terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Sobre a duração do arco-íris


Se um arco-íris dura mais do que quinze minutos, não o olhamos mais.
A constatação é do filósofo alemão Goethe e representa muito do que vai na alma humana, nestes dias.
Nós, da geração do imediato, do prático, do instantâneo, acabamos tendo dificuldade em nos demorarmos em qualquer experiência que seja, mesmo que prazerosa.
Por que será que muitos de nós acostumamos com a beleza e, então, deixamos de contemplá-la?
Por que será que muitos nos habituamos com as coisas boas que temos na vida e deixamos de valorizá-las?
Alguns não observamos mais as estrelas como se, depois de algum tempo, perdessem sua grandiosidade, seu mistério e deixassem de ser interessantes.
Alguns esquecemos de olhar o pôr-do-sol. Afinal, ele acontece todo dia e talvez não nos surpreenda mais...
Outros deixamos de admirar a esposa, o marido, os filhos, como se esses arco-íris, que temos ao nosso lado, perdessem suas cores ao longo da convivência.
Alguns ainda deixam de se deslumbrar com a própria existência, após alguns anos de luta, esquecendo que cada dia é um novo milagre, uma nova chance, um novo arco-celeste multicolor.
De tão focados no trabalho e nas questões práticas da vida cotidiana, que aprendemos a ser, acabamos nos tornando grandes distraídos.
Sim, distraídos no sentido de esquecidos, pouco atenciosos no que diz respeito às questões mais importantes da existência.
Por isso, em alguns momentos na vida precisamos parar tudo. Parar até de pensar tantas coisas ao mesmo tempo.
As técnicas de meditação nos ensinam este valioso hábito: limpar a mente. Pensar numa coisa de cada vez. Pensar em algo por muito tempo, sem deixar que a mente fique pulando de galho em galho.
Precisamos aprender a observar cada arco-íris até o fim, saboreando esses instantes de maravilhosa beleza, sem deixar que passem, assim, correndo, ou tão rápido, como dizemos popularmente.
A pressa não é apenas inimiga da perfeição mas também da alegria, do deleite e das emoções verdadeiras.
*   *   *
Pare e observe.
Pare e observe algo simples mas fascinante, como a disposição dos galhos numa grande árvore. Imagine quantos seres têm sua moradia ali , escondidos, mas vivos e atuantes no ecossistema.
Pare e observe uma porção de água qualquer: um pequeno lago, uma poça ou até mesmo a água dentro de um copo.
Perceba o comportamento dela quando se gera alguma vibração. Note a forma das ondas.
Coloque a ponta de um dos dedos e sinta a temperatura, a forma com que ela o envolve.
Pare e observe uma criança dormindo. Acompanhe a calma da respiração, a paz de sua expressão, a beleza dos traços...
Pare e observe a vida , os dias, as pessoas. Pare e observe o amor, onde quer que esteja.
Nossa alma se acalma, ganha forças e se aproxima do Criador, sem esforço, sem tensão.
Pare e observe...
Redação do Momento Espírita.
Em 02.01.2012.



                             A Oração

A princípio, é um rumor do coração que clama,
Asa leve a ruflar da alma que anseia e chora...
Depois, é como um círio hesitante  de   aurora,
Convertendo-se,após,em resplandecente chama..

Então, ei-la a vibrar como estrela sonora!
É a prece a refulgir por milagrosa flama,
Glória de quem confia o poder de quem ama,
Por mensagem solar, cindindo os céus afora...

Depois, outro clarão do além desce e fulgura,
É a resposta divina aos rogos da criatura,
Trazendo paz e amor em fúlgidos rastilhos!...

Irmão,guardai na prece o altar do templo vosso!
Através da oração,nós bradamos:-“ Pai Nosso! ”
E através dessa luz,Deus responde:-“ Meus filhos! “

                                                  Amaral Ornelas
                                                 Texto do livro “Aluz da Oração”        
                                                  Edit.Clarim-Ed.9/2010.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Mensagem para o Natal


 
Véspera de Natal. Noite gélida. A neve cai em flocos minúsculos, como garoa condensada.
A menina anda pelas ruas. Sente frio, mas sabe que não poderá voltar para casa. Não sem ter vendido as caixas de fósforos.
O dia morrera e ela não conseguira vender nenhuma.
Encolhe-se na saliência de uma casa. Acocora-se ali, com os pés encolhidos, para abrigá-los ao calor do corpo. Mas cada vez sente mais frio.
Toma de um fósforo. Que mal haverá se ela acender um? Somente um.
Risca-o contra a parede e a chama se faz. Parecia uma vela e ela se viu sentada diante de uma grande estufa, de bronze polido. Ardia nela um fogo magnífico, que espalhava suave calor.
Ela foi estendendo os pés congelados, para os aquecer e... apagou-se o clarão.
Então risca outro fósforo e onde bate a luz, a parede fica transparente, como um véu. Ela vê tudo dentro da sala. A mesa posta, a porcelana fina, um belo pato assado, recheado de maçãs e ameixas.
Mas o fósforo apaga e tudo some. Ela fica ali a ver somente a parede nua e fria na noite escura.
Acende outro fósforo e à sua luz vê uma enorme árvore de Natal. Entre os galhos, milhares de velinhas.
Ela estende os braços desejando apanhar um dos enfeites e então, então... apaga-se o fósforo.
As luzinhas da árvore de Natal foram subindo, subindo, até alcançar o céu e se transformarem em estrelas.
Uma delas cai, lá de cima, deixando uma poeira luminosa pelo caminho.
Alguém morreu! – Fala a criança, lembrando o que dizia sua avó: Quando uma estrela desce, uma alma sobe aos céus.
Ela acende mais um fósforo. Desta vez, é a avó que lhe aparece, sorridente, no esplendor da luz.
A emoção envolve a pequena. Desde que possa lembrar, ela somente recebera carinhos da avó. Ela, sim, a amara.
Vovó, eu queria que a senhora fosse de verdade. Sei que quando a chama apagar, a senhora vai desaparecer, como as luzes, a estufa quente, o pato assado, a árvore de Natal.
E se põe a riscar na parede, todos os fósforos das caixas, para que sua avó não vá embora.
Eles ardem com tanto brilho, que parece dia. Ela vê a avó cheia de luz, tão bonita!
A bondosa senhora a toma nos braços. Voam ambas, em um halo de luz e de alegria, mais alto, mais alto e mais longe...
Vão para um lugar onde não há mais frio, nem fome, nem sede, nem dor, nem medo. Elas penetram o mundo espiritual.
No dia seguinte, os transeuntes encontram a menina morta, com a mãozinha cheia de fósforos queimados.
Coitadinha! Comentam. Deve ter querido se aquecer.
E todos se admiram do sorriso estampado no rostinho infantil.
Mas ninguém soube que visões maravilhosas lhe povoaram os últimos momentos. Nem com que alegria entrou, com sua avó, nas glórias da Espiritualidade, em pleno Natal.
*   *   *
Neste Natal, pensemos: até quando permitiremos que a infância continue a morrer, em pleno desabrochar?
Até quando continuaremos a permitir que a escuridão povoe o universo infantil?
É Natal. Natal de Jesus. Façamos algo por nossas crianças.
 
Redação do Momento Espírita, com base no conto A acendedora
de fósforos, de Hans Christian Andersen.
Em 22.12.2011.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011


Soberano Singular

Durante milênios Ele foi aguardado. Falava-se de um soberano poderoso, governador das estrelas. Um Ser, cujo poder abalaria o mundo.
Os homens O idealizaram coberto de riquezas, rodeado de servos. Imaginaram que Seu nascimento seria noticiado a todos os poderosos da Terra.
Que haveria sons de trombetas e anúncios bombásticos. Então, Ele chegou. Aguardou um dia em que a cidade regurgitava de estrangeiros e todas as mentes estavam voltadas para as questões das suas próprias existências.
Buscou um lugar mais afastado, longe do burburinho das gentes. Um estábulo.
Entre o feno foi-Lhe preparado um improvisado berço. E Ele veio à luz, tendo como testemunhas silenciosas um boi e um burro.
Animais que simbolizam o trabalho e a submissão.
Escolheu por pai um carpinteiro, um homem de índole pacífica e rija têmpera. Por mãe, uma jovem mulher, portadora de peregrinas virtudes e invulgar sabedoria.
Como arautos de Sua chegada teve um coro de vozes celestiais segredando a almas simples, no campo, as notícias alvissareiras: chegara o Rei.
E os pastores, deixando suas ovelhas, foram procurar o menino envolto em panos, conforme lhes falara o celeste mensageiro.
Um nascimento na noite/madrugada. Um menino que dividiria a História da Humanidade, que conquistaria o reino mais difícil de ser encontrado: o coração da criatura humana.
Na fragilidade em que Se exilou, de forma temporária, pacientemente aguardou que o tempo Lhe fosse propício à semeadura para a qual viera.
Quando o tempo se fez, deixou o lar paterno e foi amealhar Seus seguidores. A nenhum prometeu valores amoedados ou projeção pessoal.
Ao contrário, falou de abnegação, de perseverança e dedicação. Alertou que nada deviam esperar do mundo porque Ele próprio não era detentor de uma pedra sequer para repousar Sua cabeça.
Alertou do trabalho incansável a que Ele Se devotava, da mesma forma que o Pai que está nos Céus.
Disse das aflições e das perseguições que padeceriam, simplesmente por segui-lO e divulgar a Sua mensagem.
Veio para servir, jamais desejando para Si qualquer honraria ou deferência.
Encontrou o coração dilacerado de uma mãe viúva, conduzindo o corpo do filho ao túmulo e o restituiu ao materno carinho.
Estendeu convite a um jovem rico de ambições, a uma mulher equivocada, a um cobrador de impostos, a uma vendedora de ilusões.
Consolou os aflitos corações das mulheres que por Ele derramavam lágrimas, no caminho do Calvário.
Entregou-Se em sacrifício, sem nenhuma nota dissonante, e dignificou a morte, aceitando-a em preces ao Pai.
Na data em que Seu nascimento é lembrado, entre cânticos de ventura e mimosas trocas de presentes, nossos corações se erguem, em preces, louvando-Lhe a Celeste presença.
E, com sempre inusitada alegria, reunimos a família em torno da mesa, visitamos os amigos, abraçamos os colegas.
Tudo em nome e em homenagem a um menino, Celeste Menino, vindo das estrelas ao nosso ainda pobre e sofrido planeta de provas e expiações.
Rei solar. Rei dos céus. Pastor das almas. Mestre e Senhor. Nosso Senhor Jesus.

Redação do Momento Espírita.
Em 19.12.2011.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Consciência e Conveniência



As boas soluções nem sempre são as mais fáceis e as manifestações corretas nem sempre as mais agradáveis.
A senda do acerto exige muito mais as normas do esforço maior que as saídas circunstanciais ou os atalhos do oportunismo.
A criatura supõe-se em trilha tediosa quando lhe falta alimento espiritual aos hábitos.
Alegria oriunda das ocorrências do terra-a-terra não tem duração. Alegria real provem da intimidade do ser.
Criar costumes de melhoria interior significa, pois, segurança, equilíbrio, saúde e estabilidade para a própria existência.
Cogitemos de felicidade, paz e vitória, mas escolhamos a trilha que nos conduza a elas sob a luz das realidades que norteiam a vida do Espírito.
Não nos basta o contentamento de apenas hoje. É preciso saber se estamos pensando,sentindo,falando e agindo para que o regozijo de agora permaneça depois.

André Luiz – Médium Valdo Vieira

Em Nossas Mãos



A Divina Providência não se engana.
Para realizares teu aperfeiçoamento, trazes as faculdades que o Senhor te concedeu.
Estás no lugar certo, em que te habitas a desempenhar os encargos próprios.
Terás contigo as criaturas mais adequadas a te impulsionarem nos caminhos á frente.
Passas pelas experiências de que não prescindes para a conquista do aperfeiçoamento.
Recebes os parentes e afeições de que mais necessitas para resgatar dívidas do passado ou renovar-te nos impulsos de elevação.
Vives na condição certa na qual te compete efetuar as melhores aquisições de espírito.
Sofres lutas compatíveis com as tuas necessidades de conhecimento superior.
As circunstâncias difíceis dão-te a conhecer o sabor da vitória sobre ti mesmo.
Qualquer que seja tua posição,  auxilia e receberás maior auxílio, em tempo oportuno.
Sempre há meios de exercer o bem, porque nos melhorarmos e educar-nos são sempre medidas preciosas que dependem de nós mesmos.

Emmanuel – Chico Xavier

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Mais Paciência



Tantas inquietações assoberbam as criaturas que somos impelidos a pensar por nós e pelos que nos cruzam os caminhos, a fim de nos prevenirmos contra acidentes.
Ouçamos com mais paciência,evitando o aparecimento de explosões de azedume.
Quanto mais longo o estopim da tolerância, maior a probabilidade de evitar-se o desastre.
Se teus filhos se deixam iludir por idéias negativas, conserva mais paciência evitando,pelo amor, que caminhem sem defesa ao encontro de tragédias passionais evitáveis.
Se teus familiares não te compreendem, sustenta mais paciência, para que a desarmonia doméstica não se cristalize, criando sofrimentos inúteis dentro de casa.
Se amigos tomam rumos diversos dos teus, aceita-os com paciência e poderás auxiliá-los a superar as provas que, decerto, enfrentarão.
Em situação aparentamente insolúvel, usa mais paciência, que é construção da alma sobre os alicerces da fé em Deus, e vencerás.

Emmanuel-Chico Xavier

Imunização Espiritual




Se te decides, de fato, a resguardar o coração das influências do mal, convence-te:
Que todo minuto é chamamento de Deus à nossa melhoria e renovação;
Que toda pessoa se reveste de importância particular em nosso caminho;
Que o melhor processo de receber auxílio é auxiliar em favor de alguém;
Que a paciência é o principal ingrediente na solução de qualquer problema;
Que sem amor não há base firme nas construções espirituais;
Que o tempo gasto em queixa é furtado ao trabalho;
Que desprezar a simpatia dos outros é pretender semear um campo sem lavrá-lo;
Que a mágoa é sempre foco de moléstias;
Que ninguém sabe sem aprender e ninguém aprende sem estudar;
E que, afinal, não basta pedir aos Céus, pela oração, para que baixem à Terra, mas também cooperar, pelo serviço ao próximo, para que a Terra se eleve aos Céus.

Emmanuel-Chico Xavier