quinta-feira, 22 de agosto de 2013

O naufrágio de muitos internautas




Alice estava desnorteada, e encontrando um gato sentado sobre o galho de uma árvore, perguntou-lhe:
O senhor poderia me dizer, por favor, qual o caminho tomar para sair daqui?
Isso depende muito de onde você quer ir... – Respondeu o gato com um sorriso enigmático de orelha a orelha.
Não me importa muito para onde... – Afirmou Alice.
O felino sentenciou: Então não importa o caminho que você escolher. Para quem não sabe para onde ir, qualquer caminho serve.
*   *   *
Nesses tempos de informações abundantes, de possibilidades infinitas, de tecnologia surpreendente, fazem-se necessários alguns cuidados.
Cada dia fala-se mais e mais, sobre a triunfal entrada da Humanidade na era do conhecimento.
Exalta-se a capacidade humana de estar vivendo, a partir deste momento, um período no qual o conhecimento será a primeira riqueza.
Tudo é fonte para o conhecimento, e a principal delas é a internet.
É neste ponto que precisamos ir devagar com as coisas.
Não se deve confundir informação com conhecimento.
A internet, dentre as mídias contemporâneas, é a mais fantástica e estupenda ferramenta para acesso à informação.
No entanto, transformar informação em conhecimento exige, antes de tudo, critérios de escolha e seleção, dado que o conhecimento – ao contrário da informação – não é cumulativo, mas seletivo.
Seria como alguém que entra numa dessas grandes livrarias, sem saber muito bem o que deseja.
Corre o risco de entrar em pânico, tendo a sensação de débito intelectual, sem ter clareza de por onde começar e imaginando que precisa ler tudo aquilo.
Faz-se fundamental o critério, isto é, saber o que se procura, para poder escolher, em função da finalidade que se tenha.
Os computadores e a internet têm um caráter ferramental que não pode ser esquecido.
Ferramenta não tem objetivo em si mesmo. É instrumento para outra coisa, para outro fim.
O critério, o equilíbrio nos permitirão, assim, poder utilizar desse ferramental com sabedoria, na dosagem certa, no momento adequado.
Sem critérios seletivos, muitos ficam sufocados por uma ânsia precária de ler tudo, acessar tudo, ouvir tudo, assistir tudo.
Esquecem-se de se perguntar: Eu quero isso para mim? Eu preciso disso? Para que serve? Aonde desejo ir?
Nos tempos de hoje, se não formos muito cuidadosos, corremos o risco de navegar na internet, e naufragar.
Sêneca, sabiamente, já havia dito, que nenhum vento é a favor, para quem não sabe para onde ir.
*  *  *
David Hume, afirmava: Por conhecimento, entendo a certeza que nasce da comparação de ideias.
Para que nasça o conhecimento é necessário pensar, comparar, conectar ideias.
Nenhuma informação poderá ser tomada por verdade, por conhecimento, antes de amadurecer dentro da alma humana.
Sabedoria não se transmite. É preciso que nós mesmos a descubramos depois de uma caminhada que ninguém pode fazer em nosso lugar.

Redação do Momento Espírita com base no texto O naufrágio de
muitos internautas, do livro Não nascemos prontos – provocações
filosóficas, de Mario Sergio Cortella, ed Vozes.
Em 20.8.2013.

O hospital do Senhor




Uma pessoa que não estava se sentindo bem, há algum tempo, fez a seguinte declaração:
Todo ano faço um check-up para avaliação de minhas condições de saúde. Um dia desses, resolvi fazer um exame diferente e fui a um hospital muito especial: o hospital do Senhor.
Queixei-me de cansaço da vida, de dores nas juntas envelhecidas. Falei do coração descompassado pelas muitas preocupações e da carga de obrigações que me competem.
Logo que cheguei minha pressão foi medida e foi verificado que estava baixa de ternura.
Recordei que há muito tempo não estou fazendo exercícios nessa área. Havia esquecido da necessidade de expressar carinho com gestos pequenos, mas muito importantes.
Quando foi tomada minha temperatura, o registro foi de 40 graus de egoísmo. Então me lembrei de como estou guardando coisas e mais coisas, sem dar nada a ninguém, mesmo quando campanhas fazem apelos pela televisão, rádio, jornais.
Sempre achei que alguém daria o suficiente e que eu não precisava fazer nada.
Fiz um eletrocardiograma e o diagnóstico registrou que estou precisando de uma ponte de amor. As veias estão bloqueadas por não ter sido abastecido o coração vazio.
Ortopedicamente foi constatado que estou com dificuldade de andar ao lado de alguém. É que tenho preferido andar a sós. Caminho mais rápido, sem que ninguém me atrase.
Também foi observado que não consigo abraçar os irmãos por ter fraturado o braço, ao tropeçar na minha vaidade.
Nos olhos foi registrada miopia. Isto porque não consigo enxergar além das aparências.
Examinada a audição, reclamei que não estava ouvindo a voz do Senhor e o diagnóstico foi de bloqueio em decorrência de uma enxurrada de palavras ocas do dia a dia.
A consulta não custou nada. Fui medicado e recebi alta. A receita que recebi foi para usar somente remédios naturais que se encontram no receituário do Evangelho de Jesus Cristo.
Ao levantar, deverei tomar um chá de Obrigado, Senhor para melhorar as questões referentes à gratidão. Ao entrar no trabalho, uma colher de Bom dia, amigo.
De hora em hora, não posso me esquecer de tomar um comprimido de paciência, com meio copo de humildade.
Ao chegar em casa, será preciso tomar uma injeção de amor para melhorar a dificuldade de relacionamento familiar. Toda noite, antes de deitar, duas cápsulas de consciência tranquila para que eu tenha um sono reparador.
Foi-me dada a certeza de que se seguir à risca toda a prescrição médica, não ficarei doente e todos os meus dias serão de felicidade.
O tratamento tem também um caráter preventivo. Assim, somente deverei morrer, por morte natural e não antes do tempo determinado.
*   *   *
O Evangelho pode ser considerado como a própria voz do Cristo a falar aos corações, chamando, chamando e conduzindo.
O Evangelho corporifica na Terra a palavra de Jesus. É Ele mesmo que Se apresenta de retorno, tomando os filhos e filhas da dor em Seus amorosos braços a fim de os conduzir para a luz gloriosa da verdade.
Como há mais de dois mil anos, Jesus prossegue, através do Evangelho, a estender a esperança e o amor sobre toda a Terra, para todos os corações.

Redação do Momento Espírita, com base em texto de
autoria ignorada.
Em 19.8.2013.

Herói de todo dia




Já percebeu que nas histórias em quadrinhos e nos desenhos animados o herói está sempre disposto a salvar, a ajudar, a socorrer?
Nessas histórias, o personagem herói é sempre incansável, não mede esforços para ajudar, e é capaz de esquecer das suas vontades e desejos quando precisa agir.
Porém, você se deu conta de que esses heróis também existem no mundo real? Já conseguiu perceber que a vida está repleta desses grandes heróis?
Como alguns heróis dos quadrinhos, esses também, que encontramos no nosso cotidiano, não fazem questão da fama e do sucesso. Eles preferem o prazer do anonimato, onde a glória e a fama são plenamente substituídas pelo sentimento do dever cumprido.
São heróis nossos de cada dia, todos aqueles capazes de chegar ao lar, após um dia intenso, onde o peso do mundo parece descer sobre os ombros, e ainda ter disposição para brincar de pega-pega ou de cavalinho, com os pequenos que os esperam ansiosos.
Não há como não chamar de heróis aqueles capazes de deixar de lado relatórios, e-mails e trabalhos, abrindo mão dos compromissos profissionais levados para casa, somente para escutar as aventuras e sonhos do universo infantil.
É um heroísmo ser capaz de não perder a sensibilidade com as lutas da vida e os compromissos que se sucedem, e entender que o tempo gasto para responder sobre a cor do céu ou as dúvidas mais surpreendentes da vida não é perda de tempo, mas investimento na vida daquele que ama.
Esses heróis são capazes de ensinar com a leveza da alma e a firmeza do agir, sobre os valores da vida, sobre a honestidade, o respeito ao próximo e a retidão do caráter como indispensáveis para a vida.
E para nos ensinar essas coisas, como todo bom herói, esses não gostam do discurso, da frase feita ou do grande diálogo. Ensinam-nos pela melhor pedagogia: a do exemplo.
Nossos heróis anônimos são capazes de dar uma escapadinha da correria do cotidiano só para ver um jogo de bola, ou uma singela apresentação musical, ou uma declamação de poesia que seja... mesmo que ela tenha não mais que quatro versos.
Fazem não por eles, mas porque sabem que, para seus filhos, isso é muito importante.
E fazem tudo isso porque sabem que eles não são heróis feitos para salvar vidas. Eles entenderam, desde há muito, que Deus os fez heróis diferentes. São heróis que constroem vidas.
Por isso são capazes de achar importante as coisas mais simples, quando as coisas simples são importantes para seus filhos.
São capazes de esquecer seu cansaço, compromisso ou o seu lazer, para fazer do lazer dos filhos, o seu lazer.
Eles são heróis porque entendem que tudo isso que fazem hoje, talvez os filhos não entendam, nem consigam reconhecer e agradecer, mas um dia fará toda a diferença.
Eles, os nossos heróis, nunca se cansam e nunca desistem da sua poderosa missão. Isso porque dentro deles há um combustível mágico que os move, tão mágico que quanto mais eles usam, mais se multiplica: o combustível do amor.
E alguns de nós ainda temos a grande felicidade de chamar esses heróis por uma outra palavra: pai.

Redação do Momento Espírita.
Disponível no CD Momento Espírita, v. 19 e no livro
Momento Espírita, v. 9, ed. FEP.
Em 10.8.2013.


sábado, 11 de maio de 2013

Para minha filha


Minha querida menina, no dia que você perceber que eu estou envelhecendo, eu lhe peço para ser paciente, e acima de tudo, que tente entender pelo que eu estarei passando.
Se quando conversarmos, eu repetir a mesma coisa dezenas de vezes, não me interrompa. Peço-lhe o favor de apenas me ouvir.
Tente se lembrar de quantas vezes na sua infância eu li a mesma história, noite após noite, até você dormir.
Quando eu não quiser tomar banho, não se zangue e não me encabule. Lembra-se de quando era criança e eu tinha que correr atrás de você dando desculpas e tentando colocá-la no banho?
Quando você perceber que tenho dificuldades com novas tecnologias, me dê tempo para aprender e não me olhe de um jeito estranho.
Lembre-se, querida, de como eu pacientemente ensinei a você muitas coisas. A comer direito, a vestir-se, a arrumar seu cabelo e a enfrentar os problemas da vida todos os dias.
O dia que você ver que eu estou envelhecendo, eu lhe peço para ser paciente, mas acima de tudo, que tente entender pelo que eu estarei passando.
Se eu ocasionalmente me perder em uma conversa, dê-me tempo para lembrar e se eu não conseguir, não fique nervosa ou impaciente. Apenas lembre-se, em seu coração, que a coisa mais importante para mim é estar com você.
E quando eu envelhecer e minhas pernas não me permitirem andar tão rápido quanto antes, me dê sua mão da mesma maneira que eu lhe ofereci a minha em seus primeiros passos.
Quando esse dia chegar, não se sinta triste. Apenas fique comigo e me entenda, enquanto termino a minha vida com amor.
Terei sempre gratidão a Deus pelo tempo e pela alegria que compartilhamos.
Minha querida filha, com um sorriso e o coração repleto de amor, eu apenas quero dizer que amo você.
                    *   *   *
Os pais são instrumentos de Deus que nos permitiram a experiência carnal.
São eles que nos ofertaram o corpo físico do qual nos servimos para a caminhada evolutiva.
Devemos ser eternamente gratos por essa oportunidade do renascimento e também por todos os gestos de abnegação e sacrifício que nos ofereceram ao longo da vida.
A ingratidão dos filhos para com os pais é um dos mais graves enganos que o espírito pode cometer na sua caminhada.
Quando nossos genitores não tiverem mais a mesma capacidade física, os mesmos reflexos e a mesma disposição de outros tempos, procuremos nos adaptar a essa nova realidade.
Busquemos nos esforçar para compreender os limites que a idade avançada impõe a eles e aceitemos essa situação com paciência e tolerância.
Auxiliá-los com renúncia, devotamento, carinho e respeito é forma de externarmos a nossa gratidão.
A permanência de nossos pais junto a nós até a velhice, com certeza, é parte do planejamento divino.
Procuremos, então, envolvê-los com amor e entendimento, dando-lhes a mão enquanto podemos.

Redação do Momento Espírita, com base em texto inicial,
de autoria desconhecida.
Em  6.5.2013.


Ato de Amor

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Dizer ou não dizer ao filho que ele é adotado continua sendo, para muitos pais, um grande desafio. Uns falam muito cedo, outros deixam para falar muito mais tarde e a inabilidade para dizer das circunstâncias que levaram à adoção, por vezes, cria algumas dificuldades de relacionamento.
Adoção, contudo, é um especial ato de amor. Por isso, aquela mãe não se cansava de repetir, quase toda noite, a história.
Quando chegava a hora de dormir, ela se deitava ao lado da menina, acariciava os seus cabelos, a aconchegava e lhe dizia como ela era uma criança especial. E muito amada.
Durante muito tempo, contava, seu pai e eu quisemos ter um bebê. Oramos para que eu ficasse grávida. Os anos se passaram e nada aconteceu.
Começamos a compreender que Deus tinha algo diferente para nós. E decidimos adotar um bebê. Um bebê cuja mãe não tivesse condições de cuidar dele.
Então, um dia o telefone tocou e uma voz do outro lado da linha me disse que o nosso bebê havia acabado de nascer. Era uma menina.
Telefonei ao seu pai no escritório. Ele veio correndo para casa e fomos até o hospital.
Por detrás do vidro do berçário, ficamos olhando a fileira de bercinhos com os bebês recém-nascidos, tentando adivinhar qual era você.
Não víamos a hora de a levar para casa e apresentá-la à nossa família e aos amigos. Quando chegamos frente ao portão, havia uma multidão de amigos com presentes nas mãos, ansiosos por conhecer nosso bebê.
E, filha, você tem sido uma bênção para nós. A melhor coisa que seu pai e eu fizemos na vida foi adotar você.
A mãe se empolgava em contar. A filha adorava ouvir. E toda vez sentia que ser adotada era uma coisa muito especial. Ela havia sido escolhida.
Quando a menina cresceu, casou-se e engravidou, a mãe a foi visitar. Ela estava no sétimo mês de gravidez e se sentia muito desconfortável.
O bebê não parava de chutar. Enquanto a jovem gemia e levava a mão ao ventre, sua mãe lhe disse:
Deve ser uma coisa maravilhosa sentir o chute de um bebê na barriga.
De repente, a filha se deu conta que sua mãe nunca sentira um bebê no útero. Por isso, tomou as mãos da mãe, colocou-as na sua barriga e falou:
Mãe, sinta sua neta.
Uma extraordinária expressão de alegria se estampou no rosto daquela mãe, que nunca pudera ter uma gestação, que nunca pudera sentir o filho no seu ventre.
E a filha compreendeu que, naquele momento, oferecia para sua mãe, aquela mulher que a adotara com tanto amor, um presente que ela nunca pôde sentir pessoalmente.
Ela havia recebido tantos presentes ao longo da sua vida. Sempre fora imensamente amada e acarinhada. E agora podia repartir um momento muito especial com aquela mulher especial, sua mãe.
*   *   *
A maternidade do coração é muito mais vigorosa do que a do corpo.
Quem adota, o faz por amor. Pais de adoção são almas que sustentam outra alma, vidas completas que amparam outra vida em desenvolvimento.
Seu querer é suave como a claridade da lua e forte como somente o amor abnegado pode se tornar.
São anjos anônimos e abençoados na multidão, demonstrando que o amor é Deus e dEle tudo procede e que pessoa alguma é propriedade de outra, porque todos somos filhos do Seu amor, nutridos pelo amor.

Redação do Momento Espírita, com base no
cap.
Eu fui escolhida, do livro Histórias para o coração da mulher, de
Alice Gray, ed. United Press; no cap.
Filho adotivo e no cap.Mãe adotiva, do livro S.O.S.  família, por diversos Espíritos, psicografia de
Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.
Em 8.5.2013.

Amor Eterno

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Você gosta do meu vestido? - Perguntou a menina para a estranha que passava.
Minha mãe fez para mim! Comentou, com uma lágrima nos olhos.
Bem, eu acho que é muito bonito. Mas me conte por que você está chorando? - Disse a senhora.
Com um ligeiro tremor na voz, a menina falou:
Depois que mamãe me fez este vestido, ela teve que ir embora.
Bem, disse a senhora, agora você deve ficar esperando por ela. Estou certa que ela voltará em breve.
Não, a senhora não entendeu. Meu pai disse que a mamãe está com meu avô, no céu.
Finalmente, a mulher percebeu o que a criança estava dizendo e porque estava choramingando.
Comovida, ajoelhou-se e, carinhosamente, embalou a criança nos braços. Acariciando-a, chorou baixinho com ela. Então, de repente, a menina fez algo que a mulher achou muito estranho: começou a cantar.
Cantava tão suavemente que era quase um sussurro. Era o mais doce som que a mulher já tinha ouvido. Parecia a canção de um pássaro. Quando a criança parou de cantar, explicou para a senhora:
Minha mãe cantou esta canção para mim antes de ir embora. Ela me fez prometer sempre cantar quando começasse a chorar, porque isso me faria parar.
Veja, exclamou a criança, cantei e agora os meus olhos estão secos.
Quando a mulher se virou para ir embora, a pequena menina se agarrou na sua roupa.
Senhora, pode ficar apenas mais um minuto? Quero lhe mostrar uma coisa.
Claro que sim, falou a senhora. O que você quer que eu veja?
Apontando para uma mancha no seu vestidinho, a menina falou:
Aqui está a marca onde minha mãe beijou meu vestido. E aqui, disse, apontando outra mancha, é outro beijo, e aqui, e aqui. A mamãe disse que colocou todos esses beijos em meu vestido para que eu sempre tenha seus beijos se algo me fizesse chorar.
Naquele momento, a senhora percebeu que não estava apenas olhando para uma criança, cuja mãe sabia que iria partir e que não estaria presente, fisicamente, para beijar as lesões que a filha viesse a ter.
Aquela mãe havia gravado todo seu amor no vestido da sua pequena e encantadora criança. Vestido que agora a menina usava tão orgulhosamente.
A mulher já não via apenas uma pequena menina dentro de um simples vestido. Via uma criança embrulhada no amor de sua mãe.
*   *   * 
A morte a todos alcança. Preparar-se para recebê-la com dignidade, preparando igualmente os que permanecerão na Terra por mais tempo, demonstra altruísmo e grandeza d’alma.
Como Jesus nos afirmou que nenhum de nós sabe exatamente a hora em que terá que partir, importante que distribuamos o nosso amor e vivamos as nossas vidas em totalidade.
Assim, quando tivermos que partir, as lembranças do que fomos e do que fizemos, aquecerão as almas dos nossos amores, amenizando o vazio da nossa ausência física.
Pensemos nisso!

Redação do Momento Espírita, com base
no texto
Amor eterno, de autoria ignorada.
Em 7.5.2013.


sexta-feira, 3 de maio de 2013

Sem fome de pão




Foi num dia qualquer, de um verão tropical, na cidade de Angra. Lugar paradisíaco, que muitos estamos acostumados a ver estampado em revistas e na televisão.
O garoto aproximou-se da casa bonita, colocou a carinha entre as grades do portão alto e forte, e ficou olhando.
A dona da casa, senhora distinta, regava o jardim. Fazia a tarefa devagar, como quem distribui com as gotas d’água um tanto de carinho.
O menino dos seus nove anos, segurando com ambas as mãos as grades, de um lado e outro do rosto magro, pediu:
Ei, dona, tem pão velho?
Ela se voltou surpresa. Fechou o esguicho d’água. Desde a sua infância, aquele tipo de situação a incomodava. Da adolescência trazia uma mensagem dentro de si de que, quando alguém pedia pão velho, na verdade estava dizendo: Me dá o pão que era meu e ficou na sua casa e você esqueceu de comer, porque tem muitas outras coisas deliciosas para saborear.
Ela caminhou até o portão e perguntou:
Onde você mora?
Ele falou o bairro, bem distante.
Mas é muito longe, disse a senhora.
Pois é. Eu sei que é longe, mas eu tenho que pedir as coisas para comer.
Você está na escola?
Não, disse ele. Minha mãe não pode comprar material.
Agora, ela já estava tão próxima dele que quase o podia tocar. Ele tinha um rostinho tão delicado. Pena que estivesse um tanto sujo.
Pensou nos próprios filhos, tão bem cuidados, penteados, roupa limpa, calçados brilhantes e lancheira cheia para levar à escola.
O rostinho miúdo parecia só ter olhos. Espertos. Inteligentes e sofridos.
Seu pai mora com vocês? Arriscou a dama.
Ele sumiu, respondeu a vozinha triste.
O papo prosseguiu. Ela até se esqueceu do jardim e das flores. Ali estava uma flor muito mais importante e mais necessitada de água, adubo, terra fofinha.
Finalmente, ela se recordou da fome do menino e fazendo um gesto de quem se dirigia para dentro a fim de buscar alguma coisa, exclamou:
Espere um pouco. Vou buscar o pão. Não tenho pão velho. Serve novo?
Não precisa não, senhora. A senhora já conversou comigo. Tchau.
E desapareceu ladeira abaixo.
A resposta caiu como um raio no coração da mulher. Teve a sensação de ter absorvido toda a solidão e a falta de amor daquela criança.
Um menino de nove anos, já sem sonhos, sem brinquedos, sem comida, sem escola e tão necessitado de um papo, de uma conversa amiga.
Naquele dia, a senhora aprendeu um novo significado para o pedido de pão velho. Significa dizer: Converse comigo, dê-me a alegria de ser amado.
Por isso, ela continua dando pão novo, fresquinho, com doce, manteiga, queijo e salaminho. Mas, antes de tudo, ela compartilha o pão das pequenas conversas, um pão que nunca fica velho, porque é fabricado no coração de quem acredita nAquele que disse um dia: Eu sou o pão da vida!
*   *   *
O pão mata a fome do corpo. A palavra nutre o coração entristecido.
Enriquecido por esse tesouro - a palavra que vibra, sonora, em teus lábios - estende esperança em volta, donde te encontras.
Distribui calor humano a quem se faz carente e alimenta essas vidas em desfalecimento, como quem rega um jardim em ardente dia de sol.

Redação do Momento Espírita, com base em texto de Rosana Mac Niven Junqueira (Furnas Centrais Elétricas S/A) e no verbete Palavra, do livro Repositório de sabedoria, v. 2, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.
Em  3.5.2013.



domingo, 28 de abril de 2013

O choro da estrela




Conta uma lenda que, certo dia, caminhava Deus, sossegadamente, pelo Universo.
Contemplava a Sua criação, verificando se tudo estava correndo bem.
Em certo ponto de Sua caminhada, deparou com uma estrela, num choro convulsivo.
Aproximou-se e com Seu carinho de Pai, perguntou: Por que você chora, minha filha?
A estrela, em pranto, mal conseguia falar:
Sabe, meu Pai, estou triste. Não consigo achar uma razão para a minha existência. O sol, com todo o seu brilho, fornece calor, luz e energia. Serve especialmente ao planeta azul e as pessoas ali o esperam todos os dias, alegrando-se com o seu surgimento.
As estrelas cadentes alimentam os sonhos dos românticos que as contemplam, maravilhados.
Os cometas geram dúvidas e mistérios, movimentando cientistas de todo lugar para os estudar e analisar. Todos são importantes. Todos, menos eu. Eu fico aqui parada, sem utilidade nenhuma.
Deus ouviu tudo atentamente. Com paciência, decidiu explicar para a estrela os porquês de sua existência.
Porém, nesse instante, uma voz interrompeu o diálogo. Era uma voz que vinha de longe, uma voz infantil.
Era uma criança, que caminhava com sua mãe, em um dos planetas da região.
A criança dizia: Veja, mamãe! O dia já vai nascer!
A mãe ficou um tanto confusa. Como podia uma criança que mal sabia as horas, saber que o sol logo nasceria, se tudo ainda estava escuro?
Como você sabe disso, meu filho?
E a criança alegre respondeu: Veja aquela estrela, mamãe! Papai me disse que ela anuncia o novo dia.
Ela sempre aparece um pouco antes do sol, e aponta o lugar de onde o sol vai sair.
Ouvindo aquilo, a estrela se pôs a chorar. Mas de emoção.
Não era mais preciso que Deus lhe explicasse o motivo da sua existência. Como tudo o que Ele criou, ela também tinha uma razão de ser.
Era a estrela que anunciava o novo dia. E com o novo dia, se renovam sempre as esperanças, os sonhos.
Ela servia para orientar os homens, indicando-lhes o caminho a percorrer.
Quando a vissem, eles poderiam ter certeza que logo mais o sol surgiria, abrilhantando tudo, espancando a escuridão da noite, secando as estradas da chuva torrencial das horas anteriores, aquecendo as manhãs frias.
A estrela, sentindo-se imensamente útil, encheu-se de felicidade e brilhou com mais intensidade.
Descobrira, enfim, como ela era importante e indispensável ao ciclo da vida.
*   *   *
Todos temos uma razão para existir, mesmo que ainda não a tenhamos descoberto.
Alguns nascem para ser estrela de outras vidas, orientando-as na caminhada.
Outros nascem para iluminar estradas, conduzir mentes, acalentar corações.
Muitos nascem para ser o suporte de outros, em sua trajetória de glórias e sucessos.
Se você ainda não descobriu porque está na Terra, eleja a si próprio estrela de luz e comece a semear amor e espalhar alegrias ao seu redor.
Assim, você iluminará a sua própria vida, iluminando todos que estão à sua volta.

Redação do Momento Espírita, com base no artigo O choro da estrela, de autoria ignorada.
Em 23.4.2013.