão de ser doce.
Porém, talvez mais surpreendente seja o fato de que, ao ouvirmos essa colocação a respeito dessa ou daquela pessoa, muitas vezes concordamos e logo entendemos a lógica de tal colocação.
Mas, de onde nasce a doçura de alguém? Como nos tornamos doces ou como provocamos essa impressão de doçura naqueles com quem nos relacionamos?
Na verdade, a doçura é a maneira simples, popular, descontraída, de avaliarmos a delicadeza do comportamento, a pureza do sentimento ou mesmo a preocupação da ação em relação ao próximo.
Pessoas doces são aquelas para as quais a preocupação com o semelhante, com o seu bem-estar, com seus sentimentos e dificuldades sempre estão presentes.
A doçura está, muitas vezes, no silêncio de um olhar, na expressividade de um toque, na singeleza de um breve bilhete cheio de significado.
A doçura não é ação premeditada, muito menos roteiro a ser seguido. É apenas o reflexo dos valores da alma, que se externalizam em ações de bondade e carinho para com o próximo.
Pessoas doces simplesmente são. Desconhecem, quase sempre, que suas atitudes conseguem adoçar vidas, alegrar dias, suavizar dores.
Oferecem ao próximo aquilo que já conquistaram, presenteando todos com quem se relacionam, com sua afabilidade e doçura.
Para aqueles de nós que ainda não conquistamos tal virtude, servem-nos elas de exemplo e referência no trato pessoal.
Não raro expressamos nosso azedume, ou nos tornamos espinhos no trato com o próximo e, inúmeras outras vezes, deixamos apenas um sabor amargo junto àqueles com quem nos relacionamos.
Porém, mudar os sabores com que temperamos nossos dias é uma questão de escolha e decisão pessoal.
Coloquemo-nos no lugar daquele ao qual dirigimos palavras que destilam fel.
Imaginemos o sentimento de alguém, após ter ouvido de nós palavras duras e amargas.
Por certo, não desejaríamos receber tal carga de emotividade negativa.
Então, por coerência, não devemos ser portadores delas.
*   *   *
Se admiramos a doçura daqueles que nos fazem os dias mais leves e alegres, busquemos modificar o paladar de nossas ações.
Exercitemos a gentileza, a indulgência, a benevolência e o perdão para com o próximo.
Busquemos ser o apoio e a compreensão, aceitando o outro, com as dificuldades naturais que ele ainda traz no seu mundo íntimo.
São esses sentimentos que, no exercício do relacionamento social, provocam doces impressões naquele que conosco convive.
E assim, compreendendo e aceitando-nos uns aos outros, os dias serão mais doces e suaves para todos nós.
 Redação do Momento Espírita.
Em 6.9.2013.



Recado de Deus




Aqueles que dispõem da visão perfeita, com certeza não podem avaliar a preciosidade que é ter noção de espaço, distâncias, cores - tudo o que os olhos oferecem todos os dias.
Por isso, ouvir o depoimento de uma senhora novaiorquina, cega, que mora sozinha, é oportuno.
Durante todo o inverno ela ficou dentro de casa a maior parte do tempo. Naquele dia de final de abril, a friagem amenizou e ela sentiu o perfume forte e estimulante da primavera.
Seus ouvidos escutaram o canto insistente de um passarinho do lado de fora da janela. Era como se a pequena ave a estivesse convidando a sair de casa.
Preparou-se, tomou a bengala e saiu. Voltou o rosto para o sol, deu-lhe um sorriso de boas-vindas, agradecida pelo seu calor e a promessa do verão.
Caminhando tranquila pela rua sem saída, escutou a voz da vizinha a lhe perguntar se não desejava uma carona.
Não, respondeu ela. As minhas pernas descansaram o inverno inteiro. As juntas estão precisando ser lubrificadas e um passeio a pé me fará bem.
Ao chegar na esquina ela esperou, como era seu costume, que alguém se aproximasse e permitisse que ela o acompanhasse, quando o sinal ficasse verde.
Os segundos pareceram uma eternidade. E ninguém aparecia. Nenhuma oferta de ajuda. Ela podia ouvir muito bem o ruído nervoso dos carros passando com rapidez, como se tivessem que conduzir os seus ocupantes a algum lugar, muito, muito depressa.
Por um momento se sentiu só, desprotegida. Resolveu cantarolar uma melodia. Do fundo da memória, recordou-se de uma canção de boas-vindas à primavera, que havia aprendido na escola quando era criança.
De repente, ela ouviu uma voz masculina forte e bem modulada.
Você me parece um ser humano muito alegre. Posso ter o prazer de sua companhia para atravessar a rua?
Ela acenou afirmativamente com a cabeça, sorriu e murmurou ao mesmo tempo um sim.
Delicadamente, ele segurou o braço dela. Enquanto atravessavam devagar, conversaram sobre o tempo e como era bom, afinal, estar vivo num dia daqueles.
Como andavam no mesmo passo, era difícil se saber quem era o guia e quem era o guiado. Mal haviam chegado ao outro lado da rua, ouviram as buzinas impacientes dos automóveis. Devia ser a mudança de sinal.
Ela se voltou para o cavalheiro, abriu a boca para agradecer pela ajuda e pela companhia.
Antes que pudesse dizer uma palavra, ele já estava falando:
Não sei se você percebe como é gratificante encontrar uma pessoa tão bem disposta para acompanhar um cego como eu, na travessia de uma rua.
*   *   *
Às vezes, quando nos sentimos sós no Universo, Deus nos manda uma imagem semelhante para diminuir nossa sensação de isolamento e disparidade.
É sempre reconfortante conseguir perceber que, sejam quais forem as dificuldades e limitações que estejamos atravessando, sobre a Terra, existem outras tantas dezenas ou centenas de criaturas que, como nós, passam por situações semelhantes.
E, o mais importante, lutam e vencem. É a mensagem viva de bom ânimo da Divindade para as nossas próprias vidas.

Redação do Momento Espírita, com base no livro
Pequenos milagres, de Yitta Halberstam e Judith Leventhal,
ed. Sextante.
Em 5.9.2013.


quarta-feira, 11 de setembro de 2013

O benefício dos sonhos




Ao nos enviar ao planeta Terra, a fim de que, ingressando na carne, trilhássemos a via do progresso, até alcançarmos as estrelas, Deus foi extremamente sábio e bom.
Profundamente conhecedor dos Seus filhos, estabeleceu que, a cada noite, o repouso nos fosse exigido e mergulhássemos no sono.
O sono é imprescindível para o equilíbrio da vida orgânica. A sua privação estabelece problemas de variada ordem: fadiga, diminuição dos reflexos, sonolência, envelhecimento precoce, queda da imunidade, dificuldade de concentração e problemas de memória.
Importante para o refazimento orgânico, o restabelecimento de energias e o reequilíbrio das funções que acionam o corpo.
Mas, algo especial acontece, quando dormimos. O corpo adormece e, nesse momento, ocorre a emancipação da alma.
Ou seja, afrouxam-se os liames que atam o Espírito à matéria, e ele se desprende, parcialmente, rumando para os lugares de sua predileção.
Quando retorna ao corpo, as lembranças que o Espírito imprima ao cérebro físico, se constitui no que denominamos sonho.
Durante o sono, podemos viajar com os seres amados, que reencontramos além da cortina carnal.
Poderemos ir a lugares conhecidos, estabelecendo essa admirável comunicação entre os que nos encontramos estagiando na carne e os que se encontram libertos do corpo físico.
Quando temos aspirações nobres, nossas horas de sono podem ser aproveitadas para engrandecimento dos ideais, amadurecimento dessas aspirações, enriquecimento dos planos do bem.
Também podemos receber aconselhamentos de Espíritos amigos.
João Carlos Martins, o famoso pianista e maestro, conta uma singular experiência. Numa fase em que precisara abandonar o piano, sua paixão, desde menino, teve um encontro especial durante o sono.
Um querido amigo, o maestro Eleazar de Carvalho, desencarnado no ano de 1996, lhe disse:
Venha estudar regência e, então, você vai poder recomeçar uma nova vida.
Não foi preciso nada mais. João Carlos decidiu que iria estudar regência. E, em plena madrugada, traçou planos: a regência seria uma missão de vida.
Seria seu prazer pessoal, mas também iniciaria uma cruzada pela valorização dos músicos profissionais.
Mais ainda: atuaria a favor da inclusão social, trabalhando com a formação musical de jovens carentes.
Era o final de 2003. Ele tinha sessenta e três anos. E começou, no dia seguinte, uma nova vida.
Graças a isso, nasceu a Orquestra Bachiana Filarmônica, única no Brasil inteiramente mantida pela iniciativa privada e pela bilheteria dos concertos.
Foi a volta do amante da arte aos palcos. Sua grande dedicação e esforço lhe permitiram que, seis meses depois, estivesse à frente da English Chamber Orquestra, em Londres, gravando os seis concertos de Brandemburgo, de Bach.
João Carlos não conseguia virar as páginas, nem segurar a batuta direito. Memorizou toda a obra para o sucesso da gravação.
*   *   *
Sonhos... Como é grande o amor de Deus permitindo esses belos encontros espirituais.

Redação do Momento Espírita, com dados extraídos do livro A
saga das mãos, de João Carlos Martins e Luciano Nassar, ed.
Campus/Elsevier.
Em 7.9.2013.


Mantendo a alegria de viver




Eles sobreviveram a duas guerras mundiais. Assistiram aos cenários de mais de uma revolução. Ouviram as notícias do erguimento do muro de Berlim e assistiram à sua derrubada.
Tiveram as noites da infância iluminadas por velas e lampiões e aderiram, de forma rápida, à invenção de Thomas Alva Edison.
Viram os tostões darem lugar a uma nova moeda, que modificou sua denominação e seu valor várias vezes.
Viajaram em lombo de mulas, carroças, carruagens e se surpreenderam com o Ford Bigode de Henry Ford.
Lembram de Yuri Gagarin, o russo solitário no espaço, e da emoção da chegada do homem à lua.
Do radinho simples, que era o elo de comunicação com o mundo, receberam a televisão como a grande novidade e, ao mesmo tempo, uma companhia para as horas solitárias.
Das rodas de amigos, em torno do mate, do chimarrão, do café da tarde ou do chá das cinco, migraram para o teclado do computador, até horas mortas da madrugada.
Alguns os veem como quem já viveu tudo e nada mais aguardam. Contudo, essas pessoas que trazem o rosto coberto de rugas, que são depositárias da história e têm muitos causos para contar, são uma lição viva de alegria de viver.
Eles mantêm a vontade de sorrir, acreditando que o bom humor faz bem para o corpo e para a alma. Encaram a vida de frente e enfrentam os problemas que surgem.
Desejam viver, embora alguns já tenham ultrapassado o centenário. Num mundo onde a juventude é sinônimo de beleza, eles trazem brilho no olhar.
As rugas, que tecem arabescos no rosto, são as marcas de uma vida bem vivida. Cada uma delas conta uma história de dor, de alegria, de superação.
Uma história de quem sofreu o devastar dos ventos da adversidade, mas soube se reerguer depois da tormenta.
História de quem esteve inúmeras vezes nos aeroportos da vida, recebendo novas gerações e despedindo-se de amores, de amigos, de companheiros de jornada.
Partidas e chegadas. E foram tantas...
Uns se apresentam com a memória mais ágil que outros. Alguns são portadores de certas limitações físicas. De um modo geral, apresentam dores nas articulações ou problemas de audição, de visão.
Mas não permitem que se instale a depressão em seu estado de espírito. Agasalham entusiasmo pela vida.
E tecem planos para os dias futuros.
O pai do conhecido maestro João Carlos Martins iniciou sua vida como escritor aos oitenta e seis anos.
Legou à posteridade sete livros. O último livro que escreveu, aos cento e um anos, causou tal impacto que o Guinness book o registrou na condição de escritor que iniciou a carreira com a idade mais avançada.
Desencarnou aos cento e dois anos.
*   *   *
Esses idosos de sorriso aberto, de esperanças ainda em flor, nos são exemplos.
Esses idosos que não se permitem o staccato pelas décadas acumuladas nos ombros, nos dizem que somente é infeliz quem maldiz a própria idade e a culpa por todos os seus fracassos.
Eles nos dizem que a vida é um bem extraordinário e deve ser vivida em toda sua essência e substância. Deve ser sorvida, até a última gota, até o último amanhecer...
Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita.
Em 2.9.2013.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

O Relógio do Coração





Nem sempre escutamos o relógio do coração...
Ele marca um tempo diferente do relógio que carregamos no pulso, no móvel do quarto ou na parede da sala.
O relógio do coração marca os acontecimentos que foram registrados pelos nossos sentimentos, por nossas emoções e muitos deles se eternizam ante o significado profundo que imprimem em nossas vidas...
As horas não são determinadas pelas convenções de ser dia ou noite como os relógios comuns, porque alguns fatos e vivências demoram mais em seus registros, outros permanecem apenas alguns segundos e outros se perdem na voragem do tempo sem que pudéssemos avaliar sua duração real.
Quando amamos alguém, as horas vivenciadas juntos passam céleres com minutos apressados enquanto as ausências são eternas e aumentam a ansiedade e o desejo do reencontro.
Quando alguém parte em definitivo para o outro lado da vida, a saudade tem a duração da eternidade e a dor lacera sem podermos contar os longos dias, as horas de solidão porque vão se estendendo além da nossa capacidade de avaliar o tempo...
O relógio do coração não discrimina pessoas nem acontecimentos, porque seu tempo é proporcional ao valor que determinamos ao sentir a presença do outro ou a viver o momento agradável ou inoportuno...
Por isso, quando alguém se aproxima de nós e permanece ao nosso lado, motivando alegrias, apoio, solidariedade, compaixão e amor, não percebemos quanto tempo nosso coração registrou, apenas sentimos que foi breve a comunhão de nossas almas, deixando marcas de sua presença para sempre...
Você já percebeu que o seu coração marca as horas vividas de forma diferente?
Se ainda não, faça uma reflexão à respeito dos momentos que tem vivenciado nos últimos tempos e procure avaliar se a duração é a mesma ou se há variações de acordo com os protagonistas dos acontecimentos e quais pessoas deixaram neste relógio o registro das horas bem vividas.
As que não deixaram sinais de sua passagem não merecem o esforço de serem recordadas, mas aquelas marcaram com seus gestos os momentos de prazer e os de sofrimento, que sinalizaram com afeto e compreensão as horas em que você precisou de alguém que o ajudasse a vencer as dificuldades...
Estas sim merecem ser eternizadas no relógio do seu coração!
Procuro ser pontual e gentil, não atrasando aos encontros marcados pelo relógio do tempo, entretanto, dou mais valor aos registros do meu coração e procuro avaliar se é oportuno prosseguir ou alterar os relacionamentos e as atitudes na vida.
Costumo acertar, entretanto, o mais importante é lubrificar o relógio do coração com o óleo da generosidade e do perdão para que ele ande sempre em dia e seja pontual em relação à vida e ao meu desejo de ser feliz!

Do livro de Lucy Dias/Gotas de Otimismo

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

O naufrágio de muitos internautas




Alice estava desnorteada, e encontrando um gato sentado sobre o galho de uma árvore, perguntou-lhe:
O senhor poderia me dizer, por favor, qual o caminho tomar para sair daqui?
Isso depende muito de onde você quer ir... – Respondeu o gato com um sorriso enigmático de orelha a orelha.
Não me importa muito para onde... – Afirmou Alice.
O felino sentenciou: Então não importa o caminho que você escolher. Para quem não sabe para onde ir, qualquer caminho serve.
*   *   *
Nesses tempos de informações abundantes, de possibilidades infinitas, de tecnologia surpreendente, fazem-se necessários alguns cuidados.
Cada dia fala-se mais e mais, sobre a triunfal entrada da Humanidade na era do conhecimento.
Exalta-se a capacidade humana de estar vivendo, a partir deste momento, um período no qual o conhecimento será a primeira riqueza.
Tudo é fonte para o conhecimento, e a principal delas é a internet.
É neste ponto que precisamos ir devagar com as coisas.
Não se deve confundir informação com conhecimento.
A internet, dentre as mídias contemporâneas, é a mais fantástica e estupenda ferramenta para acesso à informação.
No entanto, transformar informação em conhecimento exige, antes de tudo, critérios de escolha e seleção, dado que o conhecimento – ao contrário da informação – não é cumulativo, mas seletivo.
Seria como alguém que entra numa dessas grandes livrarias, sem saber muito bem o que deseja.
Corre o risco de entrar em pânico, tendo a sensação de débito intelectual, sem ter clareza de por onde começar e imaginando que precisa ler tudo aquilo.
Faz-se fundamental o critério, isto é, saber o que se procura, para poder escolher, em função da finalidade que se tenha.
Os computadores e a internet têm um caráter ferramental que não pode ser esquecido.
Ferramenta não tem objetivo em si mesmo. É instrumento para outra coisa, para outro fim.
O critério, o equilíbrio nos permitirão, assim, poder utilizar desse ferramental com sabedoria, na dosagem certa, no momento adequado.
Sem critérios seletivos, muitos ficam sufocados por uma ânsia precária de ler tudo, acessar tudo, ouvir tudo, assistir tudo.
Esquecem-se de se perguntar: Eu quero isso para mim? Eu preciso disso? Para que serve? Aonde desejo ir?
Nos tempos de hoje, se não formos muito cuidadosos, corremos o risco de navegar na internet, e naufragar.
Sêneca, sabiamente, já havia dito, que nenhum vento é a favor, para quem não sabe para onde ir.
*  *  *
David Hume, afirmava: Por conhecimento, entendo a certeza que nasce da comparação de ideias.
Para que nasça o conhecimento é necessário pensar, comparar, conectar ideias.
Nenhuma informação poderá ser tomada por verdade, por conhecimento, antes de amadurecer dentro da alma humana.
Sabedoria não se transmite. É preciso que nós mesmos a descubramos depois de uma caminhada que ninguém pode fazer em nosso lugar.

Redação do Momento Espírita com base no texto O naufrágio de
muitos internautas, do livro Não nascemos prontos – provocações
filosóficas, de Mario Sergio Cortella, ed Vozes.
Em 20.8.2013.

O hospital do Senhor




Uma pessoa que não estava se sentindo bem, há algum tempo, fez a seguinte declaração:
Todo ano faço um check-up para avaliação de minhas condições de saúde. Um dia desses, resolvi fazer um exame diferente e fui a um hospital muito especial: o hospital do Senhor.
Queixei-me de cansaço da vida, de dores nas juntas envelhecidas. Falei do coração descompassado pelas muitas preocupações e da carga de obrigações que me competem.
Logo que cheguei minha pressão foi medida e foi verificado que estava baixa de ternura.
Recordei que há muito tempo não estou fazendo exercícios nessa área. Havia esquecido da necessidade de expressar carinho com gestos pequenos, mas muito importantes.
Quando foi tomada minha temperatura, o registro foi de 40 graus de egoísmo. Então me lembrei de como estou guardando coisas e mais coisas, sem dar nada a ninguém, mesmo quando campanhas fazem apelos pela televisão, rádio, jornais.
Sempre achei que alguém daria o suficiente e que eu não precisava fazer nada.
Fiz um eletrocardiograma e o diagnóstico registrou que estou precisando de uma ponte de amor. As veias estão bloqueadas por não ter sido abastecido o coração vazio.
Ortopedicamente foi constatado que estou com dificuldade de andar ao lado de alguém. É que tenho preferido andar a sós. Caminho mais rápido, sem que ninguém me atrase.
Também foi observado que não consigo abraçar os irmãos por ter fraturado o braço, ao tropeçar na minha vaidade.
Nos olhos foi registrada miopia. Isto porque não consigo enxergar além das aparências.
Examinada a audição, reclamei que não estava ouvindo a voz do Senhor e o diagnóstico foi de bloqueio em decorrência de uma enxurrada de palavras ocas do dia a dia.
A consulta não custou nada. Fui medicado e recebi alta. A receita que recebi foi para usar somente remédios naturais que se encontram no receituário do Evangelho de Jesus Cristo.
Ao levantar, deverei tomar um chá de Obrigado, Senhor para melhorar as questões referentes à gratidão. Ao entrar no trabalho, uma colher de Bom dia, amigo.
De hora em hora, não posso me esquecer de tomar um comprimido de paciência, com meio copo de humildade.
Ao chegar em casa, será preciso tomar uma injeção de amor para melhorar a dificuldade de relacionamento familiar. Toda noite, antes de deitar, duas cápsulas de consciência tranquila para que eu tenha um sono reparador.
Foi-me dada a certeza de que se seguir à risca toda a prescrição médica, não ficarei doente e todos os meus dias serão de felicidade.
O tratamento tem também um caráter preventivo. Assim, somente deverei morrer, por morte natural e não antes do tempo determinado.
*   *   *
O Evangelho pode ser considerado como a própria voz do Cristo a falar aos corações, chamando, chamando e conduzindo.
O Evangelho corporifica na Terra a palavra de Jesus. É Ele mesmo que Se apresenta de retorno, tomando os filhos e filhas da dor em Seus amorosos braços a fim de os conduzir para a luz gloriosa da verdade.
Como há mais de dois mil anos, Jesus prossegue, através do Evangelho, a estender a esperança e o amor sobre toda a Terra, para todos os corações.

Redação do Momento Espírita, com base em texto de
autoria ignorada.
Em 19.8.2013.

Herói de todo dia




Já percebeu que nas histórias em quadrinhos e nos desenhos animados o herói está sempre disposto a salvar, a ajudar, a socorrer?
Nessas histórias, o personagem herói é sempre incansável, não mede esforços para ajudar, e é capaz de esquecer das suas vontades e desejos quando precisa agir.
Porém, você se deu conta de que esses heróis também existem no mundo real? Já conseguiu perceber que a vida está repleta desses grandes heróis?
Como alguns heróis dos quadrinhos, esses também, que encontramos no nosso cotidiano, não fazem questão da fama e do sucesso. Eles preferem o prazer do anonimato, onde a glória e a fama são plenamente substituídas pelo sentimento do dever cumprido.
São heróis nossos de cada dia, todos aqueles capazes de chegar ao lar, após um dia intenso, onde o peso do mundo parece descer sobre os ombros, e ainda ter disposição para brincar de pega-pega ou de cavalinho, com os pequenos que os esperam ansiosos.
Não há como não chamar de heróis aqueles capazes de deixar de lado relatórios, e-mails e trabalhos, abrindo mão dos compromissos profissionais levados para casa, somente para escutar as aventuras e sonhos do universo infantil.
É um heroísmo ser capaz de não perder a sensibilidade com as lutas da vida e os compromissos que se sucedem, e entender que o tempo gasto para responder sobre a cor do céu ou as dúvidas mais surpreendentes da vida não é perda de tempo, mas investimento na vida daquele que ama.
Esses heróis são capazes de ensinar com a leveza da alma e a firmeza do agir, sobre os valores da vida, sobre a honestidade, o respeito ao próximo e a retidão do caráter como indispensáveis para a vida.
E para nos ensinar essas coisas, como todo bom herói, esses não gostam do discurso, da frase feita ou do grande diálogo. Ensinam-nos pela melhor pedagogia: a do exemplo.
Nossos heróis anônimos são capazes de dar uma escapadinha da correria do cotidiano só para ver um jogo de bola, ou uma singela apresentação musical, ou uma declamação de poesia que seja... mesmo que ela tenha não mais que quatro versos.
Fazem não por eles, mas porque sabem que, para seus filhos, isso é muito importante.
E fazem tudo isso porque sabem que eles não são heróis feitos para salvar vidas. Eles entenderam, desde há muito, que Deus os fez heróis diferentes. São heróis que constroem vidas.
Por isso são capazes de achar importante as coisas mais simples, quando as coisas simples são importantes para seus filhos.
São capazes de esquecer seu cansaço, compromisso ou o seu lazer, para fazer do lazer dos filhos, o seu lazer.
Eles são heróis porque entendem que tudo isso que fazem hoje, talvez os filhos não entendam, nem consigam reconhecer e agradecer, mas um dia fará toda a diferença.
Eles, os nossos heróis, nunca se cansam e nunca desistem da sua poderosa missão. Isso porque dentro deles há um combustível mágico que os move, tão mágico que quanto mais eles usam, mais se multiplica: o combustível do amor.
E alguns de nós ainda temos a grande felicidade de chamar esses heróis por uma outra palavra: pai.

Redação do Momento Espírita.
Disponível no CD Momento Espírita, v. 19 e no livro
Momento Espírita, v. 9, ed. FEP.
Em 10.8.2013.