sábado, 21 de setembro de 2013

ORAÇÃO NOSSA



Senhor,  ensina-nos:
a orar sem esquecer o trabalho;
a dar sem olhar a quem;
a servir sem perguntar até quando;
a sofrer sem magoar seja a quem for;
a progredir sem perder a simplicidade;
a semear o bem sem pensar nos resultados;
a desculpar sem condições;
a marchar para a frente sem contar os obstáculos;
a ver sem malícia;
a escutar sem corromper os assuntos;
a falar sem ferir;
a compreender o próximo sem exigir entendimento;
a respeitar os semelhantes sem reclamar consideração;
a dar o melhor de nos, além da execução do próprio dever, sem cobrar taxas de reconhecimento;
Senhor,  fortalece em nós a paciência para com as dificuldades dos outros, assim como precisamos da paciência dos outros para com as nossas dificuldades;
Ajuda-nos, sobretudo, a reconhecer que a nossa felicidade mais alta será invariavelmente, aquela de cumprir-Te os desígnios onde a como queiras, hoje, agora e sempre.

                                                                                Emmanuel
   
Francisco Cândido Xavier
À Luz da Oração/Casa Editora-O Clarim

Seja um bom filho



Muito se fala da grande importância dos pais na vida de todos nós. A educação que recebemos, as referências que temos deles determinam nosso futuro.
É certamente das mais belas missões que encontramos, na face da Terra, a paternidade e a maternidade.
Mas, cabe também lembrarmos o papel dos filhos na construção de um lar feliz, harmônico.
Sim, não só os pais têm deveres na família. Por isso, hoje, falaremos dos deveres dos filhos.
*   *   *
Respeito.
Embora muitos de nós possamos não nos dar bem com os pais, embora possamos ter diferenças, pensamentos em desalinho, não podemos deixar de ter o mais profundo respeito por quem nos aceitou como filhos.
Talvez digamos que não temos os pais que desejaríamos ter. Contudo, tenhamos certeza de que temos os pais que necessitamos para atender às nossas dificuldades morais.
Nascemos no lar que precisamos nascer. Não há acaso na reencarnação.
Respeitemos, assim, quem sacrificou boa parte da vida pelo nosso bem, pelo nosso sustento, pelo nosso sucesso, mesmo que tenham falhado e não atendido nossas expectativas.
São Espíritos em evolução como nós, que aceitaram de Deus uma missão seríssima e bela.
Não os desmereçamos, não os menosprezemos, por mais difíceis que sejam. Eles fizeram ou fazem o melhor ao seu alcance.
Ainda quando alguma mágoa teimar em se instalar em nosso coração, reflitamos sobre as possíveis dificuldades que portaram, dos tormentos que os assinalaram na estrada da paternidade.
Não é nada fácil ser pai, ser mãe. Julguemos sempre com o coração repleto de indulgência.
Guardemos as boas memórias, os exemplos felizes...
*   *   *
Cooperação.
É dever do filho a cooperação no lar.
Com tristeza vemos um grande número de lares onde os pais são servos, escravos dos filhos.
Esses crescem e se encostam no sustento dos pais, sem dar contribuição alguma para a manutenção do ambiente doméstico.
Nossa casa é uma empresa que, para funcionar bem, precisa da ajuda de todos. Todos têm seus papéis, suas funções e todos precisam colaborar.
Ajudar nas arrumações, na preparação de refeições; auxílio no cuidado dos irmãos menores, pequenos serviços de reparos aqui e ali – todos temos condição de fazer, obedecendo, é claro, a idade e capacidade de cada um.
Não pensemos que os pais têm obrigação de nos sustentar ad eternum ou enquanto morarmos sob um mesmo teto.
Não, o filho que já trabalha e tem seu sustento precisa utilizar-se de seus ganhos para aliviar um pouco a sobrecarga financeira dos pais.
Todos podemos colaborar e devemos ser incentivados a esse trabalho em equipe, desde cedo.
*   *   *
Amemos e respeitemos em nossos genitores a humana manifestação da Paternidade Divina.
Quando fortes, sejamos para eles a companhia e a jovialidade: quando fracos, a proteção e o socorro.
Enquanto sadios, presenteemos a eles com a alegria e a consideração; se enfermos, com a assistência dedicada e a sustentação precisa. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Deveres dos
filhos, do livro S.O.S. família, pelo Espírito Joanna de Ângelis,
psicografia de Divaldo Franco, ed. LEAL e no cap. 6, do livro
Ações
corajosas para viver em paz, pelo Espírito Benedita Maria, psicografia
Em 3.9.2013.


Pessoas doces




Você já percebeu como é fato comum, corriqueiro mesmo, taxarmos algumas pessoas como doces?
É do linguajar coloquial dizermos que fulano é um doce de pessoa ou, ainda, que beltrano é uma doçura.
Se analisarmos literalmente a expressão, nos parece um tanto estranho que alguém possa nos causar a impressão de ser doce.
Porém, talvez mais surpreendente seja o fato de que, ao ouvirmos essa colocação a respeito dessa ou daquela pessoa, muitas vezes concordamos e logo entendemos a lógica de tal colocação.
Mas, de onde nasce a doçura de alguém? Como nos tornamos doces ou como provocamos essa impressão de doçura naqueles com quem nos relacionamos?
Na verdade, a doçura é a maneira simples, popular, descontraída, de avaliarmos a delicadeza do comportamento, a pureza do sentimento ou mesmo a preocupação da ação em relação ao próximo.
Pessoas doces são aquelas para as quais a preocupação com o semelhante, com o seu bem-estar, com seus sentimentos e dificuldades sempre estão presentes.
A doçura está, muitas vezes, no silêncio de um olhar, na expressividade de um toque, na singeleza de um breve bilhete cheio de significado.
A doçura não é ação premeditada, muito menos roteiro a ser seguido. É apenas o reflexo dos valores da alma, que se externalizam em ações de bondade e carinho para com o próximo.
Pessoas doces simplesmente são. Desconhecem, quase sempre, que suas atitudes conseguem adoçar vidas, alegrar dias, suavizar dores.
Oferecem ao próximo aquilo que já conquistaram, presenteando todos com quem se relacionam, com sua afabilidade e doçura.
Para aqueles de nós que ainda não conquistamos tal virtude, servem-nos elas de exemplo e referência no trato pessoal.
Não raro expressamos nosso azedume, ou nos tornamos espinhos no trato com o próximo e, inúmeras outras vezes, deixamos apenas um sabor amargo junto àqueles com quem nos relacionamos.
Porém, mudar os sabores com que temperamos nossos dias é uma questão de escolha e decisão pessoal.
Coloquemo-nos no lugar daquele ao qual dirigimos palavras que destilam fel.
Imaginemos o sentimento de alguém, após ter ouvido de nós palavras duras e amargas.
Por certo, não desejaríamos receber tal carga de emotividade negativa.
Então, por coerência, não devemos ser portadores delas.
*   *   *
Se admiramos a doçura daqueles que nos fazem os dias mais leves e alegres, busquemos modificar o paladar de nossas ações.
Exercitemos a gentileza, a indulgência, a benevolência e o perdão para com o próximo.
Busquemos ser o apoio e a compreensão, aceitando o outro, com as dificuldades naturais que ele ainda traz no seu mundo íntimo.
São esses sentimentos que, no exercício do relacionamento social, provocam doces impressões naquele que conosco convive.
E assim, compreendendo e aceitando-nos uns aos outros, os dias serão mais doces e suaves para todos nós.
 Redação do Momento Espírita.
Em 6.9.2013.



Recado de Deus




Aqueles que dispõem da visão perfeita, com certeza não podem avaliar a preciosidade que é ter noção de espaço, distâncias, cores - tudo o que os olhos oferecem todos os dias.
Por isso, ouvir o depoimento de uma senhora novaiorquina, cega, que mora sozinha, é oportuno.
Durante todo o inverno ela ficou dentro de casa a maior parte do tempo. Naquele dia de final de abril, a friagem amenizou e ela sentiu o perfume forte e estimulante da primavera.
Seus ouvidos escutaram o canto insistente de um passarinho do lado de fora da janela. Era como se a pequena ave a estivesse convidando a sair de casa.
Preparou-se, tomou a bengala e saiu. Voltou o rosto para o sol, deu-lhe um sorriso de boas-vindas, agradecida pelo seu calor e a promessa do verão.
Caminhando tranquila pela rua sem saída, escutou a voz da vizinha a lhe perguntar se não desejava uma carona.
Não, respondeu ela. As minhas pernas descansaram o inverno inteiro. As juntas estão precisando ser lubrificadas e um passeio a pé me fará bem.
Ao chegar na esquina ela esperou, como era seu costume, que alguém se aproximasse e permitisse que ela o acompanhasse, quando o sinal ficasse verde.
Os segundos pareceram uma eternidade. E ninguém aparecia. Nenhuma oferta de ajuda. Ela podia ouvir muito bem o ruído nervoso dos carros passando com rapidez, como se tivessem que conduzir os seus ocupantes a algum lugar, muito, muito depressa.
Por um momento se sentiu só, desprotegida. Resolveu cantarolar uma melodia. Do fundo da memória, recordou-se de uma canção de boas-vindas à primavera, que havia aprendido na escola quando era criança.
De repente, ela ouviu uma voz masculina forte e bem modulada.
Você me parece um ser humano muito alegre. Posso ter o prazer de sua companhia para atravessar a rua?
Ela acenou afirmativamente com a cabeça, sorriu e murmurou ao mesmo tempo um sim.
Delicadamente, ele segurou o braço dela. Enquanto atravessavam devagar, conversaram sobre o tempo e como era bom, afinal, estar vivo num dia daqueles.
Como andavam no mesmo passo, era difícil se saber quem era o guia e quem era o guiado. Mal haviam chegado ao outro lado da rua, ouviram as buzinas impacientes dos automóveis. Devia ser a mudança de sinal.
Ela se voltou para o cavalheiro, abriu a boca para agradecer pela ajuda e pela companhia.
Antes que pudesse dizer uma palavra, ele já estava falando:
Não sei se você percebe como é gratificante encontrar uma pessoa tão bem disposta para acompanhar um cego como eu, na travessia de uma rua.
*   *   *
Às vezes, quando nos sentimos sós no Universo, Deus nos manda uma imagem semelhante para diminuir nossa sensação de isolamento e disparidade.
É sempre reconfortante conseguir perceber que, sejam quais forem as dificuldades e limitações que estejamos atravessando, sobre a Terra, existem outras tantas dezenas ou centenas de criaturas que, como nós, passam por situações semelhantes.
E, o mais importante, lutam e vencem. É a mensagem viva de bom ânimo da Divindade para as nossas próprias vidas.

Redação do Momento Espírita, com base no livro
Pequenos milagres, de Yitta Halberstam e Judith Leventhal,
ed. Sextante.
Em 5.9.2013.