quinta-feira, 22 de agosto de 2013

O naufrágio de muitos internautas




Alice estava desnorteada, e encontrando um gato sentado sobre o galho de uma árvore, perguntou-lhe:
O senhor poderia me dizer, por favor, qual o caminho tomar para sair daqui?
Isso depende muito de onde você quer ir... – Respondeu o gato com um sorriso enigmático de orelha a orelha.
Não me importa muito para onde... – Afirmou Alice.
O felino sentenciou: Então não importa o caminho que você escolher. Para quem não sabe para onde ir, qualquer caminho serve.
*   *   *
Nesses tempos de informações abundantes, de possibilidades infinitas, de tecnologia surpreendente, fazem-se necessários alguns cuidados.
Cada dia fala-se mais e mais, sobre a triunfal entrada da Humanidade na era do conhecimento.
Exalta-se a capacidade humana de estar vivendo, a partir deste momento, um período no qual o conhecimento será a primeira riqueza.
Tudo é fonte para o conhecimento, e a principal delas é a internet.
É neste ponto que precisamos ir devagar com as coisas.
Não se deve confundir informação com conhecimento.
A internet, dentre as mídias contemporâneas, é a mais fantástica e estupenda ferramenta para acesso à informação.
No entanto, transformar informação em conhecimento exige, antes de tudo, critérios de escolha e seleção, dado que o conhecimento – ao contrário da informação – não é cumulativo, mas seletivo.
Seria como alguém que entra numa dessas grandes livrarias, sem saber muito bem o que deseja.
Corre o risco de entrar em pânico, tendo a sensação de débito intelectual, sem ter clareza de por onde começar e imaginando que precisa ler tudo aquilo.
Faz-se fundamental o critério, isto é, saber o que se procura, para poder escolher, em função da finalidade que se tenha.
Os computadores e a internet têm um caráter ferramental que não pode ser esquecido.
Ferramenta não tem objetivo em si mesmo. É instrumento para outra coisa, para outro fim.
O critério, o equilíbrio nos permitirão, assim, poder utilizar desse ferramental com sabedoria, na dosagem certa, no momento adequado.
Sem critérios seletivos, muitos ficam sufocados por uma ânsia precária de ler tudo, acessar tudo, ouvir tudo, assistir tudo.
Esquecem-se de se perguntar: Eu quero isso para mim? Eu preciso disso? Para que serve? Aonde desejo ir?
Nos tempos de hoje, se não formos muito cuidadosos, corremos o risco de navegar na internet, e naufragar.
Sêneca, sabiamente, já havia dito, que nenhum vento é a favor, para quem não sabe para onde ir.
*  *  *
David Hume, afirmava: Por conhecimento, entendo a certeza que nasce da comparação de ideias.
Para que nasça o conhecimento é necessário pensar, comparar, conectar ideias.
Nenhuma informação poderá ser tomada por verdade, por conhecimento, antes de amadurecer dentro da alma humana.
Sabedoria não se transmite. É preciso que nós mesmos a descubramos depois de uma caminhada que ninguém pode fazer em nosso lugar.

Redação do Momento Espírita com base no texto O naufrágio de
muitos internautas, do livro Não nascemos prontos – provocações
filosóficas, de Mario Sergio Cortella, ed Vozes.
Em 20.8.2013.

O hospital do Senhor




Uma pessoa que não estava se sentindo bem, há algum tempo, fez a seguinte declaração:
Todo ano faço um check-up para avaliação de minhas condições de saúde. Um dia desses, resolvi fazer um exame diferente e fui a um hospital muito especial: o hospital do Senhor.
Queixei-me de cansaço da vida, de dores nas juntas envelhecidas. Falei do coração descompassado pelas muitas preocupações e da carga de obrigações que me competem.
Logo que cheguei minha pressão foi medida e foi verificado que estava baixa de ternura.
Recordei que há muito tempo não estou fazendo exercícios nessa área. Havia esquecido da necessidade de expressar carinho com gestos pequenos, mas muito importantes.
Quando foi tomada minha temperatura, o registro foi de 40 graus de egoísmo. Então me lembrei de como estou guardando coisas e mais coisas, sem dar nada a ninguém, mesmo quando campanhas fazem apelos pela televisão, rádio, jornais.
Sempre achei que alguém daria o suficiente e que eu não precisava fazer nada.
Fiz um eletrocardiograma e o diagnóstico registrou que estou precisando de uma ponte de amor. As veias estão bloqueadas por não ter sido abastecido o coração vazio.
Ortopedicamente foi constatado que estou com dificuldade de andar ao lado de alguém. É que tenho preferido andar a sós. Caminho mais rápido, sem que ninguém me atrase.
Também foi observado que não consigo abraçar os irmãos por ter fraturado o braço, ao tropeçar na minha vaidade.
Nos olhos foi registrada miopia. Isto porque não consigo enxergar além das aparências.
Examinada a audição, reclamei que não estava ouvindo a voz do Senhor e o diagnóstico foi de bloqueio em decorrência de uma enxurrada de palavras ocas do dia a dia.
A consulta não custou nada. Fui medicado e recebi alta. A receita que recebi foi para usar somente remédios naturais que se encontram no receituário do Evangelho de Jesus Cristo.
Ao levantar, deverei tomar um chá de Obrigado, Senhor para melhorar as questões referentes à gratidão. Ao entrar no trabalho, uma colher de Bom dia, amigo.
De hora em hora, não posso me esquecer de tomar um comprimido de paciência, com meio copo de humildade.
Ao chegar em casa, será preciso tomar uma injeção de amor para melhorar a dificuldade de relacionamento familiar. Toda noite, antes de deitar, duas cápsulas de consciência tranquila para que eu tenha um sono reparador.
Foi-me dada a certeza de que se seguir à risca toda a prescrição médica, não ficarei doente e todos os meus dias serão de felicidade.
O tratamento tem também um caráter preventivo. Assim, somente deverei morrer, por morte natural e não antes do tempo determinado.
*   *   *
O Evangelho pode ser considerado como a própria voz do Cristo a falar aos corações, chamando, chamando e conduzindo.
O Evangelho corporifica na Terra a palavra de Jesus. É Ele mesmo que Se apresenta de retorno, tomando os filhos e filhas da dor em Seus amorosos braços a fim de os conduzir para a luz gloriosa da verdade.
Como há mais de dois mil anos, Jesus prossegue, através do Evangelho, a estender a esperança e o amor sobre toda a Terra, para todos os corações.

Redação do Momento Espírita, com base em texto de
autoria ignorada.
Em 19.8.2013.

Herói de todo dia




Já percebeu que nas histórias em quadrinhos e nos desenhos animados o herói está sempre disposto a salvar, a ajudar, a socorrer?
Nessas histórias, o personagem herói é sempre incansável, não mede esforços para ajudar, e é capaz de esquecer das suas vontades e desejos quando precisa agir.
Porém, você se deu conta de que esses heróis também existem no mundo real? Já conseguiu perceber que a vida está repleta desses grandes heróis?
Como alguns heróis dos quadrinhos, esses também, que encontramos no nosso cotidiano, não fazem questão da fama e do sucesso. Eles preferem o prazer do anonimato, onde a glória e a fama são plenamente substituídas pelo sentimento do dever cumprido.
São heróis nossos de cada dia, todos aqueles capazes de chegar ao lar, após um dia intenso, onde o peso do mundo parece descer sobre os ombros, e ainda ter disposição para brincar de pega-pega ou de cavalinho, com os pequenos que os esperam ansiosos.
Não há como não chamar de heróis aqueles capazes de deixar de lado relatórios, e-mails e trabalhos, abrindo mão dos compromissos profissionais levados para casa, somente para escutar as aventuras e sonhos do universo infantil.
É um heroísmo ser capaz de não perder a sensibilidade com as lutas da vida e os compromissos que se sucedem, e entender que o tempo gasto para responder sobre a cor do céu ou as dúvidas mais surpreendentes da vida não é perda de tempo, mas investimento na vida daquele que ama.
Esses heróis são capazes de ensinar com a leveza da alma e a firmeza do agir, sobre os valores da vida, sobre a honestidade, o respeito ao próximo e a retidão do caráter como indispensáveis para a vida.
E para nos ensinar essas coisas, como todo bom herói, esses não gostam do discurso, da frase feita ou do grande diálogo. Ensinam-nos pela melhor pedagogia: a do exemplo.
Nossos heróis anônimos são capazes de dar uma escapadinha da correria do cotidiano só para ver um jogo de bola, ou uma singela apresentação musical, ou uma declamação de poesia que seja... mesmo que ela tenha não mais que quatro versos.
Fazem não por eles, mas porque sabem que, para seus filhos, isso é muito importante.
E fazem tudo isso porque sabem que eles não são heróis feitos para salvar vidas. Eles entenderam, desde há muito, que Deus os fez heróis diferentes. São heróis que constroem vidas.
Por isso são capazes de achar importante as coisas mais simples, quando as coisas simples são importantes para seus filhos.
São capazes de esquecer seu cansaço, compromisso ou o seu lazer, para fazer do lazer dos filhos, o seu lazer.
Eles são heróis porque entendem que tudo isso que fazem hoje, talvez os filhos não entendam, nem consigam reconhecer e agradecer, mas um dia fará toda a diferença.
Eles, os nossos heróis, nunca se cansam e nunca desistem da sua poderosa missão. Isso porque dentro deles há um combustível mágico que os move, tão mágico que quanto mais eles usam, mais se multiplica: o combustível do amor.
E alguns de nós ainda temos a grande felicidade de chamar esses heróis por uma outra palavra: pai.

Redação do Momento Espírita.
Disponível no CD Momento Espírita, v. 19 e no livro
Momento Espírita, v. 9, ed. FEP.
Em 10.8.2013.