quarta-feira, 11 de setembro de 2013

O benefício dos sonhos




Ao nos enviar ao planeta Terra, a fim de que, ingressando na carne, trilhássemos a via do progresso, até alcançarmos as estrelas, Deus foi extremamente sábio e bom.
Profundamente conhecedor dos Seus filhos, estabeleceu que, a cada noite, o repouso nos fosse exigido e mergulhássemos no sono.
O sono é imprescindível para o equilíbrio da vida orgânica. A sua privação estabelece problemas de variada ordem: fadiga, diminuição dos reflexos, sonolência, envelhecimento precoce, queda da imunidade, dificuldade de concentração e problemas de memória.
Importante para o refazimento orgânico, o restabelecimento de energias e o reequilíbrio das funções que acionam o corpo.
Mas, algo especial acontece, quando dormimos. O corpo adormece e, nesse momento, ocorre a emancipação da alma.
Ou seja, afrouxam-se os liames que atam o Espírito à matéria, e ele se desprende, parcialmente, rumando para os lugares de sua predileção.
Quando retorna ao corpo, as lembranças que o Espírito imprima ao cérebro físico, se constitui no que denominamos sonho.
Durante o sono, podemos viajar com os seres amados, que reencontramos além da cortina carnal.
Poderemos ir a lugares conhecidos, estabelecendo essa admirável comunicação entre os que nos encontramos estagiando na carne e os que se encontram libertos do corpo físico.
Quando temos aspirações nobres, nossas horas de sono podem ser aproveitadas para engrandecimento dos ideais, amadurecimento dessas aspirações, enriquecimento dos planos do bem.
Também podemos receber aconselhamentos de Espíritos amigos.
João Carlos Martins, o famoso pianista e maestro, conta uma singular experiência. Numa fase em que precisara abandonar o piano, sua paixão, desde menino, teve um encontro especial durante o sono.
Um querido amigo, o maestro Eleazar de Carvalho, desencarnado no ano de 1996, lhe disse:
Venha estudar regência e, então, você vai poder recomeçar uma nova vida.
Não foi preciso nada mais. João Carlos decidiu que iria estudar regência. E, em plena madrugada, traçou planos: a regência seria uma missão de vida.
Seria seu prazer pessoal, mas também iniciaria uma cruzada pela valorização dos músicos profissionais.
Mais ainda: atuaria a favor da inclusão social, trabalhando com a formação musical de jovens carentes.
Era o final de 2003. Ele tinha sessenta e três anos. E começou, no dia seguinte, uma nova vida.
Graças a isso, nasceu a Orquestra Bachiana Filarmônica, única no Brasil inteiramente mantida pela iniciativa privada e pela bilheteria dos concertos.
Foi a volta do amante da arte aos palcos. Sua grande dedicação e esforço lhe permitiram que, seis meses depois, estivesse à frente da English Chamber Orquestra, em Londres, gravando os seis concertos de Brandemburgo, de Bach.
João Carlos não conseguia virar as páginas, nem segurar a batuta direito. Memorizou toda a obra para o sucesso da gravação.
*   *   *
Sonhos... Como é grande o amor de Deus permitindo esses belos encontros espirituais.

Redação do Momento Espírita, com dados extraídos do livro A
saga das mãos, de João Carlos Martins e Luciano Nassar, ed.
Campus/Elsevier.
Em 7.9.2013.


Mantendo a alegria de viver




Eles sobreviveram a duas guerras mundiais. Assistiram aos cenários de mais de uma revolução. Ouviram as notícias do erguimento do muro de Berlim e assistiram à sua derrubada.
Tiveram as noites da infância iluminadas por velas e lampiões e aderiram, de forma rápida, à invenção de Thomas Alva Edison.
Viram os tostões darem lugar a uma nova moeda, que modificou sua denominação e seu valor várias vezes.
Viajaram em lombo de mulas, carroças, carruagens e se surpreenderam com o Ford Bigode de Henry Ford.
Lembram de Yuri Gagarin, o russo solitário no espaço, e da emoção da chegada do homem à lua.
Do radinho simples, que era o elo de comunicação com o mundo, receberam a televisão como a grande novidade e, ao mesmo tempo, uma companhia para as horas solitárias.
Das rodas de amigos, em torno do mate, do chimarrão, do café da tarde ou do chá das cinco, migraram para o teclado do computador, até horas mortas da madrugada.
Alguns os veem como quem já viveu tudo e nada mais aguardam. Contudo, essas pessoas que trazem o rosto coberto de rugas, que são depositárias da história e têm muitos causos para contar, são uma lição viva de alegria de viver.
Eles mantêm a vontade de sorrir, acreditando que o bom humor faz bem para o corpo e para a alma. Encaram a vida de frente e enfrentam os problemas que surgem.
Desejam viver, embora alguns já tenham ultrapassado o centenário. Num mundo onde a juventude é sinônimo de beleza, eles trazem brilho no olhar.
As rugas, que tecem arabescos no rosto, são as marcas de uma vida bem vivida. Cada uma delas conta uma história de dor, de alegria, de superação.
Uma história de quem sofreu o devastar dos ventos da adversidade, mas soube se reerguer depois da tormenta.
História de quem esteve inúmeras vezes nos aeroportos da vida, recebendo novas gerações e despedindo-se de amores, de amigos, de companheiros de jornada.
Partidas e chegadas. E foram tantas...
Uns se apresentam com a memória mais ágil que outros. Alguns são portadores de certas limitações físicas. De um modo geral, apresentam dores nas articulações ou problemas de audição, de visão.
Mas não permitem que se instale a depressão em seu estado de espírito. Agasalham entusiasmo pela vida.
E tecem planos para os dias futuros.
O pai do conhecido maestro João Carlos Martins iniciou sua vida como escritor aos oitenta e seis anos.
Legou à posteridade sete livros. O último livro que escreveu, aos cento e um anos, causou tal impacto que o Guinness book o registrou na condição de escritor que iniciou a carreira com a idade mais avançada.
Desencarnou aos cento e dois anos.
*   *   *
Esses idosos de sorriso aberto, de esperanças ainda em flor, nos são exemplos.
Esses idosos que não se permitem o staccato pelas décadas acumuladas nos ombros, nos dizem que somente é infeliz quem maldiz a própria idade e a culpa por todos os seus fracassos.
Eles nos dizem que a vida é um bem extraordinário e deve ser vivida em toda sua essência e substância. Deve ser sorvida, até a última gota, até o último amanhecer...
Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita.
Em 2.9.2013.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

O Relógio do Coração





Nem sempre escutamos o relógio do coração...
Ele marca um tempo diferente do relógio que carregamos no pulso, no móvel do quarto ou na parede da sala.
O relógio do coração marca os acontecimentos que foram registrados pelos nossos sentimentos, por nossas emoções e muitos deles se eternizam ante o significado profundo que imprimem em nossas vidas...
As horas não são determinadas pelas convenções de ser dia ou noite como os relógios comuns, porque alguns fatos e vivências demoram mais em seus registros, outros permanecem apenas alguns segundos e outros se perdem na voragem do tempo sem que pudéssemos avaliar sua duração real.
Quando amamos alguém, as horas vivenciadas juntos passam céleres com minutos apressados enquanto as ausências são eternas e aumentam a ansiedade e o desejo do reencontro.
Quando alguém parte em definitivo para o outro lado da vida, a saudade tem a duração da eternidade e a dor lacera sem podermos contar os longos dias, as horas de solidão porque vão se estendendo além da nossa capacidade de avaliar o tempo...
O relógio do coração não discrimina pessoas nem acontecimentos, porque seu tempo é proporcional ao valor que determinamos ao sentir a presença do outro ou a viver o momento agradável ou inoportuno...
Por isso, quando alguém se aproxima de nós e permanece ao nosso lado, motivando alegrias, apoio, solidariedade, compaixão e amor, não percebemos quanto tempo nosso coração registrou, apenas sentimos que foi breve a comunhão de nossas almas, deixando marcas de sua presença para sempre...
Você já percebeu que o seu coração marca as horas vividas de forma diferente?
Se ainda não, faça uma reflexão à respeito dos momentos que tem vivenciado nos últimos tempos e procure avaliar se a duração é a mesma ou se há variações de acordo com os protagonistas dos acontecimentos e quais pessoas deixaram neste relógio o registro das horas bem vividas.
As que não deixaram sinais de sua passagem não merecem o esforço de serem recordadas, mas aquelas marcaram com seus gestos os momentos de prazer e os de sofrimento, que sinalizaram com afeto e compreensão as horas em que você precisou de alguém que o ajudasse a vencer as dificuldades...
Estas sim merecem ser eternizadas no relógio do seu coração!
Procuro ser pontual e gentil, não atrasando aos encontros marcados pelo relógio do tempo, entretanto, dou mais valor aos registros do meu coração e procuro avaliar se é oportuno prosseguir ou alterar os relacionamentos e as atitudes na vida.
Costumo acertar, entretanto, o mais importante é lubrificar o relógio do coração com o óleo da generosidade e do perdão para que ele ande sempre em dia e seja pontual em relação à vida e ao meu desejo de ser feliz!

Do livro de Lucy Dias/Gotas de Otimismo