sábado, 23 de junho de 2012

Tentação




Somos tentados pelas forças exteriores da vida, segundo as nossas necessidades de purificação interna.
Isso equivale a dizer que cada criatura sofre a tentação, conforme a natureza que lhe é própria.
Qual acontece nos domínios da natureza em que o fogo não se alimenta de água, mas sim de combustível que se lhe afina ao modo de ser, no reino do espírito, cada um de nós entra em combinação apenas com as energias que se assemelham às nossas.
Assim é que renascemos, habitualmente, no plano físico, transportando conosco as deficiências individuais e os problemas domésticos que nos reclamam extinção ou ajustamento.
Espíritos entregues à usura e à crueldade, em muitas circunstâncias, ressurgem no berço de ouro, experimentando, de novo, a tentação da sovinice e do orgulho de modo a superá-los e almas cristalizadas na revolta e na indisciplina quase sempre reaparecem nos lares empobrecidos, atravessando novamente a tentação do desespero e da delinqüência para vencê-los suficientemente.
Reunimo-nos através da família consangüínea, muitas vezes,com as nossas aversões mais profundas, para transformá-las em amor puro, ao preço de perdão e serviço, devotamento e renúncia, e ,em todos os quadros da luta humana, somos defrontados por rudes provas que nos falam de perto  às próprias necessidades, a fim de que, na sublime vitória sobre nós mesmos, saibamos buscar os cimos da vida.
Não te creias simplesmente tentado pelos outros à descida ao despenhadeiro das trevas.
Somos nós mesmos que, estendendo o fio do desejo, atraímos em nosso prejuízo ou em nosso favor as companhias que nos acrescentarão as forças para a queda ou para a ascensão à Divina Luz.


Confia e Segue-Francisco Cândido Xavier/Emmanuel
Edição GEEM - Grupo Espírita Emmanuel S/C Editora

quarta-feira, 20 de junho de 2012

A família em primeiro lugar



        O administrador Stephen Kanitz, colunista da revista Veja, escreveu em edição de fevereiro de 2002 mais ou menos o seguinte:

        Há vinte anos presenciei uma cena que modificou radicalmente minha vida. Foi num almoço com um empresário respeitado e bem mais velho que eu.

        O encontro foi na própria empresa. Ele não tinha tempo para almoçar com a família em casa, nem com os amigos num restaurante. Os amigos tinham de ir até ele.

        Seus olhos estavam estranhos. Achei até que vi uma lágrima no olho esquerdo. “Bobagem minha”, pensei. Homens não choram, especialmente na frente dos outros.

        Mas, durante a sobremesa, ele começou a chorar copiosamente. Fiquei imaginando o que eu poderia ter dito de errado. Supus que ele tivesse se lembrado dos impostos pagos no dia.

        “Minha filha vai se casar amanhã”, disse sem jeito, “e só agora a ficha caiu. Percebo que mal a conheci.

        Conheço tudo sobre meu negócio, mal conheço minha própria filha. Dediquei todo o tempo à minha empresa e me esqueci de me dedicar à família.”

        Voltei para casa arrasado. Por meses, me lembrava dessa cena e sonhava com ela. Prometi a mim mesmo e a minha esposa que nunca aceitaria seguir uma carreira assim.

        Colocar a família em primeiro lugar não é uma proposição tão aceita por aí. Normalmente, a grande discussão é como conciliar família e trabalho. Será que dá?

        O cinema americano vive mostrando o clichê do executivo atarefado que não consegue chegar a tempo para a peça de teatro da filha ou ao campeonato mirim de seu filho.

        Ele se atrasou justamente porque tentou conciliar trabalho e família. Só que surgiu um imprevisto de última hora, e a cena termina com o pai contando uma mentira ou dando uma desculpa esfarrapada.

        Se tivesse colocado a família em primeiro lugar, esse executivo teria chegado a tempo. Teria levado pessoalmente a criança ao evento.

        Teria dado a ela o suporte psicológico necessário nos momentos de angústia que antecedem um teatro ou um jogo.

        A questão é justamente essa. Se você, como eu e a grande maioria das pessoas, tem de conciliar família com amigos, trabalho, carreira ou política, é imprescindível determinar quem você coloca em primeiro lugar.

        Colocar a família em primeiro lugar tem um custo com o qual nem todos podem arcar. Implica menos dinheiro, fama e projeção social.

        Muitos de seus amigos poderão ficar ricos, mais famosos que você e um dia olhá-lo com desdém. Nessas horas, o consolo é lembrar um velho ditado que define bem por que priorizar a família vale a pena:

        “Nenhum sucesso na vida compensa um fracasso no lar.”

        Qual o verdadeiro sucesso de ter um filho drogado por falta de atenção, carinho e tempo para ouvi-lo no dia-a-dia?

        De que adianta ser um executivo bem-sucedido e depois chorar durante a sobremesa porque não conheceu sequer a própria filha?

                                                  *   *   *

        O lar constitui o cadinho redentor das  almas. Merece nosso investimento em recursos de afeto, compreensão e boa vontade, a fim de dilatar os laços da estima.

        Os que compõem o lar são os marcos vivos das primeiras grandes responsabilidades do Espírito encarnado.

        Assim, acima de todas as contingências de cada dia, compete-nos ser o cônjuge generoso e o melhor pai, o filho dedicado e o companheiro benevolente.

        Afinal, na família consangüínea, temos o teste permanente de nossas relações com toda a Humanidade.


Redação do Momento Espírita, baseado no artigo de Stephen Kanitz,
revista Veja, seção Ponto de vista, de 20 de fevereiro de 2002 e no cap.
19 do livro Conduta espírita, do Espírito André Luiz, psicografia de
Waldo Vieira, ed. Feb.
Em 13.08.2008.

Fé e trabalho


O trabalho é lei da vida.
Sem atividade, o corpo definha e o Espírito se amolenta.
Para demonstrar a importância do labor, em dado momento Jesus afirmou:
Meu Pai trabalha até agora, e Eu trabalho também.
O Evangelho constitui um roteiro de vida equilibrada e saudável, não apenas um repositório de máximas de moral.
Saber-se útil é essencial à psicologia humana.
A criatura sem atividade produtiva carece de sentido existencial.
Tende a adoecer, física e psicologicamente.
Entretanto, o gosto por prolongados descansos persiste marcante na Humanidade.
Mesmo entre os religiosos, por vezes, o trabalho é tido à semelhança de uma punição.
Muitos afirmam desejar morrer para descansar.
Ou sinalizam, de variadas formas, considerar a morte uma forma de descanso.
O ócio seria um prêmio, um objetivo a ser perseguido.
Ocorre que essa linha de pensamento não encontra base na doutrina de Jesus.
A Espiritualidade Superior afirma não possuir interesse na incorporação de devotos famintos de um paraíso feito de preguiça.
Na Terra, mesmo a erva tenra deve produzir consoante objetivos superiores.
Os pequenos animais, guiados pelo instinto, cumprem o papel que lhes cabe.
Nessa linha, o que não deverá produzir a magnífica inteligência do Espírito encarnado?
Grande é a tarefa depositada nas mãos dos homens cuja inteligência é iluminada pela fé.
Fica-lhes muito mal reclamar da vida e desejar trabalhar o mínimo possível.
Seu papel é o de agentes da Providência.
Necessitam laborar com alegria para que o mundo se torne melhor.
Precisam ensinar os ignorantes, amparar os indigentes e os caídos.
Esse convívio com seres de valores diferentes não constitui uma punição ou uma desgraça.
O solo do planeta representa o abençoado círculo em que podem e devem colaborar com o Senhor da Vida.
Trata-se de seu educandário e de sua oficina.
Algum dia, lograrão assimilar bem a lição do serviço fraterno.
Então, terão acesso a mundos mais depurados e felizes porque estarão habilitados a neles desempenhar tarefas mais sofisticadas.