sexta-feira, 6 de abril de 2012

Como educar os filhos?


Narra uma antiga lenda que, certa vez, um rei chamou o homem mais sábio que conhecia para pedir conselhos.
O soberano se preparava para ser pai e desejava orientações a respeito da educação de seus filhos, uma vez que sabia da importância de seu papel como progenitor na vida dos rebentos.
Dize-me, sábio conselheiro, tu que sempre me ajudaste nas questões mais graves na regência deste reino: como deve agir um pai para criar bons filhos?
Deve agir com extrema severidade, a fim de corrigir e dominar os maus instintos, ou com absoluta benevolência - a fim de manter uma boa relação e destacar as boas tendências deles?
Ao ouvir essas palavras, o ilustre filósofo manteve-se em silêncio, pensando, pensando...
Passados alguns instantes de profunda reflexão, chamou um servo e pediu-lhe que trouxesse dois vasos valiosos de porcelana que decoravam o salão real e que ele sabia estavam entre os preferidos do rei.
Pediu também um balde com água fervente e outro com água gelada, praticamente congelada.
O rei estava achando aquilo muito estranho. Inclusive, começou a ficar um pouco preocupado com a movimentação das peças que eram parte do seu tesouro pessoal.
Com naturalidade, o sábio ordenou a um servo:
Quero que enchas esses dois vasos com a água que acabas de trazer, sendo um com água fervente e o outro com água gelada!
Preparava-se o servo obediente para despejar, como lhe fora ordenado, a água fervente num dos vasos e a gelada no outro, quando o rei, emergindo de sua estupefação, interveio no caso com energia:
Que loucura é essa, ó venerável sábio! Queres destruir estas obras maravilhosas? A água fervente fará, certamente, arrebentar o vaso em que for colocada. A água gelada fará partir-se o outro!
O sábio, calmamente, então tomou de um dos baldes, misturou a água fervente com a gelada e, com a mistura assim obtida, encheu os dois vasos sem perigo algum.
O poderoso monarca e os venerandos mandarins presentes, observaram, atônitos, a atitude singular do filósofo.
ele, porém, indiferente ao assombro que causava, aproximou-se do soberano e assim falou:
Nossos filhos, ó rei, são como o vaso de porcelana. A postura do pai é como a água.
A água fervente da severidade ou a gelada da excessiva benevolência são igualmente desastrosas para a alma das crianças.
Manda, pois, a sabedoria e ensina a prudência que haja um perfeito equilíbrio entre a severidade - com que se pode tolher os maus pendores, corrigir as falhas - e a generosidade, a docilidade - com que se deve tratar e cultivar as qualidades.
*   *   *
Diante do teu filho, frágil de aparência, tem em mente que se trata de um Espírito comprometido com a retaguarda, que recomeça a experiência a penates, e que muito depende de ti.
Nem o excesso de severidade para com ele, nem o acúmulo de receios injustificados, em relação a ele, ou a exagerada soma de aflição por ele.
Fala-lhe de Deus sem cessar e ilumina-lhe a consciência com a flama da fé rutilante, que lhe deve lucilar no íntimo como farol de bênçãos para todas as circunstâncias.
Ensina-lhe a humildade ante a grandeza da vida e o respeito a todos, como valorização preciosa das concessões Divinas.

Redação do Momento Espírita com base em antiga lenda oriental e no
cap.
Deveres dos pais, do livro Leis morais da vida, pelo Espírito Joanna de
Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

Em 03.04.2012

terça-feira, 3 de abril de 2012

Perda de amores


Perdi meu filho! Perdi minha filha!
Estas são expressões lacrimosas de pais vestidos de dor, pela morte dos seus filhos.
A lógica humana pondera que os pais devam morrer antes dos filhos. Seria a ordem natural das coisas. - Comenta-se.
No entanto, a vida tem suas próprias diretrizes e não segue a lógica que se lhe tenta determinar.
Cada ser tem seu tempo certo de vida. Seu momento de partir.
Cada criatura traz, ao nascer, a programação que estabelece o quantum de anos deva transitar sobre a Terra.
Por isso, inúmeras vezes, partem antes os filhos do que seus pais.
Isso sem se falar das mortes que ocorrem por conta e risco da imprudência, dos desatinos, das inconsequências mundanas.
De toda forma, o  processo de separação pela morte é extremamente doloroso, na Terra.
Acostumados à vestimenta carnal, grosseira, impedidos de ver o mundo invisível, que nos cerca, choramos a ausência dos que nos disseram o grande adeus, na aduana da morte.
Chorando e lamentando, falamos de perda. Mas, como escreveu José Saramago: Perder? Como? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um empréstimo.
Eis o ponto. Ninguém perde ninguém. Os filhos nos são confiados à guarda pela Divindade. Os pais nos são oferecidos como portos de segurança.
Cada pessoa que nos conquista a afeição pode permanecer conosco um tempo mas, bem poderá ser convidada ao retorno, antes de nós.
Compete-nos, portanto, estarmos preparados a fim de que não detenhamos as lutas porque alguém se foi. Não nos vistamos de crepe porque a morte arrebatou o ser amado do nosso lado.
Sobretudo não utilizemos palavras como perda, pois que o que se verifica é a ausência da presença física.
Os que partem prosseguem nutrindo por nós os mesmos sentimentos.
Se nos amam, envolvem-nos com seus abraços espirituais de forma constante. De onde se encontrem, trabalhando no bem, crescendo no progresso, nos enviam suas mensagens de luz.
Aguardam-nos, a cada noite, o desprendimento do corpo para dialogarem conosco mais intensamente. E nos abençoam as lembranças, fazendo-nos tudo recordar como um delicado sonho, ao despertar.
Alegram-se com nossas conquistas. Fazem-se presentes em nossas festividades e nos enxugam as lágrimas, nos dias de desolação.
Alimentam a nossa saudade com suas sutis presenças e, vez ou outra, espalham o perfume do seu amor, causando-nos doces emoções.
Incentivam-nos nas lutas de cada dia e aguardam, paciente e amorosamente, que os anos transcorram a fim de que se processe o reencontro.
Eles nos disseram Até logo mais, não Adeus.
Afetos ausentes. Não perdidos, nem desaparecidos.
Pensemos nisso e reformulemos nossos pensamentos e palavras.

Redação do Momento Espírita.
Em 02.04.2012.