domingo, 18 de setembro de 2011

A Luz em nossas vidas


Foi um sonho, há muito tempo acalentado, esse de o homem poder viver num ambiente iluminado.
Em 1828, Thomas Alva Edison conseguiu, pela primeira vez, a lâmpada elétrica de filamento.
A partir desse momento, tudo se modificou na sociedade. Cinquenta anos depois, Joseph Swan patenteou a lâmpada incandescente, que passou a ser industrializada.
É inconcebível hoje, para nossa mentalidade, um mundo sem luz elétrica. Ficamos a pensar no que seria uma casa iluminada por tochas, por candelabros, por velas.
Pode ser muito romântico um jantar à luz de velas. Contudo, viver uma vida inteira tendo que ler, fazer os serviços domésticos, tratar de doentes, costurar utilizando-se de velas, de tochas, de lampiões, de lamparinas... Inconcebível!
A própria natureza nos fala da importância da luz porque nos dá, ao longo do dia, o brilho solar. Quando estamos vivendo sob o brilho do sol, complicado pensar na noite escura.
Quando estamos refletindo sobre a noite escura, temos a oportunidade de pensar no brilho do luar e nos beijos cintilantes das estrelas.
A luz é, em verdade, a grande mensagem do Criador diante das trevas que ainda empanam a vida humana.
Diz o Velho Testamento, no livro do Gênesis: E o Senhor fez a luz. Faça-se a luz. Fiat lux. E a luz se fez.
E Jesus de Nazaré afirmou sem rebuços: Eu sou a luz do mundo. Aquele que andar em mim, jamais conhecerá as trevas.
Naturalmente que a luz de que falava Jesus Cristo não era uma luz física. Ele falava de uma luz mental, de uma claridade espiritual, de algo que Ele viera trazer ao mundo para nos retirar das nossas sombras.
Sombras de ignorância, noites de maldade, escuridão dos tormentos. Então, Ele veio como um astro do dia, uma estrela de primeira magnitude, com essa coragem de dizer, em pleno período das sombras: Eu sou a luz do mundo.
Mas o Homem de Nazaré ainda propôs que nós também trabalhássemos por desenvolver a nossa própria claridade: Brilhe a vossa luz.
Jesus propõe que façamos brilhar a nossa própria luz, porque somos lucigênitos. Fomos criados, gerados pela luz de Deus.
Esse é um convite para que trabalhemos o quanto nos seja possível para sairmos das trevas do não saber, do não sentir, do não amar, do não viver.
Em outro momento, asseverou o Celeste Amigo: Quando os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz.
Os nossos olhos bons não são os olhos da face. É a nossa maneira de ver as coisas, nossa visão de mundo, nosso olhar sobre as pessoas.
Na medida em que formos misericordiosos, atenciosos, fraternos para com os outros e seus problemas, é natural que estaremos evoluindo, crescendo na direção do Altíssimo.
Todo o nosso ser espiritual, o nosso corpo espiritual, nosso corpo astral brilhará: Todo o teu corpo terá luz.
Todos os grandes gênios espirituais do mundo valorizaram a luz. Não é à toa que Siddhartha Gautama, o grande Buda, é chamado a luz da Ásia.
Por isto, quando Jesus afirma ser a Luz do mundo, Ele ultrapassa as dimensões de todas as terras, de todos os seres e Se mostra de fato como a Luz, Modelo e Guia para todos nós.
Redação do Momento Espírita, com base no programa televisivo Vida e valores – A luz elétrica, gravado por Raul Teixeira, em agosto de 2009, no Teatro da Federação Espírita do Paraná. 
Em 19.08.2011.

Sabedoria Materna


Todos temos mãe. Presente, ausente, bonita ou nem tanto, culta ou analfabeta sempre existe mãe, na vida de cada pessoa.
É com essa criatura especial que aprendemos lições que nos acompanham vida afora.
Quando crianças, de um modo geral, consideramos que mãe é aquela pessoa que sabe ser estraga-prazeres muito além da medida.
É aquela que nos chama para fazer o dever de casa justo na hora em que a brincadeira estava no auge. Ou quando estávamos prestes a passar para o próximo nível, no game.
É aquela que só sabe nos falar de obrigações: ir à escola, estudar para a prova, recolher a roupa espalhada pelo quarto, limpar a cozinha, varrer a calçada.
Parece que ela tem um computador que somente fica elaborando tarefas e mais tarefas.
Na adolescência, é a constante vigia das nossas saídas, dos telefonemas, do uso da Internet.
E sonhamos com o dia em que possamos nos liberar de tudo isso.
Nem nos apercebemos que para ela corremos, ao menor problema.
Quando pequenos, qualquer machucado nos faz gritar: Mãe!
Quando uma criança maior nos ameaça bater, corremos na busca de refúgio entre seus braços.
E quando as primeiras desilusões amorosas nos fazem acreditar que nunca seremos felizes é no regaço dela que encontramos um coração amoroso a nos dizer: Espera, amanhã é novo dia. Espera: o amor chegará e te fará feliz.
Quando chegamos à idade adulta, nos damos conta do extraordinário ser que é a mãe.
E, quando temos nossos próprios filhos, repetimos muitas das lições recebidas dela.
Finalmente, quando a maturidade vai salpicando de prata e neve os nossos cabelos, a memória nos recorda como era sábia nossa mãe.
O compositor brasileiro Tom Jobim, recordando sua mãe, dizia que ela era uma pessoa sempre de bem com a vida e, por vezes, engraçada.
Contava que, certa vez, transitava de bonde pelo Rio de Janeiro, com sua mãe. Sentado, começou a mexer com os pés até que, de repente um dos sapatos soltou-se e caiu.
Ele se levantou e ficou olhando o calçado parado, no meio da rua, enquanto o bonde continuava a se distanciar sempre mais.
Vendo seu desassossego, a mãe lhe perguntou: O que aconteceu?
Quando informou o que ocorrera, ela se abaixou, tirou o sapato que ainda estava no pé do filho e o lançou para fora.
Mãe, por que fez isso?
Ora, meu filho, quem encontrar um, encontrará o outro e poderá usar.
*   *   *
Sabedoria das mães. Que nós, filhos, a saibamos aproveitar.
Aprender com elas a amar, disciplinar e, em verdadeiro holocausto, renunciar aos filhos para os doar ao mundo.
Que as saibamos honrar com nossa presença e nossa gratidão, enquanto conosco.
E que não as esqueçamos, nos dias da saudade que virão, após sua partida. Que haja preces subindo aos céus pela joia preciosa que nos deu a vida física, nos amou, educou, ensinando-nos a andar com os próprios pés e desejar alcançar as estrelas.
Redação do Momento Espírita.
Em 05.09.2011.

Onde estão os anjos?


Aquela era mais uma tarde de trabalho abençoado na escola de evangelização infantil de uma Casa Espírita.
Todas as semanas, um grupo de mães e seus filhos, de idades variadas, adentravam as portas da instituição de amor e caridade.
Naqueles encontros semanais, as famílias buscavam o alimento para a alma, que lhes era ofertado através dos ensinamentos cristãos e das palavras de conforto que partiam do coração de cada trabalhador devotado.
Também lhes era ofertado o alimento para o corpo pois, depois dos estudos e de outras atividades, as mães e seus filhos desfrutavam de um lanche, preparado com muito carinho e dedicação.
Uma vez por mês, em um desses encontros, lhes era oferecido um lanche especial.
As crianças esperavam ansiosamente por esse dia, pois sabiam que receberiam um agrado diferente. A maioria vivia em condições de muita dificuldade financeira, tendo na sua rotina apenas o alimento básico para o sustento.
Foi num desses lanches que aconteceu algo inesperado. As crianças receberam guloseimas. Logo as abriram e degustaram com rapidez.
Porém, uma das crianças, de apenas quatro anos, ao receber as balinhas que foram depositadas na sua pequenina mão, fixou demoradamente o olhar nelas e, em seguida, guardou-as em seu bolso.
A pessoa que as entregou, estranhando a atitude, resolveu perguntar por que ele não iria saborear as guloseimas naquele momento.
O menininho disse que gostava muito dos docinhos mas que iria guardá-los para o irmão que havia ficado em casa. A mãe não tinha como transportá-lo por não ter uma cadeira de rodas.
*   *   *
Esse ato de amor de um coração infantil nos traz uma grande lição.
Evidencia o desprendimento de uma criança que, com espontaneidade, abriu mão de algo que apreciava, para ofertar ao irmão que ali não podia estar.
Ao renunciar à própria vontade em nome de fazer o outro feliz, essa doce criança mostrou-nos possuir um nobre sentimento: a abnegação.
Na sua pequenez, mostrou que o amor está em nós, que não precisa ser ensinado, que basta algo ou alguém para despertá-lo.
Mesmo sem ter disso consciência, essa criança agiu como um anjo, zelando e cuidando de um ente querido e amado, seu próprio irmão.
* * *
Que possamos ter olhos sensíveis para ver o quanto podemos aprender com a simplicidade das atitudes infantis.
Que possamos estar atentos às palavras e ações vindas desses corações inocentes.
A pureza do coração é inseparável da simplicidade e da humildade. Exclui toda ideia de egoísmo e de orgulho. Por isso é que Jesus toma a infância como emblema dessa pureza, do mesmo modo que a tomou como o da humildade.
Redação do Momento Espírita, com frase final do item 3, do
 cap. VIII de O Evangelho segundo o Espiritismo,
 de Allan Kardec, ed. Feb.
Em 14.09.2011.

Utilidade


O ser humano possui inúmeras necessidades que precisam ser atendidas para se sentir pleno e feliz.
Algumas são muito elementares e perceptíveis, como alimentação, saúde e segurança.
Outras são mais sutis, mas nem por isso menos importantes.
Por exemplo, sentir-se acolhido e valorizado.
Dentre essas necessidades mais sofisticadas, encontra-se a de ser útil.
Por vezes, ela não é entendida nem por aquele que experimenta a sua carência.
No contexto da sociedade atual, abundam os passatempos e a busca pelo ócio.
As pessoas gastam longas horas em jogos, reais ou virtuais, passatempos e diversões.
São muito comuns as referências a festas que duram a noite toda.
De outro lado, valoriza-se bastante ter a cada dia mais tempo disponível.
Idealizam-se feriados prolongados, viagens e passeios.
A um olhar superficial, parece que a vida humana se destina primordialmente ao recreamento e ao nada fazer.
Contudo, entre festas e folgas, as crises existenciais e as doenças psicológicas se multiplicam.
Não se trata de negar a importância do descanso e das atividades lúdicas.
Mas de situá-las em seu devido lugar.
São o contraponto da atividade produtiva, não a finalidade do existir.
A rigor, só descansa quem trabalha.
O ócio, em si mesmo, é vazio e exasperante.
Nada substitui a sensação de plenitude de quem cumpriu o dever, ao terminar uma tarefa.
A consciência tranquila do dever bem cumprido constitui um prêmio em si só.
Quem logra tornar-se útil sente-se harmonizado com o coletivo.
Percebe que ocupa o seu lugar no mundo e goza de um automático bem-estar.
Assim, tarefas e deveres nobres não constituem obstáculo à felicidade.
Não há lucro algum em evitá-los ou minimizá-los, enquanto se gasta a vida com futilidades.
Os deveres são parte essencial de um existir equilibrado e pleno.
De outro lado, é importante não confundir utilidade com grandeza.
Quem busca a grandeza costuma se comparar com os semelhantes.
Com isso, tende a se angustiar.
Afinal, sempre há seres com maior e menor preparo e com tarefas correspondentes ao seu talento.
Em vez de se tranquilizar ao atender seus deveres com competência, rói-se de inveja de quem é convocado para ocupar posições de maior destaque.
Também corre o risco de desprezar aquele que desempenha tarefas singelas.
Assim, o relevante é identificar os seus compromissos e empenhar-se em bem executá-los.
Cuidar dos próprios deveres com seriedade e competência.
Apreciar a sensação de ser útil e produtivo.
Pense nisso.
Redação do Momento Espírita.
Em 16.09.2011.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

A ESCOLA ADEQUADA


A escola adequada
Consoante os ensinamentos dos Espíritos, a Terra passa por um período muito significativo.
Trata-se do ápice de um estado evolutivo e do princípio de outro.
Cuida-se, na conformidade dos ditos populares, do fim dos tempos.
Mas é apenas do fim dos tempos de angústia que se fala.
A vida no planeta não vai cessar e nem a Humanidade se extinguirá.
Vive-se a transição da fase de provas e expiações para a de regeneração e paz.
Em decorrência dessa transição, muitos fenômenos angustiantes chamam a atenção.
São terremotos, tsunamis, enchentes, desmoronamentos e tragédias as mais diversas.
Mas, de outro lado, dão-se ocorrências não menos interessantes.
São os espetáculos da solidariedade, quando incontáveis mãos se movimentam para socorrer quem sofre.
Regimes totalitários são postos em xeque por ideais e movimentos democráticos.
A evolução informática e a troca de dados tornam mais difícil a criminalidade anônima e impune.
São tempos novos esses.
Neles, os valores são colocados em teste.
É necessário definir-se.
Ou se decide viver de forma digna e fraterna ou se busca levar vantagem com a instabilidade temporária.
Ocorre que nessa definição de rumos cada um está a traçar o seu destino.
Porque na Terra em breve devem cessar os espetáculos da dor mais atroz.
O ambiente planetário se tornará regenerador e pacífico.
Os mundos funcionam como escolas nas quais os Espíritos são matriculados pela Divindade.
Eles oscilam grandemente em suas características.
Alguns se assemelham a hospitais e a penitenciárias.
Neles encarnam os doentes da alma, portadores de incontáveis vícios.
Orgulhosos, cruéis, preguiçosos e espertos compõem a maioria dos habitantes.
Evidentemente, há os que têm sucesso em suas lutas íntimas e não se acomodam a esse quadro.
Embora com dificuldade, seu viver é digno.
Também há os missionários do amor Divino, que ali estão na qualidade de professores do bem infinito.
Mas existem os mundos destinados à tranquila maturação das virtudes.
Ser eleito para a paz ou para os duros embates depende da própria realidade íntima.
Neste momento, cada homem define o seu futuro.
Na Terra, só devem continuar a renascer os dispostos ao trabalho e à vivência do bem.
Quem gosta de levar vantagem e fica indiferente ante a dor alheia nela não encontrará mais recursos evolutivos. Pois sensibilidades embotadas necessitam ser trabalhadas por grandes dores.
O ser endurecido precisará renascer em mundos mais primitivos, para ter as lições adequadas ao seu caráter.
Convém refletir sobre essa transformação do planeta e definir o próprio futuro.
Redação do Momento Espírita.
Em 16.08.2011.

AMEALHANDO TESOUROS


Amealhando tesouros
Não são poucos aqueles que gastam boa parte de sua energia e de seu tempo a buscar tesouros, acumular riquezas.
Está no sonho de muitos ter uma vida abastada, uma condição financeira vantajosa, um estilo de vida cercado de conforto e, não raro, de luxo.
Para tanto, investe-se o tempo, os recursos, a energia, tudo o que for necessário, em nome da carreira, do sucesso, do retorno financeiro.
Planos detalhadamente são elaborados, metas são traçadas e parte-se para a busca e a conquista do mundo.
E, tão envolvidos nos achamos nessa conquista, que nos esquecemos de que, a qualquer momento, podemos ser chamados de retorno ao lar, à nossa verdadeira pátria, ao mundo espiritual.
Nada há de errado em ter como meta o sucesso profissional, em desejar uma posição social confortável, em buscar ganhos financeiros de grande monta.
O fruto do trabalho honesto e bem conduzido é digno do trabalhador, que a ele faz jus.
O que ocorre é que, muitas vezes, ao encetar tal viagem na conquista do mundo externo, esquecemos o quão passageiro e efêmero ele é, o quanto ele efetivamente representa para nossa vida.
Ora deixa-se a convivência familiar em busca de experiências profissionais melhor remuneradas. De outra feita, as reuniões fraternas não contam com nossa presença, posto que nossas ocupações não nos permitem.
Não raro, o brincar com o filho, ou o nosso passatempo predileto, ou ainda a diversão descompromissada, tudo perde espaço para novas responsabilidades assumidas.
Caminhamos como se tivéssemos que conquistar o mundo e nos esquecemos de que não há desafio maior do que o de se autoconquistar.
Preocupamo-nos em demasia com aquilo que nos rodeia e nos esquecemos da nossa intimidade.
Assim, faz-se necessário pararmos vez ou outra a fim de nos perguntarmos quais são os tesouros que estamos amealhando nesta vida.
Se nossa vida física se concluísse hoje, o que levaríamos conosco?
De tudo que conseguimos nesta vida, de todos os tesouros, quais ficariam nos cofres do mundo e quais conseguiríamos levar conosco, no cofre do coração?
Jesus nos alertou sobre os tesouros que deveríamos efetivamente buscar, ensinando-nos sobre a condição passageira da vida física e da grandiosidade da vida espiritual.
*   *   *
Verifiquemos quais os valores e quais caminhos vêm percorrendo nossos passos, nesta viagem chamada vida.
Se nos conscientizarmos de que somos uma alma sob experiências na vida física, e não um corpo no qual habita uma alma, necessário que nossos valores e nossas opções sejam coerentes com quem efetivamente somos.
Viver no mundo, buscar suas alegrias e prazeres saudáveis, seus desafios e conquistas, é lícito e salutar.
O que não vale a pena, efetivamente, é perdermo-nos nas coisas do mundo, iludindo-nos exclusivamente com pertences e valores materiais.
Redação do Momento Espírita.
Em 19.08.2011.

domingo, 7 de agosto de 2011

E SE A VIDA FOSSE UMA ESTRADA?

E se a vida fosse uma estrada?

 

Cada um de nós caminha pela vida como se fosse um viajante que percorre uma estrada.

Há os que passam pouco tempo caminhando e os que ficam por longos anos.

Há os que veem margens floridas e os que somente enxergam paisagens desertas.

Há os que pisam em macia grama e os que ferem os pés em pedras pontudas e espinhos.

Há os que viajam em companhias amigas, assinaladas por risos e alegria. E há os que caminham com gente indiferente, egoísta e má.

Há os que caminham sozinhos – inclusive crianças - e os que vão em grandes grupos.

Há os que viajam com pai e mãe. E os que estão apenas com os irmãos. Há quem tenha por companhia marido ou esposa.

Muitos levam filhos. Outros carregam sobrinhos, primos, tios. Alguns andam apenas com os amigos.

Há quem caminhe com os olhos cheios de lágrimas e há os que se vão sorridentes.

Mas, mesmo os que riem, mais adiante poderão chorar. Nessa estrada, nunca se conheceu alguém que a percorresse inteira sem derramar uma lágrima.

Pela estrada dessa nossa vida, muitos caminham com seus próprios pés. Outros são carregados por empregados ou parentes.

Alguns vão em carros de luxo, outros em veículos bem simples. E há os que viajam de bicicleta ou a pé.

Há gente branca, negra, amarela. Mas se olharmos a estrada bem do alto, veremos que não dá para distinguir ninguém: todos são iguais.

Há gente magra e gente gorda. Os magros podem ser assim por elegância e dieta ou porque não têm o que comer.

Alguns trazem bolsas cheias de comida. Outros levam pedacinhos de pão amanhecido.

Muitos gostam de repartir o que têm. Outros dão apenas o que lhes sobra. Mas muita gente da estrada nem olha para os viajantes famintos.

Há pessoas que percorrem a estrada sempre vestidas de seda e cobertas de joias. Outros vestem farrapos e seguem descalços.

Há crianças, velhos, jovens e casais, mas quase todos olham para lugares diferentes.

Uns olham para o próprio umbigo, outros contemplam as estrelas, alguns gostam de espiar os vizinhos para fofocar depois.

Uma boa parte conta o dinheiro que leva e há os que sonham que um dia todos da estrada serão como irmãos.

Entre os sonhadores há os que se dedicam a dar água e pão, abrigo e remédio aos viajantes que precisam.

Há pessoas cultas na estrada e há gente muito tola. Alguns sabem dizer coisas difíceis e outros nem sabem falar direito.

Em geral, os sabichões não gostam muito da companhia dos analfabetos.

O que é certo mesmo é que quase ninguém na estrada está satisfeito. A maioria dos viajantes acha que o vizinho é mais bonito ou viaja de forma bem mais confortável.

É que na longa estrada da vida, esquecemos que a estrada terá fim.

E, quando ela acabar, o que teremos?

Carregaremos, sim, a experiência aprendida durante o tempo de estrada e estaremos muito mais sábios, porque todas as outras pessoas que vimos no caminho nos ensinaram algo.

A estrada de nossa existência pode ser bela, simples, rica, tortuosa. Seja como for, ela é o melhor caminho para o nosso aprendizado.

Deus nos ofereceu essa estrada porque nela se encontram as pessoas e situações mais adequadas para nós.

Assim, siga pela estrada ensolarada. Procure ver mais flores. Valorize os companheiros de jornada, reparta as provisões com quem tem fome.

E, sobretudo, não deixe de caminhar feliz, com o coração em festa, agradecido a Deus por ter lhe dado a chance de percorrer esse caminho de sabedoria.

Redação do Momento Espírita

Disponível no CD Momento Espírita, v. 14, ed. Fep.

Em 11.01.2010.


GRATIDÃO

Gratidão


O homem, por detrás do balcão olhava a rua de forma distraída. Uma garotinha se aproximou da loja e apertou o narizinho contra o vidro da vitrine.

Os olhos da cor do céu brilharam quando ela viu determinado objeto.

Entrou na loja e pediu para ver o colar de turquesas azuis. É para minha irmã. Pode fazer um pacote bem bonito?

O dono da loja olhou desconfiado para a garotinha e lhe perguntou: Quanto dinheiro você tem?

Sem hesitar, ela tirou do bolso da saia um lenço todo amarradinho e foi desfazendo os nós. Colocou-o sobre o balcão e feliz, disse: Isto dá, não dá?

Eram apenas algumas moedas, que ela exibia orgulhosa.

Sabe, eu quero dar este colar azul para a minha irmã mais velha. Desde que morreu nossa mãe, ela cuida da gente e não tem tempo para ela. É seu aniversário e tenho certeza que ela ficará feliz com o colar que é da cor dos olhos dela.

O homem foi para o interior da loja, colocou o colar em um estojo, embrulhou com um vistoso papel vermelho e fez um laço caprichado com uma fita verde.

Tome, leve com cuidado.

Ela saiu feliz, saltitando rua abaixo.

Ainda não acabara o dia quando uma linda jovem de cabelos loiros e longos e maravilhosos olhos azuis, adentrou a loja.

Colocou sobre o balcão o já conhecido embrulho desfeito e perguntou:

Este colar foi comprado aqui?

Sim, senhora.

E quanto custou?

Ah!, falou o homem, o preço de qualquer produto da minha loja é sempre um assunto confidencial entre o vendedor e o cliente.

A moça continuou: Mas minha irmã tinha somente algumas moedas. O colar é verdadeiro, não é? Ela não teria dinheiro para pagá-lo!

O homem tomou o estojo, refez o embrulho com extremo carinho, colocou a fita e devolveu à jovem dizendo: Ela pagou o preço mais alto que qualquer pessoa pode pagar. Ela deu tudo o que tinha.

O silêncio encheu a pequena loja, e duas lágrimas rolaram pelas faces jovens, enquanto suas mãos tomavam o embrulho e ela retornava ao lar, emocionada.

*   *   *

Verdadeira doação é dar-se por inteiro, sem restrições. Gratidão de quem ama não coloca limites para os gestos de ternura.

E gratidão é sempre manifestação dos Espíritos que têm riqueza de emoções e altruísmo.

Sê sempre grato, mas não espere pelo reconhecimento de ninguém.

A gratidão é dever que não aquece apenas quem a recebe, mas também reconforta quem a oferece.


 Redação do Momento Espírita com base no texto O colar de turquesas azuis, do livro Remotos cânticos de Belém, de Wallace Leal Rodrigues, ed. O Clarim.

Disponível no CD Momento Espírita, v. 2, ed. Fep.

Em 14.07.2011.