É
habitual que, à beira do túmulo, amigos e parentes falem a respeito daquele
cujo corpo está sendo enterrado.
As
palavras ditas podem ser as espontâneas, vindas do coração nas asas do amor e
da amizade. Ou podem ser as preparadas em longos discursos, embora não menos
expressivas.
É a
última homenagem, dizem, como se o Espírito morresse com o corpo e não
continuasse a existir, sentir e perceber.
Mas foi
exatamente pensando nessas homenagens póstumas, que um velho professor
americano de Massachusetts, a quem o médico diagnosticou um curto período de
vida, decidiu por uma coisa inédita.
No seu
último ano de vida, se locomovendo em cadeira de rodas, ele foi ao enterro de
um amigo que havia morrido de infarto.
Voltou
deprimido. Ouvira tantos discursos, tantas homenagens e se perguntava se o
amigo tivera ouvido tudo aquilo.
Será que
o seu Espírito teria se desligado da matéria? Será que estava bastante lúcido
para ouvir?
Pensando
nisso, teve uma ideia. Deu uns telefonemas, escolheu uma data.
Numa
tarde de domingo muito fria reuniu a família: a mulher e os dois filhos. Também
alguns amigos mais íntimos.
O
objetivo era um funeral ao vivo. Um a um todos homenagearam o esposo, o pai, o
professor, o amigo.
Houve
lágrimas e risos. Uma prima lhe dedicou um poema onde o chamava de amado primoe o comparava a uma
enorme, antiga e generosa árvore.
O
professor chorou e riu com eles. Tudo aquilo que estava represado no íntimo
daquelas pessoas que o amavam, foi dito naquele dia.
O
funeral ao vivo foi um sucesso. Ele levaria alguns meses mais para morrer. Uma
morte lenta, dolorosa. Morreu num sábado, pela manhã, depois de dois dias de
agonia.
Aproveitou
para exalar seu último suspiro exatamente no instante em que as pessoas que
velavam por ele foram até a cozinha para engolir um café.
Na
primeira vez que ele ficou sozinho, desde que entrara em coma, ele parou de
respirar.
Partiu
serenamente, cercado por seus livros, seus apontamentos, suas flores. Morreu em
sua cama, em sua casa.
O
funeral foi simples, num local à beira de um lago, de onde se podia ouvir os
patos sacudindo as penas.
Seu
filho leu um poema:
Meu
pai caminhava por entre eles e nós
Cantando
cada nova folha caída de cada árvore
E
toda criança sabia que a primavera dançava
Quando
ouvia meu pai cantar.
*
* *
Enquanto
suas pernas estão firmes, corra ao encontro das pessoas que ama.
Enquanto
seus braços estão fortes, enlace os seus amores, bem junto ao coração.
Texto Redação Momento Espírita
Texto Redação Momento Espírita