sábado, 31 de março de 2012

Um tanto mais


Você guarda a impressão de haver esgotado o estoque de todos os seus recursos, em determinada tarefa de amor, mas se você perseverar um tanto mais no devotamento, ninguém pode prever os louros de luz que brilharão em seu passo.
Você está doente e pretende obter licenças de longo prazo, mas se você continuar um tanto mais em serviço, ninguém pode prever o tesouro de forças novas que lhe aparecerá no caminho.
Você encontrou imensas dificuldades no exercício das boas obras e anseia fugir delas, mas se você persistir um tanto mais na construção da beneficência, ninguém pode prever o triunfo que as suas horas recolherão, nas fontes vivas da caridade.
Você acredita que não pode tolerar o amigo importuno, o filho teimoso, o irmão inconsciente, a esposa inconstante ou o marido insensato, mas se você suportar um tanto mais a luta em família, ninguém pode prever a extensão do júbilo porvindouro em seu ninho doméstico.
Você supõe que o azar é o seu clima e chora na bica do desespero, mas se você cultivar um tanto mais de fidelidade às próprias obrigações, ninguém pode prever a amplitude do seu êxito, no amanhã que vem perto.
Você experimenta enorme cansaço e não quer dar ouvidos ao companheiro de longa conversa, mas se você esticar um tanto mais o seu sacrifício, ninguém pode prever os prodígios da colheita de bênçãos que surgirão dos seus breves minutos de gentileza.
Observe que você mesmo para realizar isso ou aquilo, exige incessantemente dos semelhantes um tanto mais de bondade, um tanto mais de cooperação, um tanto mais de tempo, um tanto mais de carinho...
O gênio é a paciência que não se acaba.
É justo que você deseje um tanto mais de felicidade, mas para isso, é necessário que você ajude um tanto mais a felicidade dos outros.
Repare você as lições da vida e compreenderá que a vitória no bem é sempre trabalhar conforme o dever e servir... um tanto mais.
*   *   *
O mestre da antiguidade, Confúcio, elaborando ideias a respeito da perseverança, afirma:
Se há pessoas que não estudam ou que, se estudam, não aproveitam, elas que não se desencorajem e não desistam.
Se há pessoas que não interrogam os homens instruídos para esclarecer as suas dúvidas ou o que ignoram, ou que, mesmo interrogando-os, não conseguem ficar mais instruídas, elas que não se desencorajem e não desistam.
Se há pessoas que não meditam ou que, mesmo que meditem, não conseguem adquirir um conhecimento claro do princípio do bem, elas que não se desencorajem e não desistam.
Se há pessoas que não distinguem o bem do mal ou que, mesmo que distingam, não têm uma percepção clara e nítida, elas que não se desencorajem e não desistam.
Se há pessoas que não praticam o bem ou que, mesmo que o pratiquem, não podem aplicar nisso todas as suas forças, elas que não se desencorajem e não desistam.
O que outros fariam numa só vez, elas o farão em dez. O que outros fariam em cem vezes, elas o farão em mil, porque aquele que seguir verdadeiramente esta regra da perseverança, por mais ignorante que seja, tornar-se-á uma pessoa esclarecida; por mais fraco que seja, tornar-se-á necessariamente forte.

Redação do Momento Espírita com base no cap.71,  do livro
Ideal espírita, pelo Espírito André Luiz, psicografia de
Francisco Cândido Xavier, ed. Cec e do texto
A perseverança,
  do livro
A sabedoria de Confúcio, de Confúcio, ed. José
Olympio.
Em 29.03.2012.
 

Se eu tivesse...



Se eu tivesse falado do amor que sentia, se eu tivesse perdoado, aconselhado, se eu tivesse me calado...
Estas são afirmativas que costumam fazer parte dos nossos pensamentos em alguns momentos da vida.
Diante da perda de um ente querido ou no momento em que sabemos estar próxima a nossa partida para a Pátria Espiritual, a sensação de que se poderia ter feito muito mais, é causa de uma das grandes dores do ser humano.
Pensamos que poderíamos ter sido mais cuidadosos nos relacionamentos com os amigos e amores, ter nos doado mais ao próximo, realizado aquele sonho... ou simplesmente poderíamos ter amado mais.
O arrependimento pelo bem que não foi feito é doloroso.
Conveniente seria se vivêssemos a vida sem precisar de um dia empregar essas frases, que demonstram que algo poderia ter sido feito e que agora, não mais nos é possível fazê-lo.
Muitas vezes justificamos o abandono de um objetivo por não termos as condições que julgamos ideais para cumpri-lo.
Dizemos a nós mesmos que não temos o dinheiro ou o tempo suficiente, o poder ou a autoridade, que não temos coragem ou disposição, que somos velhos demais ou jovens demais ou que temos saúde de menos.
Essas afirmativas apenas demonstram o nosso desânimo frente às situações que a vida nos apresenta.
Colocamo-nos facilmente na condição de depender de algo ou de alguém para agir, quando toda ação depende exclusivamente da nossa própria vontade.
*  *  *
Tenhamos coragem e entusiasmo para fazer o que consideramos correto, para agir de acordo com o que a nossa própria consciência nos orienta e para fazer o que for preciso em defesa dos nossos sonhos.
Obstáculos sempre serão encontrados e dificuldades pessoais todos nós as temos pois fazem parte do estágio evolutivo em que nos encontramos.
Com coragem, paciência e disciplina seremos capazes de vencer as dificuldades.
Quando nos mantemos ligados a Deus, sentindo-O em nosso íntimo, qualquer objetivo que nos propusermos a alcançar não nos parecerá distante e encontraremos a força necessária.
Seja a realização de uma grande obra ou apenas um pedido sincero de perdão a alguém que estimamos, se não tivermos coragem, acabaremos por deixar esquecida a nossa vontade.
Diante da história de nossas vidas, olhemos para trás para perceber o quanto já aprendemos, o quanto já crescemos.
E, no caso de constatar que não fizemos as melhores escolhas ao longo da nossa jornada, que usamos mal a liberdade que Deus nos concedeu para escolher os próprios caminhos, não deixemos o desânimo se instalar.
Sempre há uma boa lição a ser retirada das experiências vividas.
É hora de caminhar com fé e entusiasmo no coração. Hora de fazer renascer a esperança, deixar germinar a coragem e enxergar que somos capazes de realizar esse ou aquele feito.
A coragem nos impulsiona a agir.
Vivamos com a sensação de estar fazendo o melhor que pudermos para que, um dia, quando chegar a nossa hora de partir, não precisemos dizer para nós mesmos: Se eu tivesse...

Redação do Momento Espírita.
Em 28.03.2012.

Grão de mostarda



Em uma parábola, Jesus afirma que o Reino dos Céus é semelhante a um grão de mostarda que um homem semeou no seu campo.
Embora seja a menor das sementes, ao crescer se torna a maior das plantas e faz-se uma árvore, que abriga as aves do céu.
Como sempre acontece em se tratando de parábolas, são possíveis muitas interpretações.
Uma delas reside na necessidade de se prestar atenção em questões aparentemente ínfimas.
Raras pessoas costumam pensar com seriedade a respeito da vida e dos deveres que ela lhes apresenta.
Muitos homens, investidos de importantes responsabilidades, evidenciam paixões nefastas e destruidoras, seja no campo dos sentimentos, dos negócios, da família ou das relações sociais.
Por conta dessas paixões, oferecem tristes espetáculos de conduta indigna.
As mentes desequilibradas pela irreflexão encontram-se por toda parte.
Isso evidencia um descuido com as coisas mínimas.
O coração humano muitas vezes parece um campo abandonado.
Por falta de cuidado, nele crescem ervas daninhas que, com o tempo, produzem grandes tragédias.
Todo grave desequilíbrio surge lento na rota humana.
Embora a aparente sensatez, quem de repente comete uma baixeza pensou nela durante algum tempo.
Permitiu que a ideia má crescesse, empolgasse seu coração e finalmente tomasse conta de sua vida.
O homem nunca deve esperar colheitas milagrosas.
Ele precisa amanhar a terra de seu coração e cuidar do plantio.
A semente de mostarda constitui o pensamento, a palavra e o gesto.
Muitos falam bastante em humildade, mas nunca revelam um gesto de obediência.
Contudo, ninguém jamais realizará a bondade em si se não começar a ser bom nas ocasiões mais singelas.
Alguma coisa pequenina há de ser feita, antes de ser edificada uma obra grandiosa.
Extrai-se facilmente da mensagem de Jesus que o Reino de Deus está dentro de cada um.
Portanto, é no seu íntimo que o homem deve construí-lo.
É no interior que se desenvolve o trabalho da realização Divina.
A maior floresta do mundo começou de sementes minúsculas.
O mesmo se dá com o ser humano.
Se ele se permite pequenos pensamentos infelizes e gestos indignos, caminha para a vivência de graves males.
Entretanto, pode decidir cuidar das coisas pequenas, prestar atenção no que pensa, diz e faz em seu cotidiano.
Se cuidar das coisas pequenas, crescerá em força, paz e virtudes.
É preciso semear na própria vida os ínfimos grãos da gentileza, da conversa sadia e dos hábitos dignos.
Essa pequenina semeadura com o tempo se converterá na plenitude íntima de quem possui uma larga faixa de céu no coração.
Pense nisso.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 35 do livro Os
mensageiros, pelo Espírito André Luiz, psicografia de
Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.

Em 27.03.2012.

Especial gratidão



A gratidão é um sentimento nobre. Somente almas de superior qualidade a externalizam.
Quase sempre, o bem que se recebe é esquecido, tão logo circunstâncias outras se apresentem.
Mas, aquele garotinho de quatro anos era mesmo um ser especial. Quando começou a passar mal, seus pais o levaram ao médico. Os sintomas de vômito, febre e dor na barriga foram diagnosticados como gastroenterite.
O diagnóstico errado conduziu o pequenino a uma cirurgia de emergência. Um apêndice perfurado causara um grande estrago interno. De tal forma que o médico optou por deixar a incisão aberta e dois drenos.
Todas as manhãs, o médico vinha verificar a incisão e fazer o curativo. O garotinho gritava feito louco durante essas visitas.
E começou a associar o médico com tudo de ruim que lhe estava acontecendo.
Durante uma semana, os drenos deixaram escorrer o veneno de dentro do seu corpo de apenas dezoito quilos.
A melhora se instalou e pai, mãe e filho se dispuseram a deixar o hospital. Já no elevador, com as portas começando a fechar, eles viram o médico correr em sua direção.
Um exame de sangue de última hora havia detectado uma queda radical na contagem de glóbulos brancos.
O menino retornou para a cirurgia para limpeza de novas bolsas de infecção no seu abdômen.
Finalmente, depois de vários dias de tratamento, muitos sustos para os pais, que viram a sombra da morte colocar suas cores no rosto do filho, eles foram para casa.
Agora, outro problema se apresentava: as contas a pagar. O pai ficara muito tempo afastado da atividade profissional, por conta da enfermidade do filho.
Havia contas domésticas, da empresa e, acrescidas, ademais, por enormes contas hospitalares. A primeira dessas era de trinta e quatro mil dólares.
Poderia ser um milhão, disse o pai. Tanto faz. Não tenho como levantar essa quantia.
Não podemos pagar isto agora, disse ele para a esposa.
Naquele exato momento, o filho veio da sala e surpreendeu o casal com uma estranha declaração. Ele ficou de pé na extremidade da mesa, colocou as mãos na cintura e falou:
Papai, Jesus usou o doutor para ajudar a me consertar. Você precisa pagar a ele.
Então, se virou e saiu. Marido e mulher se entreolharam. O que fora aquilo?
Ambos foram pegos de surpresa, de vez que o garoto entendera que o cirurgião era a fonte de todas as apalpadelas, cortes, espetadelas, drenagens e dores.
E o pai ficou a pensar como fora estranha aquela proclamação na cozinha. Afinal, quantas crianças de quatro anos analisam as angústias financeiras da família e exigem o pagamento para um credor?
E, principalmente, um credor de quem ele nunca gostou particularmente...
*   *   *
Os que ouvimos a história dessa família concluímos: o garoto estava agradecido e, na sua gratidão, não podia deixar de pedir que quem o salvara da morte, recebesse o seu justo pagamento.
Deixemo-nos contaminar por esse belo sentimento e recordemos se a alguém ou a vários alguéns não estamos devendo expressões de gratidão.
Pensemos nisso.

Redação do Momento Espírita, com base nos caps. Nove, dez e
onze, do livro O céu é de verdade, de Todd Burpo, com Lynn
Vincent, ed. Thomas Nelson Brasil.

Em 26.03.2012.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Conforto


 
Nos dias atuais, a ciência progride vertiginosamente no planeta.
No entanto, à medida que se suprimem os sofrimentos do corpo, multiplicam-se as aflições da alma.
Nos países com padrão social mais elevado, impressiona o crescente número de suicídios.
Os jornais estão cheios de notícias maravilhosas quanto ao progresso material.
Segredos sublimes da natureza são surpreendidos nos domínios do mar, da terra e do ar.
Contudo, a estatística dos crimes humanos segue espantosa.
São frequentes as notícias sobre tragédias conjugais, traições e abandonos.
Parece haver muita sede de liberdade sem responsabilidade.
As criaturas se permitem tristes inquietações sexuais, sem atinar quanto a possíveis limites.
Ao muito se facultarem, no entanto, não se tornam mais pacíficas e felizes.
Ao contrário, sôfregas e inquietas, passam a imagem de uma imensa carência.
Nessa onda de loucuras, surgem novas e intrigantes enfermidades, físicas e psíquicas.
A rigor, o homem moderno não se mostra preparado para viver com conforto.
Ele a cada dia mais domina a paisagem exterior, mas não conhece a si mesmo.
Quando são atendidas as necessidades do corpo, surgem imperiosas as carências da alma.
O conforto humano tende a aumentar naturalmente.
Pouco a pouco, o homem disporá de mais tempo para si.
O trabalho se tornará cada vez mais intelectualizado e eficiente.
A democratização das informações também viabilizará o questionamento de antigas crenças e valores.
O problema reside em identificar o que convém, ante tal quadro, a um tempo perigoso e promissor.
Ressurge oportuna a reflexão de Paulo de Tarso, no sentido de que tudo nos é possível, mas nem tudo nos convém fazer.
Com horas livres e acesso à Internet, surge um mundo de possibilidades.
O homem pode se permitir as maiores baixezas nesse ambiente virtual.
Pode se viciar em pornografia, participar de conversas de baixo calão e incentivar o ódio.
Contudo, na conformidade do que decidir viver, terá consequências inevitáveis.
Caso se conecte com as faixas infelizes da vida, a cada dia mais infeliz será.
Assim, no pleno uso da liberdade pessoal, é o momento de decidir o que se viverá.
Não mais movido por convenções sociais, medo ou falta de opções.
Tudo é possível, mas convém fazer escolhas felizes e construtivas.
Instruir-se, voltar os olhos para o que de belo e puro há no mundo.
Cuidar para que as horas de folga sejam momentos de paz e aprimoramento.
Pense nisso.
 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 5, do livro Os mensageiros, pelo Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.
Em 23.03.2012.