quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Vencendo as aflições


Quando aquele rapaz começou a sentir as primeiras dores em uma das mãos, era uma pessoa em plena atividade profissional, trabalhador responsável e pai de família.
A sua rotina de trabalho lhe exigia muitas horas de uso do teclado do computador, o que desencadeou inicialmente um processo inflamatório dos nervos e tendões em uma das mãos.
Porém, mesmo seguindo as recomendações médicas e o tratamento adequado, a dor aumentou com o passar do tempo, levando-o a movimentar cada dia menos a mão acometida.
Entre exames e tentativas de diagnóstico médico, passaram-se alguns meses.
Com o transcorrer do tempo, os sintomas continuaram a evoluir. Veio o inesperado diagnóstico de um tipo de doença neurológica, na qual a principal característica é a presença de dor extremamente intensa nas regiões acometidas.
Passados mais de seis anos após o aparecimento dos primeiros sintomas, ele vive uma situação muito diferente do que a de muitos jovens da sua idade.
A progressão da patologia, somada às várias complicações do próprio quadro, levaram-no à necessidade de manter-se, na maior parte do tempo, deitado sobre uma cama.
As aflições que enfrenta são inúmeras.
Dentre elas, passa por uma complicada situação financeira e ingere diariamente doses elevadíssimas de medicação para alívio das dores, sofrendo indesejáveis efeitos colaterais.
Porém, o que mais surpreende a todos que convivem com ele, é a capacidade que carrega dentro de si de enfrentar essa situação com esperança e grande fé no coração.
Apesar de lutar diariamente contra tamanhas dificuldades, dentre elas, a impossibilidade de desfrutar momentos ao lado do filho, jamais se observou algum traço de revolta ou indignação pela situação em que se encontra.
Recebe, semanalmente, visita de vários amigos e é comum encontrá-lo com desconforto e dores, porém nunca com reclamações ou palavras de desesperança.
Rapaz inteligente e lutador, muitas vezes é ele próprio quem consola e alivia o coração dos que o visitam, contando histórias e conversando sobre temas edificantes.
Demonstra fé inabalável em Deus e demonstra uma forma sublime de enfrentar a dor, com paciência e grande resignação.
A consciência de que o sofrimento de hoje pode estar ligado às próprias faltas do passado e de que a atual situação pode ser libertadora para o Espírito endividado, traz-lhe serenidade.
Ele busca, constantemente, o alento da Doutrina Espírita.  Extrai dos ensinamentos cristãos a esperança que sustenta a vida e o impulsiona para a vitória sobre as dificuldades.
Sua postura contribui imensamente para a renovação do entusiasmo, transformando-se em recurso terapêutico de forte alcance.
Tem em mente que as aflições de agora transformar-se-ão em tranquilidade para sempre e chegará o dia em que sua alma estará repleta de pura alegria.
*    *   *
Pensemos em como temos enfrentado nossas dores.
Não nos esqueçamos que somente padecemos o que se faz indispensável à vitória sobre nós mesmos.
Redação do Momento Espírita,
Em 23.10.2012.

A parábola relembrada




Conta-se que, após ouvir a parábola do samaritano, narrada por Jesus, o Apóstolo Tadeu ficou muito interessado no assunto.
Mais tarde, pediu que o Mestre fosse mais explícito nos ensinamentos.
Jesus, com Sua peculiar bondade, relatou o seguinte: Um homem enfermo jazia no chão, às portas de grande cidade.
Pequena massa popular assistia indiferente aos seus esgares de dor.
Passou por ali um moço romano de coração generoso.
Apressado, atirou-lhe duas moedas de prata, que um rapazelho de maus costumes subtraiu às ocultas.
Logo após, transitou pelo local um venerando escriba da lei.
Alegando tarefas urgentes a realizar, prometeu enviar autoridades, em benefício do mendigo anônimo.
Quase de imediato, desfilou por ali um sacerdote, que lançou ao viajante desamparado um gesto de bênção.
Afirmando que o culto a Deus o esperava, estimulou o povo a asilar o doente e alimentá-lo.
Depois dele, surgiu respeitável senhora, a quem o pobre dirigiu comovente súplica.
A nobre matrona lastimou as dificuldades de sua condição de mulher.
Invocou o cavalheirismo masculino para aliviá-lo, como se fazia imprescindível.
Minutos mais tarde, um grande juiz passou pelo mesmo trecho da via pública.
Afirmou que nomearia algumas testemunhas, a fim de verificar se o mísero não era algum viciado vulgar, e se afastou.
Decorridos ainda alguns instantes, veio à cena um mercador.
Condoído, asseverou a sua carência de tempo e deu vinte moedas a um homem que lhe pareceu simpático.
Assim, esperou que o problema de assistência fosse resolvido.
Mas o preposto improvisado era um malfeitor e fugiu com o dinheiro sem prestar o socorro prometido.
O doente tremia e suava de dor, rojado ao pó.
Foi quando surgiu um velho publicano, considerado de má vida, por não adorar o Senhor segundo as regras dos fariseus.
Com espanto de todos, aproximou-se do infeliz e lhe endereçou palavras de encorajamento e carinho.
Deu-lhe o braço e o levantou, sustentando-o com as próprias energias.
Conduziu-o a uma estalagem de confiança, fornecendo-lhe medicação adequada.
Também dividiu com ele o dinheiro que trazia consigo.
Em seguida, retomou com tranquilidade o seu caminho.
Depois de interromper-se ligeiramente, o Mestre perguntou ao discípulo: Em sua opinião, quem exerceu a caridade legítima?
Sem dúvida, foi o publicano, exclamou Tadeu.
Além de dar o dinheiro e palavras, deu também o sentimento, o tempo, o braço e o estímulo fraterno.
E para tudo usou das próprias forças.
Jesus fitou no aprendiz os olhos penetrantes e rematou:
Então, faça o mesmo.
  *   *
A caridade por substitutos é indiscutivelmente honrosa e louvável.
Mas o bem que praticamos em sentido direto, dando de nós mesmos, é sempre o maior e o mais seguro de todos.
Pensemos nisso.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 29, do livro
Jesus no lar, pelo Espírito Neio Lúcio,
psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.
Em 13.10.2012.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Preconceito


Aconteceu num voo da British Airways entre Johanesburgo, na África, e Londres, na Inglaterra.
Uma senhora branca, de uns cinquenta anos, senta-se ao lado de um negro.
Visivelmente perturbada, ela chama a comissária de bordo.
Qual é o problema? - Pergunta a moça.
Mas, você não está vendo? - Responde a senhora. Você me colocou ao lado de um negro. Eu não consigo ficar ao lado de gente desta classe. Quero que você me dê outro assento.
Por favor, acalme-se. Quase todos os lugares deste voo estão tomados. Vou ver se há algum lugar disponível.
A comissária se afasta e volta alguns minutos depois.
Minha senhora, como eu suspeitava, não há nenhum lugar vago na classe econômica. Conversei com o comandante e ele me confirmou que não há mais lugar na classe executiva. Entretanto, ainda temos um assento na primeira classe.
Antes que a senhora pudesse fazer qualquer comentário ou esboçar um gesto, a comissária continuou:
É totalmente inédito o fato de a companhia conceder um assento de primeira classe a alguém da classe econômica. Contudo, dadas as circunstâncias, o comandante considerou que seria verdadeiramente vergonhoso alguém ser obrigado a se sentar ao lado de uma pessoa intratável.
E, dirigindo-se ao senhor negro que, até aquele momento ficara sempre calado, ouvindo as agressões da senhora, que parecia tão distinta, a comissária complementou:
Senhor, se for de sua vontade, faça o favor de apanhar os seus pertences e me acompanhar. Eu o encaminharei para um assento na primeira classe, que está à sua espera.
E todos os passageiros ao redor, que acompanhavam a cena, muito chocados, levantaram-se e bateram palmas.
*   *   *
O preconceito é próprio dos orgulhosos. Expressa, em verdade, a estreiteza de visão da criatura.
Todos os seres humanos são formados dos mesmos elementos. Têm as mesmas necessidades, como seja de comer, beber, dormir, amar e sonhar.
Não há, pois, motivo algum para que alguém se julgue mais importante ou superior a quem quer que seja.
Qual a importância da cor da pele? Se apagarmos as luzes de uma sala cheia de pessoas e nos tocarmos no escuro, saberemos distinguir os brancos dos negros e esses dos amarelos?
Se chegássemos em uma aldeia indígena, onde os seus componentes jamais tivessem visto um homem branco, eles nos estranhariam. Reclamariam da palidez da nossa pele e seríamos ali um elemento muito diferente.
Que se diria se, em um canteiro de rosas viçosas, abertas, perfumadas, as de cor vermelha, aveludadas, desprezassem as amarelas? Não acharíamos grande tolice?
Pois o mesmo se aplica aos seres humanos.
*   *   *
A única superioridade que devemos perseguir, com ardor, é a superioridade moral.
Ela nos conferirá fraternidade, amor e justiça, afastando de nós todo preconceito, egoísmo e orgulho, porque nos elevará à condição de verdadeiros filhos de Deus.
Redação do Momento Espírita, com base no
artigo
Racismo, de autoria desconhecida.
5.9.2012.

domingo, 16 de setembro de 2012

Inspiração do poeta


Conta-se que, num dia qualquer, o compositor Almir Sater estava em São Paulo para uma temporada.Em certo momento, desceu do seu apartamento para tomar um cafezinho num mercado ali perto.
Encontrou um amigo, que o convidou para experimentar uma viola que acabara de comprar. Enquanto tomavam café, Almir dedilhou a viola e soltou a voz:
Ando devagar....ao que o amigo emendou...porque já tive pressa.
Dizem que essa maravilha chamada Tocando em frente, ficou pronta em dez minutos. Um dia, alguém perguntou ao Almir como essa música fora feita e ele respondeu: Ela estava pronta. Deus apenas esperou que eu e o Renato nos encontrássemos para mostrá-la a nós.
Será verdade ou será mais uma dessas lendas que se inventam, a respeito de pessoas célebres e suas produções?
Lenda ou verdade, não importa. O que sabemos é que a inspiração existe e disso entendem muito bem os gênios de todos os matizes.
E a letra e música de Tocando em frente são uma joia rara.
Convidam-nos a parar em meio à correria, a viver com mais vagar, como a saborear cada momento.
Também nos recordam que, na vida, lágrimas e sorrisos se sucedem.
Assim dizem os versos:
Ando devagar porque já tive pressa.
E levo esse sorriso, porque já chorei demais.                                         
Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe...
Eu só levo a certeza de que muito pouco eu sei, eu nada sei...
Há tanto para aprender. E quantos cremos ser superiores, por entendermos disso ou daquilo. E, contudo, quem verdadeiramente se dedica a aprender, descobre que quanto mais aprende, mais há a ser pesquisado, descoberto.
Conhecer as manhas e as manhãs, o sabor das massas e das maçãs.
O planeta Terra é o grande laboratório Divino em que provamos a dor, a alegria. Em que nos extasiamos ante a manhã que se espreguiça e nos encantamos com a riqueza das pessoas.
Cada uma com seu talento especial, sua forma de ser, de agir em nossas vidas.
E, neste planeta de provas e expiações, com quantas delícias nos agracia Deus. Sabores de frutas, consistências inúmeras.
É preciso tudo provar. Aprender a degustar, reconhecendo o sabor de cada fruta, do trigo transformado em pão, do grão triturado, moído, servido com aroma de café.
Mas é preciso o amor pra poder pulsar, é preciso paz pra poder sorrir, continua cantando o inspirado poeta.
Sim, o amor nos é imprescindível porque fomos criados e somos mantidos pelo amor de Deus, trazendo essa essência Divina em nossa intimidade.
E somente sorri, num mundo de tanta perversidade ainda, quem já descobriu o segredo da vida na Terra, que se chama oportunidade e progresso.
Por isso, cada um de nós compõe a sua história. E cada ser em si, carrega o dom de ser capaz, de ser feliz.
E, como todo mundo ama, todo mundo chora, não esqueçamos que um dia a gente chega, no outro vai embora.
A vida é transitória. Aproveitemo-la, ao máximo, vivendo com a família, os amigos. Produzindo na sociedade, deixando nossas marcas de luz para, como alguém já falou, quem venha atrás, possa dizer: Por aqui passou um ser iluminado. Uma estrela...

Redação do Momento Espírita.
Em 23.08.2012.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Oportunidades diárias



 
Narra uma lenda chinesa que, às margens de imenso rio, vivia um pescador muito pobre.
Mal o rosto dourado da manhã se abria em sorrisos e as mãos brincalhonas da brisa matinal começavam a espalhar perfumes, ele se levantava e seguia para o rio.
As aves voavam alegres pelos ramos das árvores, em gorjeios maviosos. Mas nada disso animava Vicente, o pescador.
Ele andava lento, depois de se levantar com preguiça. Tomava o café matinal sem prestar atenção ao pão que fora servido, com carinho.
Com má vontade, naquela manhã, como em tantas outras, ele pegou suas redes de pesca, os apetrechos necessários e foi para o barco.
O dia prometia ser maravilhoso. A mãe natureza se esmerava em preparar um detalhe diferente, para que a reprise do dia anterior não fosse total. Um detalhe, afinal, é sempre muito importante.
Mas Vicente nada via. Foi resmungando para o barco. Sentou-se meio a contragosto, sempre reclamando e sentiu alguma coisa no chão. Sem olhar, apalpou com a mão direita. Encontrou uma sacolinha com pedras miúdas.
Distraído, sem ânimo para iniciar o trabalho da pesca, começou a jogar as pequenas pedras no rio, aguardando a chegada do sol.
Jogou uma a uma, divertindo-se com as ondulações que se desenhavam na superfície das águas.
Finalmente, o sol apareceu soberano, rasgando a escuridão da noite, com o seu punhal de luz.
Agora havia calor e muita luminosidade. O novo dia abriu seu manto de belezas para que todos o pudessem apreciar.
Vicente, ao pegar a última pedra, verificou que ela cintilava, refletindo os raios do sol. Examinando melhor, percebeu que se tratava de um diamante, explodindo claridade e beleza.
Levantou-se depressa e sacudiu a sacolinha. Estava vazia. Dando-se conta que jogara no rio uma imensa riqueza, Vicente se pôs a gritar, esbravejar, acusando todas as pessoas e o mundo por sua desgraça.
Sentia-se infeliz e amargurado. Perdera um grande tesouro. Jogara tudo no rio.
E, enquanto gritava e se desesperava, nem se deu conta de que ainda possuía nas mãos a última pedra preciosa.
*   *   *
Se você acordou esta manhã com mais saúde do que doença, você é mais abençoado do que o milhão que não sobreviverá esta semana.
Se você nunca passou pelo perigo de uma batalha, a solidão de uma prisão, a agonia de uma tortura, ou as aflições da fome, você está à frente de quinhentos milhões de pessoas no mundo.
Se você tem a ventura de frequentar um templo religioso, de seguir uma religião sem o medo de ser preso, torturado ou morto, você é mais abençoado do que três bilhões de pessoas no mundo.
Se você tem comida na geladeira, roupas no corpo, um telhado sobre a cabeça e um lugar para dormir, você é mais rico do que setenta e cinco por cento das pessoas do mundo.
Por tudo isso, não se esqueça de agradecer a Deus a oportunidade da vida, da saúde, da liberdade e de todas as outras bênçãos de que você desfruta.
 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 8, do livro Para sempre em nosso coração, de Maria Anita Rosas Batista, ed. Minas e Em prece, de autoria desconhecida.
Em 22.08.2012.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Suave convite


 Nos tempos modernos, torna-se cada vez mais frequente o surgimento de transtornos emocionais e diversos tipos de fobias e angústias sociais.
Isso demonstra o grau de infelicidade de muitas criaturas.
Tem sido comum a alma humana buscar o alento e apoio nas coisas materiais ou nas pessoas.
Viagens, compras, jogos de azar, entrega às fartas mesas e à embriaguez, férias prolongadas – tudo constitui um caminho comum na busca incessante de se equilibrar emocionalmente.
A desilusão é certa quando se busca o alívio em algo material.
Com o tempo, tudo isso leva ao enfado e ao descontentamento.
As amizades, quando não são sinceras, se esvaem com o tempo.
As variadas terapias que temos à disposição, muitas vezes não trazem o resultado que o indivíduo busca.
*   *   *
Jesus, nosso celeste Amigo, nos convida à Sua companhia para que tenhamos o amenizar das dores. A proposta do Mestre é a do auxílio incessante. Vinde a mim... que eu vos aliviarei.
Não existe a promessa de que o problema será retirado da vida de cada pessoa, pois todos têm que resgatar o que devem perante a lei de Deus.
Mas Ele nos oferece a certeza de que está sempre conosco, iluminando nossos caminhos, para que nos sintamos fortalecidos ao enfrentar as dificuldades.
Com Jesus Cristo temos o discernimento para entender que ninguém se acha no mundo sem nobres objetivos.  
No quadro de todas as lutas humanas, a ajuda de Jesus é essencial para a conquista da harmonia física, mental e espiritual.
Poucos de nós paramos para meditar no verdadeiro papel do Cristo na vida de cada um.
Se permitirmos que Ele se mantenha vivo em nossos corações, alcançaremos com mais facilidade a coerência e a lucidez nas atitudes e nos sentimentos.
Jesus prossegue socorrendo a pequenez humana e, nos dias de insegurança, Ele representa para nós um foco de luz.
Faz o convite diário a todas as criaturas, sem distinção e, com certeza, nos aguarda de braços abertos, cheio de esperança de que busquemos conhecê-lO e aprendamos a amá-lO com os nossos mais sinceros sentimentos.
*   *   *
O apoio do Cristo é de importância capital para cada um e para todos nós.
Se, por um lado, Ele não retira o fardo da quota das nossas responsabilidades, por outro, jamais nos deixa à míngua da Sua luminosa presença, o que será sempre garantia de fortalecimento para o enfrentamento da asperidade.
O Cristo é, assim, para nós, a fonte do ansiado alívio para todos os tormentos, para todas as lutas e dores, impulsionando-nos para que aprendamos a solucionar intrincados enigmas por meio da nossa comunhão com os Seus ensinos.
Não apenas nas quadras de aperto e infelicidade, mas, também, quando tudo nos sorri, quando o sol brilha sobre as nossas estradas, pois esse é o melhor tempo de fixarmos o aprendizado para os tempos de invernia.
Busque-O, você também, em cada dia da sua vida, com alegria interior, instalando em si mesmo os prenúncios da paz que o vacinará contra os maus tempos da alma, dando-lhe resistência para facear, com bom ânimo, todo e qualquer testemunho pelo qual tenha que passar. 
Redação do Momento Espírita, com base
 no cap. 3, do livro
Quem é o Cristo,
pelo Espírito Francisco de Paula Vítor,
psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter.
Em 17.8.2012.

domingo, 26 de agosto de 2012

As quatro estações da vida


        Você já notou a perfeição que existe na natureza? Uma prova incontestável da harmonia que rege a Criação. Como num poema cósmico, Deus rima a vida humana com o ritmo dos Mundos.
        Ao nascermos, é a primavera que eclode em seus perfumes e cores. Tudo é festa. A pele é viçosa. Cabelos e olhos brilham, o sorriso é fácil. Tudo traduz esperança e alegria.
        Delicada primavera, como as crianças que encantam os nossos olhos com sua graça. Nessa época, tudo parece sorrir. Nenhuma preocupação perturba a alma.
        A juventude corresponde ao auge do verão. Estação de calor e beleza, abençoada pelas chuvas ocasionais. O sol aquece as almas, renovam-se as promessas.
        Os jovens acreditam que podem todas as coisas, que farão revoluções no Mundo, que corrigirão todos os erros.
        Trazem a alma aquecida pelo entusiasmo. São impetuosos, vibrantes. Seus impulsos fortes também podem ser passageiros... Como as tempestades de verão.
        Mas a vida corre célere. E um dia – que surpresa – a força do verão já se foi.
        Uma olhada ao espelho nos mostra rugas, os cabelos que começam a embranquecer, mas também aponta a mente trabalhada pela maturidade, a conquista de uma visão mais completa sobre a existência. É a chegada do outono.
        Nessa estação, a palavra é plenitude. Outono remete a uma época de reflexão e de profunda beleza. Suas paisagens inspiradoras - de folhas douradas e céus de cores incríveis – traduzem bem esse momento de nossa vida.
        No outono da existência já não há a ingenuidade infantil ou o ímpeto incontido da juventude, mas há sabedoria acumulada, experiência e muita disposição para viver cada momento, aproveitando cada segundo.
        Enfim, um dia chega o inverno. A mais inquietante das estações. Muitos temem o inverno, como temem a velhice. É que esquecem a beleza misteriosa das paisagens cobertas de neve.
        Época de recolhimento? Em parte. O inverno é também a época do compartilhamento de experiências.
        Quem disse que a velhice é triste? Ela pode ser calorosa e feliz, como uma noite de inverno diante da lareira, na companhia dos seres amados.
        Velhice também pode ser chocolate quente, sorrisos gentis, leitura sossegada, generosidade com filhos e netos. Basta que não se deixe que o frio enregele a alma.
        Felizes seremos nós se aproveitarmos a beleza de cada estação. Da primavera levarmos pela vida inteira a espontaneidade e a alegria.
        Do verão, a leveza e a força de vontade. Do outono, a reflexão. Do inverno, a experiência que se compartilha com os seres amados.
        A mensagem das estações em nossa vida vai além. Quando pensar com tristeza na velhice, afaste de imediato essa idéia.
        Lembre-se que após o inverno surge novamente a primavera. E tudo recomeça.
        Nós também recomeçaremos. Nossa trajetória não se resume ao fim do inverno. Há outras vidas, com novas estações. E todas iniciam pela primavera da idade.


        Após a morte, ressurgiremos em outros planos da vida. E seremos plenos, seremos belos. Basta para isso amar. Amar muito.        Amar as pessoas, as flores, os bichos, os Mundos que giram serenos. Amar, enfim, a Criação Divina. Amar tanto que a vida se transforme numa eterna primavera.

Redação do Momento Espírita.

AS DECEPÇÕES E A BONDADE DIVINA



        “A felicidade não é deste Mundo” constitui uma citação bastante cconhecida.         Ela corresponde a uma realidade, pois raramente no Mundo se conjuga tudo o que se acha necessário para alguém ser perfeitamente feliz.
        Saúde, mocidade, beleza e dinheiro entram nessa equação.
        Contudo, mesmo na presença de tais fatores objetivos, muitas vezes a criatura padece de tormentos íntimos.
        Vêem-se com freqüência seres aparentemente privilegiados a reclamar da vida.
        Consultórios de psicólogos e psiquiatras também são freqüentados por aqueles a quem se imaginaria felizes e saciados.
        Mas a ampla maioria dos seres humanos debate-se com inúmeros problemas.
        Nos mais variados planos da existência, os dramas se sucedem.
        Dificuldades financeiras, de relacionamento ou de saúde clamam por atenção.
        Perante as naturais decepções do Mundo, por vezes as criaturas se rebelam.
        Quando alcançadas por experiências dilacerantes, imaginam-se abandonadas por Deus.
        Esse modo de sentir revela uma compreensão muito restrita da vida.
        Ele até seria razoável, caso tudo se esgotasse em uma única existência material.
        Perante a vida que segue pujante além do túmulo, os problemas materiais diminuem de importância.
        Em face desse amplo contexto, dificuldades não são tragédias, mas simples desafios.
        Em cada homem reside um Anjo em perspectiva.
        Ele é brindado com as experiências necessárias para atingir o seu augusto potencial.
        As dores, por maiores que sejam, sempre passam.
        Mesmo uma enfermidade incurável tem o seu término.
        Após a morte do corpo físico, o Espírito prossegue sua jornada.
        Se conseguiu passar com dignidade pelo teste, ressurge mais forte e virtuoso.
        Caso tenha se permitido reclamações e revoltas, terá de refazer a lição.
        Convém ter isso em mente ao enfrentar as crises da vida.
        Deus é um Pai amoroso e bom.
        Ele não Se rejubila em torturar Suas criaturas.
        As dores do Mundo têm finalidades transcendentes.
        A maioria é providenciada pelos próprios homens, com suas paixões e equívocos.
        Todas elas constituem desafios.
        Ninguém deve acalentar o masoquismo e se rejubilar em sofrer.
        É preciso lutar para sair de todas as dificuldades e recuperar o bem-estar.
        Mas em face de situações inelutáveis, quando nada se pode fazer, é necessário pensar na bondade Divina.
        Ela não se revela apenas quando tudo parece estar sob um céu azul, nas mesas fartas e nos sorrisos radiantes.
        A bondade de Deus também se manifesta no sofrimento que torna o homem mais apto a compreender a dor do semelhante.
        Ela está presente nas situações constrangedoras que minam o orgulho, a vaidade e a indiferença.
        A vida na Terra é passageira e se destina ao burilamento do ser.
        O viver terreno propicia resgate de equívocos do pretérito e preparação para etapas sublimes do existir imortal.
        Em um mundo material e ainda bastante inferior, os entrechoques e as decepções são inevitáveis.
        Apenas uma fé viva na bondade Divina permite que o homem preserve seu coração livre de amargura.

        Pense nisso.

Redação do Momento Espírita.