domingo, 17 de março de 2013

Histórias e canções



A imaginação do homem é ilimitada. Assim como sua criatividade.
Por isso, todos os dias surgem novas histórias pelo mundo, porque o homem não cessa de criar.
Com o advento da internet, mais se vulgarizaram os contos, as crônicas, ao lado de lendas de toda sorte.
Algumas são histórias verdadeiras, de profundo valor. Outras, invenções da mente popular. Outras, ainda, têm rudimentos de verdade em meio a muitas alegorias.
Verdade ou lenda, os fatos que envolvem a composição da música Silêncio, que costuma ser executada nos funerais militares, nos emocionam.
A história remonta ao período da guerra civil americana, em que irmãos do mesmo país se bateram uns contra os outros: norte contra o sul.
Conta-se que no ano 1862, o capitão Robert Elly, do Exército da União, estava com seus homens no Estado da Virgínia.
Do outro lado do terreno, se encontrava o exército confederado.
Durante a noite, gemidos de alguém ferido, no campo de batalha, se fizeram ouvir. Seria um soldado da União ou do Exército Confederado?
O capitão Elly optou por se arrastar, através dos disparos, para resgatar o soldado ferido, trazendo-o para o seu acampamento.
Contudo, duas questões surpreenderam o capitão, ao chegar às suas próprias linhas. O soldado era um confederado. E estava morto.
Todo seu esforço fora em vão. Mas as surpresas não pararam aí. Ao acender sua lanterna e mirá-la no rosto do morto, ficou sem fôlego.
O soldado era seu filho. Quando a guerra irrompera, ele estava estudando música no sul dos Estados Unidos. Alistara-se, sem nada informar ao pai.
Com o coração em frangalhos, o capitão pediu permissão aos seus superiores para dar ao filho enterro com honras militares, mesmo sendo um soldado inimigo.
Era seu filho e ele desejava que a banda de músicos tocasse no funeral. Seu pedido foi parcialmente atendido, pois o autorizaram a se servir de um único músico.
O oficial escolheu o corneteiro e pediu-lhe que executasse a série de notas musicais que estavam escritas em um papel, encontrado no bolso do uniforme do jovem morto.
A música é emocionante, recordando um cair de tarde, um pôr-do-sol, alguém que discretamente se vai. No entanto, os versos que acompanham a composição são ainda mais profundos. Dizem o seguinte: O dia terminou, o sol se foi dos lagos, das colinas e do céu.
Tudo está bem. Descansa, protegido. Deus está próximo. A luz tênue obscurece a visão. E uma estrela embeleza o céu, brilhando luminosa.
De longe, se aproximando, cai a noite. Graças e louvores para os nossos dias. Debaixo do sol, debaixo das estrelas, debaixo do céu, enquanto caminhamos, isso nós sabemos: Deus está próximo.
*    *    *
A música, de não fácil execução, quase sempre nos leva a banhar os olhos com lágrimas discretas. Possivelmente, poucos de nós sabíamos que, além das notas musicais, ela tinha versos.
Agora que os conhecemos, podemos entender o porquê da emoção que nos toma a alma, quando a ouvimos.
Trata-se da prece sincera de uma alma ao Criador, ao Pai. Uma prece de fé, de confiança, de certeza de que, mesmo entre a batalha cruel, as dores cruciantes, nada há para temer.
Nem a noite sem estrelas, nem as brumas da morte, nada. Porque Deus está próximo. E se Ele está próximo, no Seu amor nos podemos agasalhar e confiar.
Pensemos nisso.
 
Redação do Momento Espírita, a partir de
história de autoria ignorada.
Em 20.2.2013


Uma causa



Os sonhos fazem parte de nossas vidas.
Sejam eles do âmbito pessoal ou profissional, a maioria de nós costuma lutar para realizá-los.
Mas desconhecemos os planos de Deus para nós e, algumas vezes, a vida nos encaminha por estradas que julgávamos que jamais fôssemos trilhar.
É possível que surjam acontecimentos que nos impeçam de conquistar certos sonhos ou realizar determinados objetivos que havíamos planejado.
Não são raros os comprometimentos com a saúde, que nos impedem de seguir a trajetória profissional que desejamos.
Cuidamos de um filho com todo amor e carinho e, por algum motivo, que foge à nossa compreensão atual, o vemos partir para a vida espiritual antes de nós.
Outras vezes somos escolhidos por Deus para sermos pais de uma criança especial.
Tanto essas, quanto várias outras situações de ordem diversa, podem nos trazer, inicialmente, algum tipo de sofrimento.
Mas a sabedoria Divina reconhece que nossos ombros são suficientemente fortes para carregar o fardo que nos chega.
Tudo que nos acontece tem um propósito elevado.
É provável que essas situações, que a vida nos apresenta, nos conduzam ao necessário despertamento que permita transformar sentimentos em ação efetiva.
É comum vermos pessoas darem novo sentido às suas vidas, depois que fatos ou situações inesperadas lhes acontecem.
Após um período de padecimento, passam a lutar por uma causa, a mesma que gerou o sofrimento daquele que amam, beneficiando com suas ações a tantos outros que se encontram em situação semelhante.
Olhemos em nossa própria comunidade e, com certeza, encontraremos essas pessoas que se doam e se dedicam a levar consolo e paz ao próximo.
Talvez seja uma forma de aliviar a própria dor.
A história da Humanidade mostra exemplos de pessoas que venceram o mundo e suas aflições para se dedicarem espontaneamente aos seus semelhantes.
Os testemunhos de fé de Francisco de Assis, de Madre Tereza de Calcutá, Irmã Dulce, Francisco Cândido Xavier e de muitos outros trabalhadores da Seara do Cristo, nos mostram que é dando que se recebe.
Usar dons, habilidades, conhecimento e compartilhar experiências a serviço do mundo em que vivemos, com certeza, nos faz um imenso bem.
*   *   *
Não nos deixemos perder em lágrimas vazias, nos afundando em nossas próprias decepções, simplesmente porque tudo não saiu como havíamos idealizado.
O mundo aguarda a expressão do que de melhor tenhamos.
Apesar do sofrimento que possamos carregar, meditemos um pouco mais no que fazer, no dia a dia, para compartilhar através do serviço, as bênçãos que recebemos de Deus.
Lembremos de Jesus e esqueçamos nossa própria dor para ajudar outras almas a experimentarem alívio.
Pensemos na força que somos capazes de irradiar e transformemos a nossa fé sincera em serviço no bem.
A presença de Cristo em nossos corações faz com que mantenhamos, em nosso interior, uma fonte de luz intensa. 
Permitamos, pois, que essa luz brilhe por toda parte: a nossa luz, a luz dos que amam em abundância.
Redação do Momento Espírita.
Em  1.3.2013.


Quando os amores partem



O que acontece com quem parte ou chega de um aeroporto faz parte de um tipo especial de memória.
Uma memória que parece ter uma persistência maior e uma existência mais viva do que aquela comum, que guarda o cotidiano e a rotina.
Estas as primeiras palavras da apresentadora de um programa televisivo muito singular, que descobre histórias e mais histórias, nos portões de chegada e partida de um aeroporto brasileiro.
Um desses relatos é de uma mãe, entre lágrimas, despedindo-se da filha, que passaria cerca de um ano estudando uma língua estrangeira num país distante.
Aquela senhora, muito simples, trazia um misto de alegria e saudade, pois se tratava de uma grande conquista da filha, pela qual havia trabalhado muito tempo para conseguir.
Narrou que nunca teve condições de sequer realizar os estudos regulares, mas que sua felicidade estava em ver o sucesso da filha.
A apresentadora, percebendo a dor que há em toda separação, disse: A senhora já está com a dor da saudade, eu percebo, mas ao mesmo tempo não dá alegria ver o filho conseguindo tudo isso?
Ela respondeu que sim, melhorando o semblante, e que a filha merecia tudo de bom que estava lhe acontecendo.
A alegria pareceu consolar a saudade naquele instante.
*   *   *
Retiramos deste relato uma reflexão principal.
Nesse mundo de chegadas e partidas constantes, será que não conseguimos enxergar a morte através dessa nova lente?
Será que não podemos entender que cada um tem seu tempo aqui, mas que terá outros afazeres, objetivos e etapas em outros lugares?
Tenhamos em mente essa figura, do filho que viaja para construir parte de sua vida em outro lugar, que parte para aprender e viver novas experiências.
O quanto ele sairá melhor dessa vivência nova!
O amor apego precisa começar a ser substituído pelo amor libertador, que pensa sempre no melhor para o outro, em primeiro lugar, antes de pensar no que é melhor e mais cômodo para si.
A dor da saudade é real e saudável, quando não nos tira do prumo, obviamente.
Na Espiritualidade, seja onde estivermos, não perderemos contato com nossos amores. A lei de afinidade entre as almas permite que nos encontremos aqui e ali, sem nunca perder esse vínculo poderoso que criamos.
*   *   *
Prosseguem vivendo aqueles a quem amas.
Aguarda um pouco, enquanto, orando, a prece te luarize a alma e os envolvas no rumo por onde seguem.
Esforça-te por encontrar a resignação. O amor vence, quando verdadeiro, qualquer distância, e é ponte entre abismos, encurtando caminhos.
Da mesma forma que anelas por volver a senti-los, a falar-lhes, a ouvi-los, eles também o desejam.
Necessitam, porém, evoluir, quanto tu próprio.
Se te prendes a eles demoradamente ou os encarceras no egoísmo, desejando continuar uma etapa que ora se encerrou, não os fruirás, porque estarão na retaguarda.
Libertando-os, eles prosseguirão contigo, preparar-te-ão o reencontro, aguardar-te-ão...
Não penses mais em termos de "adeus" e, sim, em expressões de "até logo mais".

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 56, do
livro Sementes de vida eterna, pelo Espírito Joanna de
Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.
Em 25.2.2013.


Necessidade de perdoar



Imaginemos a seguinte situação: uma criança é mandada para a escola e seus pais não admitem que ela erre.
Exigem sempre a nota máxima e a perfeição nas ações e no aprendizado. Não concordam, em hipótese alguma, que seu filho possa errar. E fazem cobranças intensas e constantes a esse respeito.
Vendo tal situação, o que pensaríamos? Fatalmente não concordaríamos com atitude tão drástica.
Ao educarmos, percebemos que o erro faz parte do processo de aprendizagem, permitindo a reflexão, a análise e o refazer da ação.
Dessa forma, qualquer um que não tenha a possibilidade de errar, encontraria grandes dificuldades em aprender. Não que devamos ser permissivos com o erro, mas entendendo-o como processo natural de aprendizagem.
*   *   *
Assim como a criança na escola, estamos todos nós sob constante aprendizado em nossa vida.
Não somos desafiados apenas intelectualmente, mas temos, em grande monta, lições de aprendizado emocional e moral.
Lições especialmente concretizadas nas oportunidades de relacionamento humano. Quando nos dispomos a nos relacionar, estamos nos oportunizando o aprendizado de novos valores e capacidades pessoais.
É natural que essa vida de relação, a vida em sociedade, apresente dificuldades e problemas. Afinal, todos estamos aprendendo.
Portanto, não podemos esperar dos outros que, a todo momento e em toda situação, ajam da melhor forma possível, da maneira mais adequada.
Eles agirão conforme os valores e capacidades adquiridas ou que desenvolveram no seu mundo íntimo.
Dessa forma analisando, percebemos que todos somos factíveis a erros e tropeços no relacionamento com o próximo; que esses erros são naturais no processo de aprendizado.
Afinal, é compreensível que pessoas ainda imperfeitas, nas suas capacidades e valores, gerem relacionamentos imperfeitos.
Então, ao nos depararmos com essa ou aquela pessoa agindo de maneira equivocada, posicionando-se de um modo que não concordamos, não podemos esquecer que ela também está aprendendo.
Cada um de nós oferece aquilo que dispõe em seu mundo interior, nada além disso.
Por isso, se alguém agiu de maneira errônea conosco, pensemos sobre a possibilidade de perdão. Muitos de nossos erros não são nem pautados na maldade, mas apenas na limitação de nossas capacidades.
Ao olharmos o próximo com essa compreensão, ao utilizarmos as lentes da benevolência para com ele, estaremos construindo um atalho para o entendimento que nos levará mais facilmente ao perdão.
Aquele que hoje erra, amanhã, inevitavelmente, arcará com suas ações.
Por outro lado, quem perdoa, evitará carregar pesado fardo ao longo de seu caminhar.
Afinal, o coração que não sabe perdoar, sempre estará pesado. Colecionará mágoas, frases mal colocadas, situações problemáticas, ações infelizes, que nada contribuirão para sua felicidade.
Ao perdoar, tudo isso sairá de nosso coração, abrindo espaço para sentimentos e valores mais nobres, valiosos e úteis, para o aprendizado de que nós mesmos temos necessidade.
Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita.
Em 21.2.2013.


Da vida, uma prece



Encontramos, no seio de praticamente todas as religiões, o exercício salutar da prece.
Em algumas, tal prática apresenta-se na forma de mantras. Em outras, de cântico. Ou, ainda, de rogativa.
Entretanto, independentemente da forma, a prece sempre tem como objetivo ligar a criatura ao Criador.
A prece é um ato de adoração. Orar a Deus é pensar nEle; é aproximar-se dEle; é pôr-se em comunicação com Ele. A três coisas podemos propor-nos por meio da prece: louvar, pedir e agradecer.
Louvar a Deus significa reconhecer nEle a fonte de toda vida, de toda a criação. É observarmos tudo o que nos cerca – as plantas, os animais, nosso próximo – e enxergarmos neles a assinatura Divina, o traço que Deus deixa em cada uma de Suas criaturas.
Uma prece de louvor é feita mais do que com palavras. Pode ser expressa em atitudes.
Quando louvamos, reconhecendo, em tudo o que nos cerca, a mão do Criador, torna-se impossível não expressarmos gratidão a Deus por todo amor que Ele nos oferece, em todas as circunstâncias do viver.
Amor esse que se manifesta através das mais variadas expressões: o ar que respiramos, o alimento que temos em nossas mesas, a família que nos acolhe, a casa que nos abriga, os amigos que nos fortalecem.
O companheiro ou companheira que divide a vida conosco, os filhos que nos são dados ao coração, as oportunidades diárias de progresso intelecto-moral, a conquista das virtudes que nos aproximam da paz e da felicidade.
E, quando brota em nossas almas o sentimento que nos leva a louvar e a agradecer, o gesto de pedir modifica-se.
Nossas rogativas já não são mais baseadas nas ilusões da matéria, nem tampouco no orgulho que confunde nossas escolhas.
Nossas decisões tornam-se mais maduras, pois começamos a compreender as leis que regem toda a Criação.
Já não mais rogamos a Deus que solucione nossos problemas, dificuldades e sofrimentos.
Antes, pedimos ao Senhor da vida que nos conceda a sabedoria, a resignação e a humildade para que, além de poder superá-los, possamos aprender com as preciosas lições que acompanham cada momento.
Entrarmos em comunicação com Deus significa fazermos, diariamente, de nossa vida uma prece.
E a prece se faz em cada gesto de abnegação, de renúncia, de fé.
A prece se faz quando olhamos para aquele que sofre, para aquele que passa fome, para aquele que não tem onde morar e, desinteressadamente, lhe estendemos a mão que ajuda, o ombro que consola, o abraço que afaga, a palavra que une.
A prece se faz quando perdoamos quem nos fere e somos capazes de pedir perdão àquele que ferimos.
A prece se faz quando nos reconhecemos parte integrante de toda a Criação, de todo o equilíbrio universal e, dessa forma, tomamos para nós a responsabilidade de contribuirmos para a construção de um mundo melhor.
*   *   *
Na oração a criatura suplica e se apresenta a Deus. Pela inspiração profunda e reconfortante responde o Senhor e se revela ao aprendiz.
Pensemos nisso.
 
Redação do Momento Espírita, com citação do item 659, de O livro dos espíritos, de
Allan Kardec, ed. Feb e pensamento final do verbete Oração, do livro Repositório de
sabedoria
, v. 2, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira
Franco, ed. Leal.
Em 2.3.2013.