quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Nossas mães africanas



Eis aqui a escrava do Senhor, cumpra-se em mim segundo a sua palavra.
Esta é a forma com a qual Maria, a mãe de Jesus, responde ao mensageiro celeste que lhe vem anunciar a concepção da criança.
Estranho se posicionar como escrava quem foi escolhida para ser a excelsa mãe de Jesus. Basta uma pequena reflexão, no entanto, para verificarmos como a expressão está adequada.
Recordamos de tantas escravas, ao longo da História, que se transformaram em auxiliares indispensáveis dos seus senhores.
Escravas cujos nomes acabaram associados aos seus próprios senhores.
No Brasil, lembramos das escravas africanas que serviram ao homem branco. Muitas delas não somente carregaram o sinhozinho nos braços mas o alimentaram com o próprio seio.
Tornaram-se suas segundas mães, acompanhando-os mesmo depois de crescidos, na formação do novo lar, a atender-lhes os filhos, como uma avó.
Avó de cor. Avó de amor.
Amas de leite que, por vezes, tinham seu próprio rebento afastado dos braços, a fim de que sobrasse mais alimento dos seus seios para o filho branco.
E, por não terem o seu bebê nos braços, por terem a saudade a lhes magoar a alma, por sentirem falta do seu filhinho, drasticamente afastado de seu carinho, dedicavam-se ao filho da alheia carne.
O filho do sinhô, o filho da sinhá.
Quem poderá esquecer como essas mães alimentaram, não somente o corpo, mas a imaginação e a mente das crianças sob sua guarda?
Quantas histórias das suas longínquas terras, das tradições de sua gente povoaram as noites daqueles meninos e meninas atentos, ao redor do fogo, no terreiro...
Ou no aconchego da casa grande, ao pé do fogão.
Quantos mingaus, cozidos, temperos foram acrescentados ao cardápio diário.
Aprendendo a língua de quem as tinha sob seus serviços, introduziram palavras diferentes no vocabulário dos pequenos.
E para os acalmar, nas noites de medo, elas cantavam as melodias com que foram elas próprias acalentadas em sua infância.
E, enquanto a saudade as consumia intimamente, também lembravam em versos das riquezas de sua terra natal, de melodias, de danças, de cantorias.
Recordavam dos dias de alegria, quando a liberdade lhes sorria e o futuro era sonhado, nas tardes quentes e nas noites mornas.
Escravas mães. Mães escravas.
Benditas sejam por todos os cuidados dispensados ao homem branco, por sua capacidade de amar o filho alheio.
Benditas sejam por sua grandeza, por sua dedicação, pela contribuição à cultura do povo que as escravizou.
Que nunca esqueçamos o quanto devemos a essas criaturas pois se a escravidão as mantinha presas a tarefas determinadas, foi de forma voluntária que entregaram em holocausto ao amor o próprio coração.

Redação do Momento Espírita.
Em 30.11.2011

Ajuda-me a olhar?




Diego não conhecia o mar.
O pai, Santiago Kovadloff, resolveu levá-lo para que conhecesse o mar gigantesco.
Viajaram para o sul. O oceano estava do outro lado dos bancos de areia, esperando.
Quando o menino e o pai alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar apareceu na frente de seus olhos.
Foi tanta a imensidão do mar, tanto seu fulgor, que o menino ficou mudo com tamanha beleza.
E, quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai:
Pai, me ajuda a olhar?”
*   *   *
Nós, pais, estamos no mundo para ajudar nossos filhos a olhar.
Por trás desse me ajuda a olhar, de menino inocente e admirado, estão as grandes questões da educação no lar.
A pergunta do filho poderia ser entendida como: Pai, me ajuda a perceber todas as belezas, as nuances, tudo que ainda não consigo perceber?
ajuda-me a saber admirar as coisas importantes da vida, você que já viveu tanto e tem tanta bagagem de mundo, tanta experiência?
Ajuda-me a compreender a existência, seus desafios, seus objetivos maiores?
Ajuda-me a não temer os problemas, a aprender com eles, toda vez que resolverem aparecer?
Ajuda-me a caminhar? Sem precisar caminhar por mim, pois tenho que descobrir meus próprios passos, mas, nos primeiros, principalmente, você fica ao meu lado?
E quando eu cair, você vai estar lá? Pois muitas coisas neste mundo me assustam, e preciso de uma segurança, de um lar para onde eu possa voltar.
Ajuda-me a olhar para dentro de mim, pai?
Preciso me conhecer para me amar, para me perdoar e não deixar que a culpa me faça menor.
Ajuda-me a olhar para dentro de mim?
A descobrir minhas potencialidades, minhas habilidades, o que tenho de bom?
Pois se você, pai, disser: “Você pode, meu filho. Você tem capacidade você é inteligente...” Aí sim, vou acreditar.
E, se nessa busca eu encontrar algo que não goste, não suporte, você me ajuda a eu não desistir de mim mesmo?
Por isso preciso de você aqui, ao meu lado, me ensinando a olhar o mundo e a mim com olhos de quem quer a paz e não mais a discórdia, a violência.
Por isso preciso que me ensine a olhar, que me ensine a escolher para que, um dia, quando meus olhos estiverem vendo o oceano, da altura dos seus... eu então possa dizer ao meu filho:
Vou lhe ensinar a olhar, meu filho, não se preocupe. Segure firme em minhas mãos e vamos olhar o mundo juntos... Sempre juntos.
*   *   *
Allan Kardec, codificador da Doutrina Espírita, em O livro dos Espíritos assevera:
Os Espíritos apenas entram na vida corporal para se aperfeiçoar e melhorar.
A fraqueza da idade infantil os torna flexíveis, acessíveis aos conselhos da experiência e dos que devem fazê-los progredir.
É então que podem reformar seu caráter e reprimir suas más tendências. Este é o dever que Deus confiou a seus pais, missão sagrada pela qual terão de responder.

Redação do Momento Espírita com base em trecho de O livro dos abraços, de Eduardo Galeano, ed. Porto e no item 385 de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. Feb.
Em 01.12.2011.

sábado, 26 de novembro de 2011

"JAMAIS PERCA A ESPERANÇA!"


 

Seja um apaixonado pela vida

Tenha "sede" de viver.

Permita, sempre, que o brilho dos seus olhos retrate o imenso prazer que possui em acordar todos os dias.

Diz o provérbio "A esperança é a última que morre".
Mas não é verdade, porque a esperança é como o espírito: imortal.

Sempre haverá esperança no coração de quem crê.

Nunca deixe de sonhar, porque o sonho é o alimento da alma.

Aqueles que perderam a esperança são como "cadáveres" que caminham; estão vivos para o corpo, porém "mortos" para a emoção.

Se você passa uma fase difícil na sua vida, lembre-se de que é apenas uma fase.

Hoje tem um problema - amanhã vem a solução.

Hoje só vê escuridão - amanhã encontrará a luz.

Hoje a incerteza - amanhã a convicção de dias melhores.

Deus não deixa sem resposta nenhum de seus pedidos.

Aqueles que perdem a esperança e se entregam ao suicídio, foi porque não tiveram paciência para esperar a resposta de Deus."

(Do livro "Jesus no Teu Dia-a-Dia", pelo Espírito José de Moraes, psicografia de Agnaldo Paviani, Editora Didier).
Colaboração, Luismar.
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O BEM EM AMOR


Seja como for, o tempo urge e passa. . .

A ansiedade, ontem agasalhada, converteu-se em acontecimento agora passado.

A infância risonha cede lugar à adolescência exuberante, que a idade da razão brindará à velhice e à morte do corpo, caso o seu inesperado lance não ocorra antes. . .

Desse modo, constitui atitude de sabedoria, em qualquer época e circunstância, atuar no bem.

Quem alcança o cume da montanha bendiz o terreno conquistado e repousa no altiplano rico de beleza, sem dúvida, após o esforço envidado.

Não permitas que as horas passem diante de ti,
sem que as enriqueças de amor e bênçãos.

Se não podes ser uma estrela, faze-te pirilampo.

Se não consegues mudar o mundo, transforma-te a ti mesmo.

Se não logras a libertação de todos, liberta-te dos vícios que te escravizam.

Se não podes ser o pão que repleta as mesas, constitui-te grão de trigo e confia no futuro.

Sê ponte entre vidas, pessoas e acontecimentos nobres.

Nunca te faças pedra de impedimento.

E se, por acaso, fores como esse mineral, deixa-te acomodar no alicerce do bem em favor do tempo para a felicidade geral.

O tempo, em verdade não passa. . .

As criaturas, sim, passam pelas horas, sendo o resultado do uso que façam dos sessenta minutos de cada uma delas. 

 (Pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco). 

Colaboração, Luismar.

TRABALHO SEMPRE


Trabalho será sempre o prodígio da vida, criando reconforto e progresso, alegria e renovação.

Se a dificuldade te visita, elege nele o apoio em que te escores e surpreenderás, para logo, a precisa libertação.

Quando a névoa da tristeza te envolva em melancolia, procura nele o clima a que te acolhas e observar-te-ás, sob novo clarão de encorajamento e esperança.

Ante a mágoa que te busque, à vista de ofensas com que absolutamente não contavas, utiliza-o por remédio salutar e obterás, em tempo breve, a bênção da compreensão e a tranqüilidade do esquecimento.

Debaixo da preterição que te fira, refugia-te nele e recuperarás sem demora o lugar a que o mérito te designa.

À frente de injúrias que te amarfanhem o coração, insiste nele e, com a bênção das horas, olvidarás escárnio e perseguição, colocando-te no rumo certo da verdadeira felicidade.

Perante a dor dos próprios erros cometidos, persevera com ele no cotidiano e, a breve espaço, granjearás serenidade e restauração.

Nos momentos claros da senda, trabalha e entesourarás mais luz no caminho.

Nos instantes escuros, trabalha e dissolverás qualquer sombra, desvelando a estrada que o Senhor te deu a trilhar.

Tudo o que o homem possui de útil e belo, grande e sublime se deve ao trabalho, com que se lhe engrandece a presença no mundo.

Haja, pois, o que houver, ampliem-se obstáculos, agigantem-se problemas, intensifiquem-se lutas ou se agravem provações, trabalha sempre no bem de todos, porque, trabalhando na Seara do Bem, podes conservar a certeza de que Deus te sustentará.


(Do livro "Coragem", pelo Espírito Emmanuel, psicografia do médium Francisco Cândido Xavier, edição CEC).
Colaboração Amigo Luismar.

sábado, 19 de novembro de 2011

OS DESIGNIOS DE DEUS



O teu sinal de vinculação com Deus é a prece.
Fala-Lhe em linguagem simples, honesta, entregando-te aos Seus planos e rogando-Lhe entendimento para melhor discerni-los.
Sentirás a presença de Deus através da paciência ante as circunstâncias difíceis; da resignação em face dos problemas que não podem ser solucionados; da coragem perante os testemunhos, e o amor sempre, em todos os momentos e situações.
Quem pensa em Deus, nutre-se de paz.
Quem se comunica com Deus, estua de recursos e forças para vencer-se e mais ajudar.
Interrogas, em silêncio, como determinadas pessoas suportam vicissitudes e abandonos, ruínas econômicas e aflições morais ingratidões e violências como se nada lhes estivesse, aparentemente, acontecendo.
Não fosse uma observação mais acurada, não lhes descobririas os infortúnios ocultos.
Sucede, porém, que esses corações crucificados nos impositivos da redenção, ao invés de reagirem pela agressividade inútil, confiam e esperam em Deus com alegria e superação das dificuldades, a fim de se libertarem do mal e alcançarem a plenitude que Deus concede a todos aqueles que se Lhe entregam aos desígnios superiores.
(Do livro "Otimismo", pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Franco).
Tenha um final de semana de muita Luz, Amor e Paz, em harmonia e equilíbrio, com alegria e bom humor.
Com carinho, Luismar.

Onde estão os anjos?


Aquela era mais uma tarde de trabalho abençoado na escola de evangelização infantil de uma Casa Espírita.
Todas as semanas, um grupo de mães e seus filhos, de idades variadas, adentravam as portas da instituição de amor e caridade.
Naqueles encontros semanais, as famílias buscavam o alimento para a alma, que lhes era ofertado através dos ensinamentos cristãos e das palavras de conforto que partiam do coração de cada trabalhador devotado.
Também lhes era ofertado o alimento para o corpo pois, depois dos estudos e de outras atividades, as mães e seus filhos desfrutavam de um lanche, preparado com muito carinho e dedicação.
Uma vez por mês, em um desses encontros, lhes era oferecido um lanche especial.
As crianças esperavam ansiosamente por esse dia, pois sabiam que receberiam um agrado diferente. A maioria vivia em condições de muita dificuldade financeira, tendo na sua rotina apenas o alimento básico para o sustento.
Foi num desses lanches que aconteceu algo inesperado. As crianças receberam guloseimas. Logo as abriram e degustaram com rapidez.
Porém, uma das crianças, de apenas quatro anos, ao receber as balinhas que foram depositadas na sua pequenina mão, fixou demoradamente o olhar nelas e, em seguida, guardou-as em seu bolso.
A pessoa que as entregou, estranhando a atitude, resolveu perguntar por que ele não iria saborear as guloseimas naquele momento.
O menininho disse que gostava muito dos docinhos mas que iria guardá-los para o irmão que havia ficado em casa. A mãe não tinha como transportá-lo por não ter uma cadeira de rodas.
*   *   *
Esse ato de amor de um coração infantil nos traz uma grande lição.
Evidencia o desprendimento de uma criança que, com espontaneidade, abriu mão de algo que apreciava, para ofertar ao irmão que ali não podia estar.
Ao renunciar à própria vontade em nome de fazer o outro feliz, essa doce criança mostrou-nos possuir um nobre sentimento: a abnegação.
Na sua pequenez, mostrou que o amor está em nós, que não precisa ser ensinado, que basta algo ou alguém para despertá-lo.
Mesmo sem ter disso consciência, essa criança agiu como um anjo, zelando e cuidando de um ente querido e amado, seu próprio irmão.
* * *
Que possamos ter olhos sensíveis para ver o quanto podemos aprender com a simplicidade das atitudes infantis.
Que possamos estar atentos às palavras e ações vindas desses corações inocentes.
A pureza do coração é inseparável da simplicidade e da humildade. Exclui toda ideia de egoísmo e de orgulho. Por isso é que Jesus toma a infância como emblema dessa pureza, do mesmo modo que a tomou como o da humildade.
 
                                                                                          Redação do Momento Espírita,

Raio de Luz


Todas as noites, antes de fazer os filhos adormecerem, um pai muito carinhoso conversava com eles, enquanto lhes afagava os cabelos anelados.
Diariamente, escolhia um assunto que encontrava no Evangelho ou em algum acontecimento do cotidiano.
Naquela noite sem luar, quando as nuvens encobriam as estrelas, ele arranjou uma forma diferente de chamar a atenção das crianças.
Colocou-as no sofá da sala e disse-lhes que não se assustassem com a escuridão. Ele apagaria todas as luzes da casa, de propósito.
E assim o fez.                                         
Deixou a casa às escuras e sentou-se no meio dos filhos que o aguardavam apreensivos.
Perguntou-lhes o que eles eram capazes de ver em meio àquele breu.
O menininho mais velho comentou que conseguia distinguir os contornos da cadeira que estava a sua frente, mas que não conseguia saber ao certo qual objeto produzia a sombra que se apresentava um pouco mais adiante.
O pai, aproveitando a oportunidade, esclareceu:
Nossos olhos acostumam-se com a ausência de luz e acabam conseguindo, com algum esforço, distinguir alguns objetos.
Porém, não é possível notar tudo quando a luz nos falta.
Alguns contornos podem enganar nossos sentidos.
Muitos detalhes passam despercebidos.
As cores deixam de ser perceptíveis.
A ausência de luz dificulta nosso caminhar porque não conseguimos notar com segurança para onde estamos indo.
Nesse momento, ele acendeu uma vela que trazia consigo.
As crianças exultaram diante da claridade que se fez na sala.
Vejam! – Convidou o pai. – Percebam como tudo parece diferente na presença da luz.
As sombras já não mais nos confundem.
Agora as formas assumem contornos mais exatos.
Como é mais fácil buscar um caminho, quando há luz a mostrar a direção correta.
Encantadas com a singela, porém, inesquecível descoberta, as crianças concordaram com o pai, enquanto o cobriam de carinhos antes de serem levados para a cama.
*   *   *
A maior glória da alma que deseja participar na obra de Deus será transformar-se em luz na estrada de alguém.
Registramos a luz sem nos adentrar em sua grandeza.
O raio de luz penetra a furna escura, levando a réstia de claridade que espanca as trevas.
Adentra o vale sombrio e estimula o florescer.
Atinge a gota d´água e reverte-a em um diamante multicolorido.
Visita o pântano e transforma-o em jardim, em pomar.
Viaja pelo ar, aquece vidas e as alimenta.
Beija as corolas e desata perfumes inesquecíveis.
Aninha-se no cristal e ele reverbera, embelezando-se ainda mais.
*   *   *
Não nos deixemos adoecer pelo amolentamento.
Há tantas possibilidades de darmos utilidade e beleza à vida.
Com o exemplo da luz, o Criador convida-nos a fazer o mesmo.
Desfaçamos as sombras nos corações.
Drenemos os charcos das almas.
Projetemos alegrias fomentadoras de vida naqueles que se encontram combalidos pela tristeza e pelo desalento.
Sejamos também um raio de luz, espraiando brilho e calor, beleza e harmonia, em todos os momentos, iluminando, assim, também, nossos próprios caminhos.
Redação do Momento Espírita.
Em 17.10.2011.