O
que acontece com quem parte ou chega de um aeroporto faz parte de um
tipo especial de memória.
Uma
memória que parece ter uma persistência maior e uma existência
mais viva do que aquela comum, que guarda o cotidiano e a rotina.
Estas
as primeiras palavras da apresentadora de um programa televisivo
muito singular, que descobre histórias e mais histórias, nos
portões de chegada e partida de um aeroporto brasileiro.
Um
desses relatos é de uma mãe, entre lágrimas, despedindo-se da
filha, que passaria cerca de um ano estudando uma língua estrangeira
num país distante.
Aquela
senhora, muito simples, trazia um misto de alegria e saudade, pois se
tratava de uma grande conquista da filha, pela qual havia trabalhado
muito tempo para conseguir.
Narrou
que nunca teve condições de sequer realizar os estudos regulares,
mas que sua felicidade estava em ver o sucesso da filha.
A
apresentadora, percebendo a dor que há em toda separação, disse: A
senhora já está com a dor da saudade, eu percebo, mas ao mesmo
tempo não dá alegria ver o filho conseguindo tudo isso?
Ela
respondeu que sim, melhorando o semblante, e que a filha merecia tudo
de bom que estava lhe acontecendo.
A
alegria pareceu consolar a saudade naquele instante.
* *
*
Retiramos
deste relato uma reflexão principal.
Nesse
mundo de chegadas e partidas constantes, será que não conseguimos
enxergar a morte através dessa nova lente?
Será
que não podemos entender que cada um tem seu tempo aqui, mas que
terá outros afazeres, objetivos e etapas em outros lugares?
Tenhamos
em mente essa figura, do filho que viaja para construir parte de sua
vida em outro lugar, que parte para aprender e viver novas
experiências.
O
quanto ele sairá melhor dessa vivência nova!
O
amor apego
precisa começar a ser substituído pelo amor libertador, que pensa
sempre no melhor para o outro, em primeiro lugar, antes de pensar no
que é melhor e mais cômodo para si.
A
dor da saudade é real e saudável, quando não nos tira do prumo,
obviamente.
Na
Espiritualidade, seja onde estivermos, não perderemos contato com
nossos amores. A lei de afinidade entre as almas permite que nos
encontremos aqui e ali, sem nunca perder esse vínculo poderoso que
criamos.
* *
*
Prosseguem
vivendo aqueles a quem amas.
Aguarda
um pouco, enquanto, orando, a prece te luarize a alma e os envolvas
no rumo por onde seguem.
Esforça-te
por encontrar a resignação. O amor vence, quando verdadeiro,
qualquer distância, e é ponte entre abismos, encurtando caminhos.
Da
mesma forma que anelas por volver a senti-los, a falar-lhes, a
ouvi-los, eles também o desejam.
Necessitam,
porém, evoluir, quanto tu próprio.
Se
te prendes a eles demoradamente ou os encarceras no egoísmo,
desejando continuar uma etapa que ora se encerrou, não os fruirás,
porque estarão na retaguarda.
Libertando-os,
eles prosseguirão contigo, preparar-te-ão o reencontro,
aguardar-te-ão...
Não
penses mais em termos de "adeus" e, sim, em expressões de
"até logo mais".
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 56, do
livro Sementes de vida eterna, pelo Espírito Joanna de
Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.
Em 25.2.2013.
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