sábado, 21 de julho de 2012

Página do caminho


Para se lançar nas atividades do bem, não aguarde o companheiro perfeito.
A perfeição não costuma se fazer presente na rota dos seres em evolução.
Você esperava ansiosamente a criatura irmã para formar o lar mais ditoso.
Entretanto, o matrimônio lhe trouxe alguém a reclamar sacrifício e ternura.
Contava com seu filho para ser um amigo próximo e fiel, a compartilhar seus sonhos e ideais.
Contudo, ele alcançou a mocidade e fez-se homem sem se interessar por seus projetos.
Você se amparava no companheiro de ideal, que lhe parecia digno e dedicado.
Mas, de um momento para o outro, a amizade pura degenerou em discórdia e indiferença.
Mantinha fé no orientador que parecia venerável, em suas palavras sábias e em seus atos convincentes.
No entanto, um dia ele caiu de modo formidável, arrastado por tentações de que não se preveniu a contento.
É compreensível e humana a dor de ver ruírem esperanças e relações.
Contudo, embora mais solitário, continue firme no trabalho edificante que lhe constitui o ideal.
Cada homem carrega consigo seus potenciais e dificuldades.
A queda e a deserção de um não justificam as de outro.
Sempre é possível mirar-se em quem cai e passa a rastejar.
Entretanto, convém antes pensar nos que seguem adiante, altivos e valorosos.
De um modo ou de outro, cada homem responde pelas consequências que gera.
Na hora de enfrentá-las, será de pouco conforto lembrar que outros também padecem pela adoção de semelhante conduta.
É normal desejar companheiros de ideais e afeições puras nas quais se fortaleça.
Mas, quase sempre, aqueles a quem você considera como os afetos mais doces possuem importantes fragilidades.
Deseja que sejam autênticos sustentáculos na luta, quando simbolizam tarefas que solicitam renúncia e amor de sua parte.
Se deseja viver no bem, não valorize o gelo da indiferença e o fel da incompreensão.
Lembre-se de que o coração mais belo que pulsou entre os homens respirava na multidão e seguia só.
Possuía legiões de Espíritos angélicos.
Mas aproveitou o concurso de amigos frágeis que O abandonaram na hora extrema.
Ajudava a todos e chorou sem ninguém.
Mas, ao carregar a cruz, no monte áspero, continuou a legar preciosas lições à Humanidade.
Ensinou que as asas da Imortalidade podem ser extraídas do fardo de aflição.
Também mostrou que, no território moral do bem, alma alguma caminha solitária.
Embora a aparente derrota no mundo, todas seguem amparadas por Deus rumo a destinos gloriosos.
Pense nisso.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 33, do livro O
Espírito da Verdade, por Espíritos diversos, psicografia de
Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.
Em 23.02.2012.

Nascimentos


 
Você tem ideia de quantas pessoas nascem por minuto no mundo?
Inacreditavelmente, enquanto você ouve este texto, considerando cerca de cinco minutos, irão nascer por volta de mil pessoas no planeta.
Sim, são mais ou menos duzentos nascimentos por minuto, ou ainda, de três a quatro por segundo!
será que conseguimos imaginar a alegria desses pais, dessas famílias, recebendo – alguns pela primeira vez – o milagre de um filho nos braços?
Em meio a tantas notícias ruins – que parecem vender melhor que as boas, nos meios de comunicação, faz-se necessário que pensemos na vida, e não apenas na violência, nos assassinatos e mortes drásticas.
O site breathingearth.com apresenta uma proposta muito interessante, com um desenho do mapa mundi animado, mostrando em cada país, em cada continente, alguns dados importantes, atualizados instantaneamente.
Entre eles a natalidade no globo, sendo assinalada com pequenas estrelas que vão piscando aqui e ali, conforme os nascimentos em cada lugar.
A representação com estrelas é muito significativa, aos olhos daqueles mais sensíveis às belezas da vida.
Cada estrela daquelas é uma nova encarnação, uma nova oportunidade, uma nova chance que um Espírito recebe do Criador.
Nascemos aqui e ali com objetivos certos e importantes.
Resgates, provas, missões – fazem-nos retornar ao cenário terrestre para que continuemos nossa caminhada rumo à tão sonhada felicidade.
Felicidade que vai sendo construída e gozada ao longo das próprias experiências, conforme vamos amadurecendo e encontrando os caminhos do amor.
Nascer é ganhar do Criador nova oportunidade, mas é também dar a si mesmo uma nova chance.
A grande maioria dos lares nos recebe de braços abertos, e nos corações dos pais temos aqueles que mais irão se esmerar para que tenhamos uma boa vida na Terra.
Voltar a viver pode significar um reaprisionamento para o Espírito, que precisa vestir novo corpo material, porém, por outro lado a reencarnação é libertadora.
Libertamo-nos das amarras de ódios antigos. Libertamo-nos da tristeza das experiências frustradas do passado. Libertamo-nos do nosso homem velho pois, a cada vida, temos a chance de moldar umnovo eu.
Renascer é libertar-se.
Quando nos dispomos a amar, quando nos dispomos a reconstruir o que nós mesmos destruímos, libertamo-nos da culpa, do medo, e passamos a caminhar de cabeça erguida. Isso é liberdade.
*   *   *
Pense nos duzentos renascimentos por minuto...
Quantos abraços... Quantas lágrimas... Quanta felicidade.
Que maravilha é esse ir e vir do planeta Terra!
Quantas experiências, quantos planos, quanto aprendizado.
Possivelmente você que nos ouve já nasceu há uns bons anos, mas é sempre tempo de voltar a pensar em renascer.
Renascer dentro da própria vida. Por que não? Tantas e tantas vezes quantasse fizer necessário.
Renascer da água e do Espírito, tal a Lei apontando o caminho da felicidade maior almejada.
Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a lei.
 
Redação do Momento Espírita.
Em 22.05.2012.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Perfume de gratidão


Jovem e idealista, ela partiu de sua terra natal, a Suíça, para ajudar a reconstruir a Polônia, depois da Segunda Guerra Mundial.
Ela assentou tijolos, colocou telhados, levantou paredes. Até o dia em que um homem cortou a perna e lhe descobriram os dotes para a medicina. Aí, junto a duas outras voluntárias, que tinham conhecimentos de medicina básica, foi servir num improvisado posto médico.
Certa noite, em que suas colegas tinham se deslocado para atender pessoas em outra localidade, ela ficou sozinha. Tomou o seu cobertor, enrolou-se e deitou sob a luz das estrelas.
Nada haverá de me acordar, hoje. Estou morta de cansaço.
No entanto, um pouco depois da meia-noite, um choro de criança a despertou. Ela pensou estar sonhando e não abriu os olhos. O choro voltou a lhe chegar aos ouvidos.
Meio dormindo, ainda, ouviu uma voz de mulher:
Desculpe acordá-la, mas meu filho está doente. Você precisa salvá-lo.
Bastou Elisabeth olhar, de forma rápida, para o garoto de três anos para descobrir que ele era portador de tifo.
Explicou para a mulher que não tinha remédio algum no posto. A única coisa que podia lhe oferecer era uma xícara de chá.
A mulher cravou nela os olhos, com aquele olhar que somente as mães em desespero possuem:
A senhora tem de salvar meu filho. Durante a guerra, nos campos de concentração, morreram doze dos meus filhos e este nasceu lá. Ele não pode morrer. Não agora que o pior já passou.
Elisabeth tomou uma decisão. Se aquela mulher andara tantos quilômetros para chegar até ali, se ela vira serem mortos uma dúzia de filhos na guerra e ainda tinha ânimo para rogar pela vida do único afeto que lhe restava, ela merecia todos os sacrifícios.
Tomou da criança e, com a mãe, caminhou trinta quilômetros, até encontrar um hospital. Depois de muita insistência, conseguiu que a criança fosse internada.
Mas havia uma condição: somente depois de três semanas, elas poderiam retornar para saber notícias. Afinal, o hospital estava cheio e os médicos atolados de tarefas.
Elisabeth voltou para as atividades do seu posto médico e tanto trabalho teve nas semanas seguintes, que até esqueceu o garoto.
Certa manhã, ao despertar, encontrou ao lado do seu cobertor, um lenço cheio de terra. Abrindo-o, viu, junto com a terra, um bilhete: Para a pani doutora.  Da senhora W.  Cujo último dos treze filhos você salvou, um pouco de terra abençoada da Polônia.
O menino estava vivo.
Um grande sorriso se abriu no rosto cansado de Elisabeth.
E ela compreendeu o que acontecera. A mulher andara mais de trinta quilômetros até o hospital e apanhara ali o seu filho vivo.
De Lublin, levara-o de volta até o povoado onde vivia. Pegara um punhado de terra do seu chão e tornara a andar muito para deixar, quieta, sem perturbar, na calada da noite, o seu presente de gratidão.
Elisabeth Kübler-Ross guardou o embrulhinho de terra que se tornou para ela o presente mais valioso que jamais recebera.
*   *   *
A gratidão é perfume acondicionado no frasco d’alma. As criaturas o deixam evolar-se, de forma sutil, envolvendo aqueles a quem são gratos, numa aura de bem-estar.
Naturalmente, ninguém realiza o bem esperando agradecimento mas, quando a gratidão se manifesta, é como a brisa que abençoa a tarde morna com sua presença.
Refaz corações e aumenta a disposição para novas realizações, em prol do próximo.

Redação do Momento Espírita, com base
no cap. 9, do livro A roda da vida, de Elisabeth
Kübler-Ross, ed. Sextante.
Em 16.07.2012.



Estranho versículo




Era uma noite fria na cidade de Chicago. O garotinho vendia jornais na esquina. Mas o frio era tanto que as pessoas passavam quase correndo, buscando as suas casas e nem paravam para comprar o jornal.
Por isso, o menino se aproximou de um policial e perguntou se ele lhe poderia arrumar um lugar quente para dormir, naquela noite. Estava muito frio para dormir na caixa de papelão no beco, como sempre.
O policial olhou para ele e falou:
Desça a rua até encontrar uma casa branca. Bata na porta e quando alguém vier abrir, diga: João 3:16.
O menino obedeceu e, quando uma senhora simpática atendeu, ele falou: João 3:16.
Ela o recolheu e o levou para se sentar em uma poltrona, próximo da lareira.
Ele pensou: Não sei o que quer dizer João 3:16, mas com certeza é uma coisa boa porque aquece um menino numa noite fria.
Mais tarde, a senhora o levou para a cozinha e lhe ofereceu farta comida. Enquanto se alimentava, o pequeno pensou:
Não estou entendendo, mas o que é certo é que João 3:16 sacia a fome de um menino.
Depois, ela o levou até o banheiro e ele mergulhou em uma banheira cheia de água quente.
Ainda molhado, ele pensou: João 3:16. Com certeza eu não entendi. Mas isso faz um menino sujo ficar limpo. Que me lembre, o único banho de verdade que tomei foi quando fiquei em frente a um hidrante de incêndio, que esguichava água fria.
A senhora o levou até o quarto e o colocou em uma grande cama e o cobriu com um cobertor macio. Deu-lhe um beijo de boa noite e apagou as luzes.
No escuro do quarto, ele olhou pela janela e observou a neve caindo lá fora.
Na manhã seguinte, a senhora o despertou e lhe ofereceu um delicioso café. Depois o levou para a mesma poltrona em frente à lareira, apanhou o Evangelho e perguntou:
Você entendeu João 3:16?
Não, senhora. Quem me disse para lhe falar isso foi um policial, ontem à noite.
Ela abriu o Evangelho de João e leu o versículo dezesseis do capítulo três: Porque Deus amou tanto o mundo, que deu seu único filho. E aquele que acredita nele não morrerá, mas terá vida eterna.
E a boa senhora lhe falou a respeito de Jesus e do Seu grande amor para com todos os homens.
O garoto continuou sentado, ouvindo e ouvindo. Finalmente, falou: Senhora, tenho que lhe dizer: ainda não consigo entender como Jesus concordou em vir à Terra e sofrer tudo o que sofreu, para nos ensinar o amor.
Mas uma coisa eu entendi muito bem. Tudo isso faz a vida valer a pena.
*   *   *
Jesus é o nosso norte, nosso roteiro.
Os que O seguem, são identificados na Terra pela sua postura perante a vida. Onde quer que se encontrem, semeiam.
E as suas sementes são luz nas estradas das vidas cheias de dores.
Na esteira dos seus passos, brilham estrelas que se acendem na noite dos tempos. Anonimamente, servem ao próximo, doando pão a bocas famintas, agasalho aos que padecem frio, esperança àqueles que perderam a fé na vida.
Como uma Via Láctea iluminada, apontam o caminho de estrelas na direção do Cristo que, hoje e sempre, é o Amor Incondicional que a todos ama.

Redação do Momento Espírita, com base em história de
autoria ignorada e no cap. 1, do livro O semeador de
estrelas, de Suely Caldas Schubert, ed. Leal.
Em 13.07.2012.